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Entenda, passo a passo, a fraude da Volkswagen nos EUA

André Deliberato<br>Eugênio Augusto Brito

Do UOL, em São Paulo (SP)

24/09/2015 20h32Atualizada em 22/04/2016 20h14

A Volkswagen passa por um momento complicado, com queda de ações, prestígio e (possivelmente) vendas, após denúncias de fraudes em testes de emissões e poluentes nos Estados Unidos. A marca vai divulgar nesta sexta-feira (25) quais são os modelos envolvidos no esquema (o total de unidades pode chegar a 11 milhões).

As acusações motivaram outros países a também abrir investigação contra a companhia, como Alemanha, França, Itália, República Checa e Coreia do Sul. Foi o estopim para a queda do ex-chefão da marca, Martin Winterkorn, que pediu demissão nesta quarta (23). Outros executivos, como o CEO americano Michael Horn, também devem cair

No Brasil, o único carro que pode contar o software "mentiroso" -- trata-se de um chip que funciona apenas em inspeções, mas que polui normalmente na rua -- é a picape Amarok, equipada com o motor 2.0 TDI de 180 cv. A Volkswagen brasileira ainda não se pronunciou porque também aguarda a divulgação da lista.

Entenda o que houve

No início desta semana, o Departamento de Justiça dos Estados Unidos abriu uma investigação penal contra a montadora alemã por conta de um software utilizado pela marca para fraudar resultados de testes de emissão de poluentes em quase 500 mil automóveis movidos a diesel naquele país. A fraude foi descoberta por pesquisadores da Universidade West Virginia.

Com o escândalo, representantes da Volkswagen, nos EUA e também na Europa, admitiram o esquema e informaram que o dispositivo eletrônico equipa mais de 11 milhões de automóveis movidos a diesel feitos pela marca e suas subsidiárias (como Audi e Seat, por exemplo) em todo o mundo.

Desde que o caso se tornou público, as ações da Volkswagen acumulam queda de 20%, com expectativa de prejuízos na casa de bilhões. A cúpula da montadora já separou 6.5 bilhões de euros para custear as primeiras despesas, e espera multa de até US$ 18 bilhões só nos EUA.

Sujeira no ar

Gerd Lottsiepen, engenheiro da ONG Clube do Transporte Alemão (VCD) - Andreas Labes/VCD - Andreas Labes/VCD
"Já suspeitávamos disso [fraude em testes] há muito tempo, mas faltava uma prova evidente", afirma Lottsiepen
Imagem: Andreas Labes/VCD
Segundo o especialista alemão Gerd Lottsiepen, porta-voz da ONG Clube do Transporte (VCD) -- órgão que luta por uma mobilidade social ambientalmente responsável -- o uso de softwares para fraudar testes de gases poluentes também pode ser usado há anos por outras fabricantes.

"Quando os engenheiros falam de forma informal, muitas vezes você ouve frases como 'bem, como todo mundo faz, temos que fazer também'", declarou Lottsiepen, em entrevista à DW.

Isso significa que o software provavelmente não é uma exclusividade da Volkswagen. "Suspeitamos que outros fabricantes também dispõem dessas possibilidades técnicas e as utilizam há vários anos", destacou.

Presidente-executivo do Grupo Volkswagen, Martin Winterkorn - Jochen luebke/EFE - Jochen luebke/EFE
Presidente da VW desde 2007, Martin Winterkorn renunciou em meio ao escândalo
Imagem: Jochen luebke/EFE