Hyundai HB20 é o novo inimigo do Gol; vendas começam em outubro

O carro brasileiro da Hyundai chama-se HB20, começa a ser fabricado em setembro e vendido em outubro. Os motores são bicombustiveis, de 1 e 1,6 litro, o primeiro de três cilindros, com câmbio manual de cinco marchas, o maior de quatro, com o mesmo câmbio ou um automático de quatro velocidades. São propulsores já usados nos Kia Picanto e Soul/Cerato, como observou o colunista Fernando Calmon.
O visual do HB20, que segue a escola da "escultura fluida" adotada pela fabricante sulcoreana, é ousado para um compacto, e certamente será um forte argumento de vendas.
Grade frontal do Hyundai HB20 não tem partes cromadas e prefere destacar o emblema da fabricante; abaixo, detalhe da lanterna traseira em forma de asa-delta e o nome do modelo
O paradigma eleito pela Hyundai entre os competidores brasileiros dá a medida de sua ambição: é o Volkswagen Gol, nada menos que líder de vendas no Brasil (considerando todos os segmentos) há 25 anos, e que acaba de sofrer uma reestilização.
No nome do novo carro, as letras HB significam Hyundai Brasil (e não "hatchback", como se pensava); o número 20 é uma referência à plataforma compartilhada com a próxima geração do i20, compacto vendido na Europa.
Em outras palavras, o modelo fabricado em Piracicaba (SP) está um degrau abaixo do já bem conhecido hatch médio i30.
Quando ficar pronta, em meados de setembro, a fábrica da Hyundai no interior paulista terá capacidade de montar 150 mil carros por ano (em dois turnos; um terceiro pode ser implantado). O sonho é vender até 25 mil unidades do HB20 ainda em 2012. Além do hatchback, serão fabricados o que a Hyundai chama de "SUV looking", versão aventureira do modelo análoga à gama cross da Volkswagen, e um sedã. Estes chegam às lojas no começo de 2013 -- mas o HB20 com roupa de trilha já será visto no próximo Salão de São Paulo, em outubro.
FINALMENTE, UM HYUNDAI EM CORES
![]() Quando se fala em carros da Hyundai, que cores vêm à cabeça? Bem, apenas duas: preto e prata -- as únicas em que a gama importada da fabricante da Coreia do Sul é oferecida no Brasil. |
As especificações técnicas e os preços não foram divulgados pela Hyundai. Isso acontecerá somente entre 11 e 12 de setembro, na apresentação definitiva do HB20 à imprensa.
É provável que a fabricante estabeleca os valores do modelo de olho na tabela da Volkswagen para o Gol, que tem gama semelhante. Isso significa uma faixa começando na vizinhança de R$ 28 mil e estendendo-se até R$ 50 mil, ou pouco menos. Por ser feito no Brasil, o HB20 terá IPI camarada, ao contrário dos demais modelos Hyundai.
Quanto aos motores, os números não devem ser muitos diferentes daqueles obtidos nos carros da Kia: 77/80 cavalos de potência e 9,6/10,2 kgfm de torque para o 1 litro; 126/130 cv e 16/16,5 kgfm para o 1,6 litro (gasolina/etanol). Todos atingidos em giro alto, acima de 4.500 rpm.
UOL Carros viu o HB20 sem camuflagem nesta quinta-feira (19), durante visita à fábrica da Hyundai. A empresa ainda quer manter o suspense para o público geral, e por isso divulgou apenas algumas fotos de detalhes do modelo, além de fotos com ele camuflado; já nosso celular teve a lente da câmera bloqueada durante a visita, e, contra arranhões e marcas de digitais ao tocar o único veículo exposto, vestimos luvas de tecido.
Também pudemos dirigir, ainda que muito brevemente, exemplares com as três configurações de trem-de-força oferecidas na gama do HB20: 1.0 manual e 1. 6 manual e automático. No test-drive, os carros estavam parcialmente cobertos (são os das fotos desta página).
VISUAL
Por fora, o novo modelos da Hyundai prova que um estilo baseado em alongamento e ondulação de linhas pode funcionar bem numa carroceira curta, com menos de 4 metros de comprimento (as medidas não foram divulgadas).
Além dos vincos laterais e da cintura alta e ascendente, são os faróis espichados ao longo dos paralamas que fazem essa "mágica". Uma parte das lentes, estritamente de acabamento, chega a correr paralela ao capô do motor. A grade frontal baixa e delgada completa o desenho.
