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Nissan quer fazer "carro de massa", não elétrico, no Brasil

Nissan descarta planos de fabricar localmente o Leaf, que já é táxi em SP e no Rio - Divulgação
Nissan descarta planos de fabricar localmente o Leaf, que já é táxi em SP e no Rio Imagem: Divulgação

André Deliberato

Do UOL, em Resende (RJ)*

06/01/2014 19h52

Pioneira na produção em larga escala de veículos elétricos globais (junto com a parceira Renault), a Nissan não pretende, ao menos por enquanto, investir neste setor no Brasil. Foi o que afirmou nesta segunda-feira (6) o presidente-executivo global da companhia, Carlos Ghosn.

Segundo o executivo, que participou do anúncio da construção da fábrica de motores no complexo que está sendo erguido em Resende (RJ), o momento atual do Brasil pede investimento em "carro de massa", que tem custo de desenvolvimento e produção e valor de venda muito menores que os de modelos elétricos e que atendem a um público maior. Ghosn fez questão de lembrar que o país ainda não tem qualquer política que incentive a fabricação de veículos com propulsão alternativa ao motores a combustão.

Black Cab

  • AFP/Nissan GB

    Nissan apresenta projeto de novo táxi para a cidade de Londres (foto), a ser vendido em dezembro.

    Modelo segue visual tradicional, mas é mais eficiente, com motor 1.6 a gasolina ou elétrico.

"Não estamos interessados em vender carro de nicho, estamos a fim de fazer carro de massa. E atualmente o governo não nos possibilita vender o Leaf a preços competitivos", afirmou Ghosn.

De toda forma, o presidente da Nissan negou estar criticando, com sua declaração, a política do governo e afirmou que a modalidade elétrica não faz parte do contexto brasileiro da companhia neste momento.

"A prioridade do Leaf atualmente são os EUA, Reino Unido e alguns outros países da Europa, França e Japão", completou.

VOU DE TÁXI
Atualmente, apenas 35 unidades do elétrico Nissan Leaf circulam pelo Brasil, todas em regime de testes experimentais -- ou seja, nenhuma devidamente vendida a pessoas físicas, empresas ou associações.

São dez carros rodando como táxis em SP, 15 como táxi no Rio, além de duas unidades emprestadas à policia também no Rio e outras oito unidades circulando em frotas de concessionários para exposição e test-drive.

A parceira Renault faz movimento similar, mas em associação com empresas fornecedoras de energia elétrica, em processos de desenvolvimento de estrutura, ainda incipiente no país.

Neste caso, porém, os carros são vendidos às companhias elétricas. A CPFL (Companhia Paulista de Força e Luz, que atua no interior do Estado de São Paulo e também na região Sul do país), por exemplo, adquiriu três exemplares dos modelos Renault Zoe, Fluence Z.E. e Kangoo Z.E., o primeiro um elétrico puro (criado para usar motor alternativo), os outros dois, adaptados.

MOVIMENTO
A Nissan não é a única a tocar no assunto de incentivo para elétricos. Em dezembro, executivos da BMW afirmaram estar aguardando o parecer do governo sobre as diretrizes de importação e fabricação de "carros verdes" no país.

A fabricante alemã está erguendo fábrica em Araquari (SC) para modelos tradicionais -- como Série 1, Série 3, X1, X3 e Mini Countryman --, mas também tem planos para carros híbridos e elétricos. Versões híbridas (com motor a gasolina reforçado por gerador elétrico) dos sedãs das séries 3, 5 e 7 já são vendidos no país e a marca espera trazer ainda em 2014 o elétrico puro BMW i3.

Além disso, a marca integra o grupo formado pela Anfavea (associação de fabricantes automotivos do país) que apresentou a proposta de regras veículos de propulsão alternativa ao governo. O objetivo seria obter o alíquota zerada do IPI para elétricos, oferecendo em contrapartida compromisso de trazer cota mínima pelos próximos três anos e fabricação local a partir de 2017.

*Colaborou Eugênio Augusto Brito, da Redação, em São Paulo (SP)