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Acionistas da Fiat aprovam divisão do grupo

Ian Simpson

De Turim (Itália)

16/09/2010 16h36

Acionistas da Fiat SpA aprovaram uma separação do grupo entre suas operações industriais -- a ser chamada de Fiat Industrial -- e de automóveis, estratégia focada em transformar a companhia em uma marca global de veículos.

A Fiat está separando as unidades industriais, incluindo a fabricante de caminhões Iveco e a de máquinas agrícolas CNH, com objetivo de destravar valor dessas operações por meio de ofertas de ações em bolsa. Com isso, o grupo pode gerar crescimento para os negócios com automóveis. Segundo o plano, acionistas receberão uma ação de cada unidade. A Fiat é 30,4% controlada pela Exor, holding da família Agnelli.
"Até o final de 2010, provavelmente primeiro trimestre de 2011, não vamos ver uma retomada da demanda natural no sistema", disse Sergio Marchionne, presidente-executivo da Fiat.

Após a separação, anunciada por Marchionne em abril, as unidades de automóveis e industrial vão ter cada uma dívida líquida de 2,5 bilhões de euros (US$ 3,3 bilhões).

A divisão, que deve ser completada até o final do ano, é considerada como um caminho para uma eventual fusão da Fiat com a Chrysler, montadora norte-americana na qual a empresa italiana tem o controle administrativo. A participação da Fiat na Chrysler de 20% deve subir para 35% assim que a empresa cumprir metas de reestruturação.

METAS
A Chrysler é uma grande parte do plano de Marchionne de produção de 6 milhões de veículos por ano, o qual ele considera fundamental para a Fiat assumir uma condição de montadora global. O executivo reafirmou que a Chyrsler terá ações listadas em bolsa em 2011. A unidade automotiva do grupo italiano prevê dobrar receitas para 64 bilhões de euros em 2014.

Já a parte industrial, que Marchionne quer ver listada na bolsa de Milão até 3 de janeiro, vai incluir negócios industriais e marítimos, bem como a Iveco e a CNH. As receitas são estimadas em 29 bilhões de euros em 2014.

A unidade industrial terá dois presidentes-executivos comandando a CNH e a Iveco em parte por causa de normas norte-americanas, onde a CNH tem ações em bolsa, disse Marchionne.

Segundo o analista Erick Hauser, do Credit Suisse, os anúncios de Marchionne significam que "vai levar outros seis meses antes de sabermos quando a situação vai melhorar". Ele calcula que a dívida da unidade industrial estava em 3,7 bilhões de euros no final do segundo trimestre "e agora está 5 bilhões". "E a Fiat Industrial terá dois presidentes agora então, se o motivo para a separação era simplificar a estrutura, isso não é o caso ainda", acrescentou o analista.

As ações da Fiat exibiam leve alta nesta quinta-feira às 13h29 (horário de Brasília).