Invasão de SUVs dobrou venda de pneus, e Brasil espera alta ainda maior
Prepare-se para a invasão do Brasil por SUVs. UOL Carros avisou e projeções dos principais fabricantes confirmam: mesmo com o segmento principal de carros no país -- o de modelos pequenos -- sofrendo baixas superiores a 12% (os mais pessimistas falam em quase 20%), a expectativa é que o de utilitários esportivos compactos seja anabolizado e cresça de 40 a 50% em 2015 na relação com 2014, chegando a algo entre 400 e 450 mil unidades. A chegada de modelos famintos de venda -- como Jeep Renegade e Honda HR-V, bem como a renovação de Renault Duster, a aposta da Peugeot no 2008 e a esperança da JAC no T6 -- promete mexer com o mercado nacional de carros. Mas não só com ele.
Tamanha movimentação interfere em áreas correlatas. Pneus, por exemplo. Executivos de três das principais fabricantes do país, Bridgestone, Goodyear e Pirelli, e também da Anip (Associação Nacional das Indústrias de Pneumático) afirmam que o setor está se preparando para grandes mudanças.
Segundo Alberto Mayer, presidente-executivo da ANIP, o processo de ascensão vem desde o início da década. "De 2010 a 2015, já houve aumento de 16% nas vendas de pneus para SUVs, sendo 95% de crescimento só no mercado de reposição", apontou.
O fato das vendas para clientes terem praticamente dobrado "é um reflexo da popularização de modelos como Ford EcoSport, Renault Duster e Hyundai Tucson", acrescentou Alexandre Lopes, diretor de vendas e marketing da Bridgestone. Entretanto, de acordo com os especialistas consultados, o pico de crescimento ainda está por vir: não apenas novos SUVs chegam ao mercado, como praticamente todas as novidades serão produzidas localmente, o que possibilita estratégia agressiva de vendas. Com a maior oferta de unidades, a tendência é que o segmento de pneus tenha maior demanda equivalente -- a ascensão, neste caso, deve ser forte daqui a dois ou três anos.
Novos pneus para novos usos
Atender a esta nova demanda significa rever prioridades, como ocorreu com a Pirelli -- empresa global que teve a compra anunciada na última segunda-feira (23) pela chinesa Chem China (China National Chemical Corp) por 7,7 bilhões de euros (quase R$ 27 bilhões).
"Revisamos toda nossa programação de produção, e concentramos investimentos na capacidade produtiva deste segmento", admitiu a UOL Carros Fabio Magliano, gerente de vendas da marca italiana, sem detalhar números. A Goodyear foi além, e está investindo, desde 2013, US$ 250 milhões (cerca de R$ 780 milhões) na expansão da fábrica de Americana (SP), com foco em dinamizar a produção. "As novas máquinas permitem criar pneus de múltiplos tipos e tamanhos. A maior expansão está nos pneus de 15 a 17 polegadas, sendo a maioria deles voltados para SUVs", declarou Vinícius Sá, gerente de marketing da multinacional.
O resultado de toda essa movimentação é que, só neste ano, as três empresas mencionadas vão lançar quatro produtos novos voltados exclusivamente para utilitários esportivos.
Diferenças na construção
Mesmo um SUV estritamente urbano, como Ford EcoSport e Honda HR-V, requer pneus maiores e com maior capacidade de carga, devido ao peso e ao desenho mais robusto. "A estrutura precisa ser reforçada, especialmente a carcaça, para permitir um suporte de carga superior sem afetar integridade e rendimento quilométrico", explicou Fabio Magliano, gerente de vendas para automóveis e comerciais leves da Pirelli.
O novíssimo Jeep Renegade, por exemplo, chega a pesar o mesmo que um sedã de luxo blindado a depender da versão -- a Trailhawk, mais equipada, pronta para o off-road pesado, com motor a diesel e câmbio automático de nove marchas, atinge 1.700 quilos, encostando nas 2 toneladas quando carregada. O modelo fabricado em Goiana (PE) usa compostos da Pirelli -- do tipo urbano nas versões 4x2 e de uso misto nas 4x4.
"Outro ponto importante está no desenho da banda de rodagem, que deve ser mais agressiva e versátil, oferecendo aderência no asfalto, estrada de terra e lama", acrescentou Alexandre Lopes, diretor de marketing e vendas da Bridgestone.
Para chegar a esse ponto de equilíbrio, as fabricantes geralmente realizam o processo de vulcanização -- compressão e aquecimento da borracha, para deixá-la mais resistente -- com tempo e temperatura ligeiramente superiores aos de pneus para carros de passeio.
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