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Calotes milionários: por que donos de carrões optam por não pagar IPVA

Fernando Pedroso

Colaboração para o UOL

23/05/2023 04h00

Entre os 10 maiores devedores de IPVA no estado de São Paulo, quatro são donos de Ferrari e cinco de Lamborghini. Dinheiro parece não ser o problema para quem é dono destes supercarros de luxo, então por que tais proprietários acumulam dívidas devido ao não pagamento do IPVA?

Alto custo do imposto, 4% do valor da Tabela Fipe, faz com que muitos proprietários de supercarros deixem os débitos em aberto. Preferem investir o valor que seria gasto com impostos e abater a dívida no momento em que o veículo for vendido. Também vale salientar que, segundo a lei, dívidas de IPVA prescrevem após cinco anos.

"Ainda mais com a Selic batendo nos 13%", opina o especialista em finanças pessoais Bruno Rodrigues. "Dependendo do quanto ele tem investido, somando o que não pago ao Estado, só o rendimento de uma aplicação pagaria esse valor num ato de venda", explica.

Em compensação, valores em aberto impedem o veículo de ser licenciado e o mesmo pode ser retido caso seja parado em uma blitz, além de multa de R$ 293,47 e sete pontos na carteira de habilitação. Devido à inadimplência, devedores também são incluídos no Cadin Estadual (Cadastro Informativo dos Créditos não Quitados de Órgãos e Entidades Estaduais). A maioria dos carros, porém, está em nome de pessoas jurídicas e não físicas.

Segundo Paulo Korn, que trabalha assessorando clientes na compra de carros premium, o calote não é regra no segmento. É praxe, na hora da venda, consultar os débitos e descontar o valor devido como impostos e multas.

Existe o argumento das multas? Sim, mas existe uma falsa crença de que os carros esportivos estão no nome de PJs apenas somente por isso. Há uma preocupação enorme também com segurança e privacidade. Colocar o carro em nome de uma empresa dá uma camada a mais de segurança e privacidade nesses casos" Paulo Korn, da Car Chase Consultoria Automotiva

"Pode ser sinal de problemas financeiros de ordem maior, não apenas relativas ao carro em si, como até mesmo um lapso. Muitas vezes acontece de deixar isso a cargo de terceiros, como um funcionário ou secretária, que pode cometer um erro", argumenta.

Perrengues chiques

Segundo Korn, proprietários de superesportivos reclamam do estado das vias, que têm piorado nos últimos anos.

Proprietários também relatam falta de peças, estrutura para importação e escassez de mão de obra especializada na manutenção.

Falta de peças é outro incômodo relatado. "Pastilhas de freio, jogos de velas, correias de acessórios ou filtros costumam ser encontrados com certa facilidade. Qualquer coisa fora do ordinário tende a requerer importação", disse Korn.

Fazer seguro é uma questão pessoal, mas algumas seguradoras ou não aceitam o modelo ou cobram prêmios proibitivos.

"A base das seguradoras para calcular o risco indenizável toma por base o valor da Tabela Fipe. O problema é que em carros mais antigos esportivos, a tabela não serve como referência, pois simplesmente há uma distorção relativamente ao valor de mercado efetivo do carro", diz Korn.

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