Suzane von Richthofen: que fim levou VW Gol usado no assassinato dos pais

Condenada a 39 anos de prisão pelo assassinato dos pais em 2002, Suzane von Richthofen voltou a ser um dos assuntos mais comentados nas redes sociais devido à sua suposta gravidez e ao teceiro filme sobre o crime, que estreia no dia 27 de outubro no Prime Video.

Novamente com Carla Diaz no papel de Suzane, o longa "A Menina que Matou os Pais - A Confissão" vai tratar das investigações que leveram às prisões dela e dos irmãos Cravinhos, também condenados. Nas duas produções anteriores, exibidas pela mesma plataforma de streaming, um Volkswagen Gol dourado chama a atenção do público.

Foi em um carro idêntico que a então estudante de direito, que há alguns meses está no regime aberto, levou Daniel Cravinhos, seu namorado na época, e o cunhado Cristian Cravinhos para a mansão da sua família no Brooklin, bairro da Zona Sul da capital paulista.

Foi lá que os dois irmãos, que ingressaram escondidos no imóvel, mataram o casal com golpes de barras de ferro, enquanto os dois dormiam no quarto.

Hoje com 39 anos e vivendo em Bragança Paulista, no interior de São Paulo, Suzane von Richthofen ganhou o Gol Highway 2002 zero-quilômetro dos pais, Manfred e Marísia, meses antes, como presente pela sua aprovação no vestibular para cursar direito.

O hatch, inclusive, virou evidência do crime. Em fotos que ilustram esta reportagem, o mesmo Volkswagen é usado na reconstituição do assassinato, com as participações dos três envolvidos. Na descrição da reconstituição que faz parte do processo, Suzane, ao dar sua versão para os fatos, diz, ao se deparar com o veículo na garagem da residência:

"Olha, é meu carro mesmo!"

Suzane queria vender carro após prisão

Suzane tentou vender seu VW Gol 2002 após prisão, mas o carro estava registrado em nome do pai
Suzane tentou vender seu VW Gol 2002 após prisão, mas o carro estava registrado em nome do pai Imagem: Arquivo pessoal/Ullisses Campbell
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UOL Carros teve acesso a algumas fotos do Gol que integram o processo judicial, gentilmente cedidas pelo jornalista Ullisses Campbell, autor do livro "Suzane - Assassina e Manipuladora", lançado em 2020 pela Editora Matrix - segundo ele, a obra se baseou nos autos do caso e também em entrevistas com Cristian Cravinhos, preso em regime fechado, e advogados dos condenados. Daniel e Suzane não quiseram participar diz.

Em conversa com nossa reportagem, Campbell conta, com base nas respectivas apurações, que o Gol de Suzane estava registrado em nome do pai dela quando os assassinatos aconteceram. Isso a impediu de vender o carro, único bem ao qual em tese teria acesso, após ser presa, explica.

"Esse Gol ficou cerca de quatro anos parado na garagem, juntamente com a Chevrolet Blazer verde-escura 1997 de Marísia, sob a guarda de um tio paterno de Suzane, que ficou encarregado do patrimônio da família. O VW só foi vendido em 2006".

Os irmãos Cristian e Daniel Cravinhos e Suzane após confessarem o duplo assassinato em 2002
Os irmãos Cristian e Daniel Cravinhos e Suzane após confessarem o duplo assassinato em 2002 Imagem: Luciana Cavalcanti/Folhapress

Segundo o escritor, o Gol que ela dirigiu com os irmãos Cravinhos até a garagem da mansão naquele dia foi um pedido específico da então estudante universitária.

"Suzane mentiu para os pais, que eram contrários ao namoro, dizendo que tinha terminado com Daniel e passaria a se concentrar nos estudos para o vestibular. Foi então que combinou com eles que, caso fosse aprovada, ganharia o Gol. E isso aconteceu".

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Campbell acrescenta que um diálogo entre pai e filha sobre o veículo, que aparece em um dos filmes, é peça de ficção. De acordo com o jornalista, diferentemente do que sugere o longa, Manfred não disse que a filha ganharia um carro melhor, equipado com ar-condicionado, caso fosse aprovada na seleção para a Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, da USP - Suzane passou no mesmo curso, só que na PUC-SP.

O jornalista acrescenta que ela usava o carro com bastante frequência, inclusive para levar para o colégio e depois para buscar Andreas, seu irmão mais novo - sem contar os encontros com o namorado, Daniel.

Fotos do carro tiradas pela polícia após os assassinatos mostram mais de 12 mil km rodados no hodômetro.

A noite do crime

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Segundo o livro de Ullisses, no fim da noite de 30 de outubro, pouco antes de Manfred e Marísia serem mortos, já na madrugada, Suzane buscou o namorado e o cunhado no Volkswagen.

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Na volta, rumo à casa dos pais, Daniel assumiu a direção, mas não por muito tempo: muito nervoso, teria quase batido o veículo. Foi então que ela, sentada no banco do carona, ordenou que ele parasse o compacto para ela voltar a dirigi-lo. Cristian seguia no banco de trás, calado. No trajeto, todos fumaram maconha dentro do veículo, diz a publicação.

Antes de chegarem ao destino, Suzane repassou as instruções aos dois:

"Vocês têm de entrar na casa sem fazer qualquer barulho! Tem de ser tudo muito rápido, rápido e rápido! Não podemos ficar na casa por mais de meia hora. Entenderam?!

Sempre de acordo com o autor, Cristian ainda tentou dissuadir a cunhada e o irmão de seguir com os planos. Ela o mandou "calar a boca" e disse que "enquanto não matá-los, não serei uma pessoa feliz".

Suzane von Richthofen em saída temporária da prisão antes do início da pandemia do coronavírus
Suzane von Richthofen em saída temporária da prisão antes do início da pandemia do coronavírus Imagem: Marcelo Gonçalves/Sigmapress/Estadão Conteúdo

O trio chegou à Rua Zacarias de Góis, 232, por volta de 23h, e Suzane abriu o portão eletrônico e entrou na garagem com os faróis apagados.

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Em seguida, desceu do Gol e disse aos dois que aguardassem, enquanto ela se certificava de que seus pais estavam dormindo.

Logo deu o sinal verde: "Venham!". Os porretes de metal estavam guardados no porta-malas.

Antes disso, eles já tinham tirado Andreas da residência, que ficou os aguardando em uma lan house perto dali.

Após o duplo homicídio ser consumado, os três deixaram a mansão novamente a bordo do Gol, a fim de buscar o irmão de Suzane.

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