Mercedes segura dólar a R$ 2,60 para bombar venda de esportivos
A Mercedes-Benz quer bater recorde de vendas com a linha esportiva AMG no Brasil. Claro que, por "bater recorde", é preciso entender que se trata de uma escala restrita, visto que os modelos da grife variam de R$ 250 mil a R$ 860 mil no país, portanto acessíveis a uma parcela muito pequena da população.
Em 2014, a marca alemã vendeu 504 veículos preparados pela AMG em território nacinal. Para 2015, espera crescimento na faixa entre 20% e 30%, podendo chegar a 650 unidades. Mas como alcançar essa meta se os carros da divisão de desempenho são negociados em dólar, e não há expectativa de cotação abaixo dos R$ 3 para a moeda americana ao longo de todo o ano?
A Mercedes encontrou três saídas: a primeira é apostar em lançamentos de massa para as duas principais novidades da grife, o AMG GT e o novo C 63, ambos mostrados no Salão de São Paulo 2014. A segunda é segurar a cotação do dólar em R$ 2,60 na hora da conversão.
No caso do AMG GT, atual "carro dos sonhos" da fabricante, a chegada às concessionárias será em junho, por US$ 329.900 (versão S, equipada com motor V8 biturbo de 510 cv e 71,4 kgfm de torque). Na conversão subsidiada, ficaria por pouco menos de R$ 860 mil.
Entretanto, o carro-chefe continuará a ser C 63, vertente furiosa da família Classe C que entrará em nova geração no Brasil a partir do segundo semestre. A primeira versão a chegar será a S, a mais forte da gama, munida do mesmo trem-de-força do GT. O preço ficou estabelecido em US$ 209.900, cerca de R$ 545 mil no cálculo do dólar a R$ 2,60.
Já a terceira solução será investir em campanhas pesadas e diretas de marketing, com realização de eventos voltados a proprietários de modelos AMG e potenciais clientes. Para "segurar" o aumento nas vendas, a montadora inaugurará três novas lojas com selo AMG no país.
Impressões: a porrada do C 63 S
UOL Carros já havia experimentado o C 63 S em circuito fechado, em Portugal. Para reler a reportagem, clique aqui. De fato, tudo aproxima o sedã abrutalhado de um carro de competição: o motor V8 biturbo de 4 litros que, além dos 510 cv (entre 5.500 e 6.250 rpm); a transmissão Speeddhift MCT, de sete marchas com interessante sistema de embreagens controladas eletronicamente; o modo de pilotagem "Race", os freios de carbono-cerâmica e a tração traseira.
Sim, a tração traseira por si só serve como atrativo de venda -- e de direção -- do sedã esportivo, aponta a Mercedes-Benz. Diferente de todos os demais carros com grife AMG, que usam tração integral 4Matic (à exceção do AMG GT, que também se vale do torque sobre as rodas traseiras), o C 63 S abusa dos sentidos e da perícia do condutor ao exigir que se fique sempre atento ao posicionamento da traseira em saídas de curva. E é sempre prazeroso perceber que se conseguiu domar os absurdos 71,4 kgfm de torque (de 1.750 a 4.500 giros) dosando seu ímpeto sobre o terceiro volume.
Já quando colocado em situação de uso comum, motorista e passageiros sofrem com a rigidez da suspensão, o perfil muito baixo dos pneus, montados sobre rodonas de liga leve de 19 polegadas, e a baixa altura em relação ao solo. Nada que faça lembrar o conforto quase morno do Classe C "civil". (Colaboração: Leonardo Felix, de São Paulo)
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