Fiat tenta manobra para controlar Ferrari mesmo após separação

Mesmo com a separação anunciada em outubro do ano passado, a Fiat quer continuar no controle da Ferrari. A ideia é repetir manobra usada na fusão com a Chrysler, no ano passado, e criar um chamado "plano de ações de fidelidade", que privilegiaria descendentes do fundador da Fiat -- em especial o presidente do conselho do grupo, John Elkann --, e também Piero Ferrari, filho do criador da marca de superesportivos italiana, Enzo Ferrari.
O plano funciona assim: se as duas famílias concordarem em conservar as ações que permanecerão com elas por um período determinado, ganharão votos extras nas decisões administrativas da Ferrari. Com a medida, segundo a Bloomberg News, os Agnelli e os Ferrari ainda deteriam 51% dos votos -- numa proporção de 36% e 15%, respectivamente --, mesmo que a maior parte do capital da companhia esteja em posse de acionistas públicos.
"O que a família Agnelli quer é garantir que a Ferrari seja independente, mas não um alvo para aquisição", explicou Giuseppe Berta, especialista financeiro da Universidade Bocconi (Itália).
Procurada, a assessoria da Exor não quis comentar a informação.
MANOBRA POLÊMICA
Embora alguns especialistas defendam os planos de votação com ações de fidelidade, por acharem que eles encorajam o pensamento corporativo no longo prazo, vários acadêmicos condenam a medida, alegando ser uma forma de manter o controle administrativo de uma empresa, mesmo depois de ceder sua participação majoritária.
Investidores institucionais já chegaram a pedir ao primeiro-ministro italiano, Matteo Renzi, que vete proposta parlamentar para prorrogar a validade da manobra, regulamentada no país por uma lei temporária.
Apesar da polêmica, o presidente da FCA, Sergio Marchionne, afirmou no último mês que a proposta não afetará a demanda pelas ações da Ferrari. Afinal, esta não é a primeira vez que o grupo apela a tal método: o mesmo foi feito na fusão da Fiat com a Chrysler e na separação da CNH, fabricante de veículos pesados recém-desmembrada pela Fiat.
"Embora o plano reduza o atrativo especulativo, não chega a ser um verdadeiro problema para os investidores", minimizou o analista de mercado Massimo Vecchio. Em seus cálculos, a FCA deve arrecadar 800 milhões de euros (R$ 2.5 bilhões) com a venda da Ferrari.
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