Invasão chinesa: montadoras negociam para fabricar veículos no ABC

O ABC paulista, que tem perdido força na indústria automotiva nos últimos anos, pode voltar a ganhar novas montadoras. O Sindicato dos Metalúrgicos da região anunciou a assinatura de um protocolo de intenções com representantes da Chery e da Beijing Peak Automotive, duas empresas chinesas que estariam dispostas a fabricar ônibus elétricos e veículos na região.

A assinatura foi realizada na última quinta-feira, em Brasília, mas só foi divulgada agora pelo sindicato.

"O compromisso de fazer investimentos deste porte na nossa região é uma ótima notícia, porque traz mais geração de empregos, renda, crescimento industrial e do comércio do ABC", disse Moisés Selerges, presidente da entidade.

No início do mês, o sindicato já havia recebido representantes da empresa chinesa Sinomach (China National Machinery Industry Corporation), que também manifestaram interesse em fabricar ônibus elétricos na região.

Diversas marcas chinesas têm investido em fabricação de veículos no Brasil nos últimos anos. A GWM (Great Wall Motors) comprou a fábrica da Mercedes-Benz em Iracemápolis (SP) e deve começar a produzir por aqui no próximo ano. A BYD anunciou fabricação de veículos em Camaçari (BA) e deve assumir a antiga fábrica da Ford na região. A própria Chery já fabrica veículos por aqui em parceria com a Caoa, em fábrica instalada em Anápolis (GO).

Fuga de empresas do ABC

Berço da indústria automotiva nacional, o ABC tem sido preterido pelas montadoras nas últimas décadas e sofreu em especial nos últimos anos, quando empresas que já estavam instaladas por lá optaram por levar suas operações a outros locais.

O fenômeno, na verdade, começou nos anos 90, quando novas marcas se instalaram no país, mas preferiram construir suas fábricas em outras regiões atrás de incentivos fiscais e mão de obra mais barata.

A Honda, por exemplo, preferiu fazer sua fábrica em Sumaré, enquanto a Toyota, mesmo tendo um grande espaço em São Bernardo do Campo, escolheu Indaiatuba. Ford e Jeep levantaram novas unidades no Nordeste, Bahia e Pernambuco, respectivamente. A região do ABC foi ficando sem novos investimentos.

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Em 2019, quando a Ford iniciou a venda de suas fábricas no Brasil, a unidade de São Bernardo do Campo teve 600 funcionários demitidos. Outros 2.200 foram realocados na ocasião.

Em abril de 2022 a Toyota anunciou que fecharia a fábrica de São Bernardo do Campo do até o fim deste ano para transferir sua produção para as três unidades no interior paulista: Indaiatuba, Porto Feliz e Sorocaba.

Carta para Lula

Em maio deste ano, o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC entregou ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) um estudo sobre o setor automotivo elaborado pela entidade e pela subseção do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos).

No documento, estão propostas para resgate do setor, como redução dos juros e do valor dos veículos, nacionalização de peças e proteção ao emprego. Também pede prioridade ao transporte público e incentivos à renovação da frota.

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