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Agora a Nasa vem: carro cimentado prova que brasileiro encara qualquer obra

Do UOL, em São Paulo

29/01/2023 04h00

O carro está cheio de buraco no assoalho? Por que condenar o veículo todo se você pode apenas preencher de cimento? Essa é a filosofia de quem gravou este vídeo, algo que, evidentemente, jamais deve ser feito, sob qualquer hipótese. O problema não é nem o cheiro permanente de canteiro de obras que vai ficar impregnado no carro, mas a segurança de quem estiver a bordo.

Quem já acompanhou o processo de corrosão em algum metal sabe que ela vai se espalhando. Ainda que seja possível assumir que o cimento vai servir para manter a rigidez do assoalho, ele não impede que a estrutura do carro continue apodrecendo. Em projetos de restauração, são utilizadas soldas especiais para estancar a oxidação e refazer o monobloco.

Além disso, o peso do cimento, por si só, acabará forçando outros pontos estruturais do carro do vídeo. Isso é um ponto de alerta, uma vez que, em nenhum projeto (logo, em nenhum manual do proprietário) se prevê a adição de tanto peso à estrutura do carro, e de forma tão desequilibrada.

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O UOL Carros entrevistou o consultor de engenharia automotiva Gerson Borini, que apontou os problemas de adotar este tipo de remendo.

  • É muito perigoso o ganho de peso por aumentarem as chances de trincas (algo muito mais propenso de ocorrer quando os metais do carro já não oferecem mais a mesma firmeza). Elas levam ao rompimento total da estrutura.
  • Quanto ao peso adicional associado à dirigibilidade, o motorista vai sentir o carro mais mole, impreciso e com reações lentas, além de se precisar exigir mais da embreagem, do pedal de acelerador e dos freios.
  • Não é só o peso total que importa, mas deve-se pensar na distribuição de todo o peso é importante, pois assim se evita o desequilíbrio do carro, fator determinante para que ele se mantenha seguro em todas as situações.
  • O peso aumenta a exigência sobre tudo do carro. Motor, câmbio, embreagem, suspensão, freios, pontos estruturais, buchas, rodas e outros.
  • Os que mais estão relacionados com a segurança são os freios e a suspensão, que não foram projetados levando em conta uma carga que supere aquela descrita no manual do veículo.

Mesmo com todos esses problemas apontados, a gambiarra apresentada nesse carro entra para a galeria das invenções automotivas do brasileiro - que geraram a série Agora a Nasa Vem, já que tal criatividade deveria ser estudada pelos engenheiros da agência espacial norte-americana.

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