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Grifes fazem carros cada vez mais caros para clientes cada vez mais ricos

James Boxell e Elisabeth Behrmann

Da Bloomberg, em Paris (França)

03/10/2014 14h39

Um Bugatti de US$ 1,85 milhão com acabamento em platina, um silencioso Lamborghini elétrico que atinge 96 km/hora em 3 segundos e um Rolls-Royce de US$ 570.000 com mesas de jantar embutidas: no ano que vem os superricos terão mais escolhas do que nunca.

No Salão do Automóvel de Paris, nesta semana, a Volkswagen AG, empresa-mãe da Bugatti e da Lamborghini, está aproveitando a sede por veículos e injetará mais dinheiro em um novo Bugatti, enquanto os últimos 20 carros das 450 unidades do Veyron deixam a linha de produção. A Ferrari introduziu uma versão conversível de edição limitada de sua 458 Speciale em Paris e espera aumentar as entregas em 5% neste ano para reduzir a lista de espera.

Bugatti Veyron Grand Sport Vitesse Ettore Bugatti  - Newspress - Newspress
Veyron Grand Sport Vitesse Ettore Bugatti tem acabamento externo em alumínio
Imagem: Newspress
O brilho nesse bazar de carros escondeu um mercado menos robusto para mais modelos utilitários, com a Volkswagen reduzindo suas ofertas mais básicas, que incluem o Golf e o Tiguan, e a Ford diminuindo sua projeção de lucro nesta semana, ao dizer que as operações europeias não cumprirão sua meta de lucro no ano que vem. As vendas europeias de carros cresceram no ritmo mais lento neste ano em agosto, aumentando a preocupação de que a demanda possa perder impulso.

"A diferença está se ampliando entre os superricos e o restante", disse Stefan Bratzel, diretor do Centro de Gestão Automotiva da Universidade de Ciências Aplicadas em Bergisch Gladbach, Alemanha. "Essas grifes de nicho geralmente não são geradoras de dinheiro, mas são importantes como marcos tecnológicos".


Com o custo de desenvolvimento do Bugatti Veyron, a VW está em posição de perder 4,6 milhões de euros por veículo ao longo de seu ciclo de vida, segundo estimativas de Max Warburton, analista da Sanford Bernstein em Cingapura. Contudo, para a fabricante alemã vale a pena pagar o preço se o carro de ultra-alta qualidade mostrar capacidade técnica e atrair clientes para suas marcas de luxo mais baratas, como Porsche e Audi.

O sedã Rolls-Royce Phantom Metropolitan de edição limitada -- com acessórios para piquenique e skylines de cidades imaginárias como opções de decoração, acabados com 500 peças individuais em madeira laminada -- foi lançado só nesta semana a um preço de 450.075 euros e já está esgotado. Serão fabricados apenas 20 carros.
"Estamos falando de clientes que têm até mais de 100 carros na garagem, ou pelo menos dez ou 12 carros”, disse Torsten Mueller-Oetvoes, chefe da Rolls-Royce, marca pertencente à BMW.

Manter o interesse dos superricos limitando a oferta dos modelos mais caros é também uma estratégia da Ferrari. Um lote de dez carros esportivos de edição limitada, que custariam cerca de 2,5 milhões de euros cada um e foram produzidos para celebrar o 60º aniversário da marca nos EUA, teve a pré-venda totalmente esgotada, disse o CEO da empresa-mãe Fiat, Sergio Marchionne, em Paris. Mesmo assim, aumentar a produção ainda é uma exigência para satisfazer a demanda, disse ele. "Se você tem de esperar 24 meses para ter uma Ferrari, é muito tempo", disse Marchionne. Se a classe de superricos aumentar, "teremos a obrigação de não sufocar a oferta."