Esse acerto no estilo disfarça um conjunto que, tecnicamente, é até minimalista: há dois canhões de iluminação de cada lado (faróis alto e baixo mais a luz de direção) e nem sinal de uso de LEDs.
É, MAS AINDA NÃO É
No alto, o HB20, cuja plataforma é a mesma do i20 (carro azul), mas não do modelo da foto, que já é 2013: segundo a Hyundai, o carro nacional começa a usar essa base antes do meio-irmão (vendido na Europa) mudar de geração, no ano-modelo 2014
Visto de trás, o HB20 lembra um Kia Sportage encolhido, mas é só depois de algum tempo que se notam volumes, ângulos e contornos (como o parachoque massudo, alargando a base da carroceria, ou as lanternas que "vazam" para as laterais) capazes de tornar o carro bonito, ou ao menos interessante, não importa onde pouse o olhar. E isso é raro.
Por dentro a boa impressão continua; aliás, é até mesmo ampliada.
Pensado para ser relativamente barato, o HB20 usa apenas plásticos e tecidos para compor a cabine, mas o capricho na montagem e na forração é evidente. As cores são discretas (cinza, cinza escuro, preto) e, por isso mesmo, elegantes. O painel de instrumentos tem iluminação azul (os marcadores de temperatura e combustível são digitais, com "risquinhos"), mas o display do sistema de som é verde, destoando do conjunto.
Quatro pessoas têm espaço e conforto de sobra, ressalvando um certo estranhamento causado pelas janelas traseiras altas, que começam acima do ombro de uma pessoa de 1,70 metro. A sensação geral é a de estar a bordo de um i30 em tom menor, um "i30 Jr.", e isso vale também para o interior do HB20 1.0 que conhecemos.
RECHEIO
A Hyundai preferiu não fornecer ainda a lista de equipamentos da gama, e por isso certos itens percebidos nos carros expostos podem ser opcionais. Durante uma entrevista com executivos da fabricante, foi dito que freios com sistema ABS (antitravamento) e o airbag para o passageiro terão de ser pagos à parte, ao menos nas versões mais baratas -- uma medida de economia que não causou boa impressão. A partir de 2014, todos os carros novos à venda no Brasil deverão ter ABS e airbags frontais.
GUERRA É GUERRA
Com o HB20, a Hyundai não vai incomodar as rivais apenas com um produto. A estratégia da empresa é a de usar a capacidade de produção de sua fábrica em Piracicaba (SP) até o limite já em 2013, com três turnos de trabalho. Ou seja, dá para fazer bem mais de 150 mil carros, quantidade a ser obtida com apenas dois turnos. Mas não é só isso. O presidente da Hyundai do Brasil, Chang Kyun Han, também revelou nesta quinta-feira (19) que está sendo preparada uma rede de distribuidores exclusiva para a família HB20, que pode chegar a 150 ainda este ano. As atuais lojas da marca, mantidas pelo grupo CAOA, seguirão trabalhando com a linha importada (de i30 até Equus). UOL Carros apurou que empresários que já trabalham com revendas, mas de outras marcas, estão sendo "seduzidos" em conversas diretas com a cúpula da Hyundai. O próprio Han não se fez de rogado: "Conversamos com 16 pessoas [empresários] que, em um ano, vendem juntos 420 mil carros", disse. O objetivo é focar as operações em dez grandes cidades, mas os tentáculos dessa Hyundai de administração 100% coreana, mas que só venderá carros brasileiros, é instalar-se em 26 Estados do país e chegar a 200 revendas assim que possível. |
No contato com o HB20 1.6 (manual e A/T), listamos: faróis de neblina; vidros, retrovisores e trava elétricos; volante multifuncional com regulagem de altura e profundidade, mais revestimento em couro; computador de bordo com dois hodômetros parciais (trip A e B); som com rádio, CD e entradas AUX e USB no console (sob uma tampa deslizante); rede para bagagem no porta-malas; repetidor de seta nos retrovisores; sensor traseiro de estacionamento; ar-condicionado com seleção manual; e direção hidráulica. Os freios traseiros usam tambor. Os pneus são de medida 185/60, em rodas esportivas de aro de 15 polegadas.
Já o HB20 1.0 tem rodas aro 14", que podem ser de aço ou liga, e volante sem couro (mas ainda multifuncional). Os habitáculos são muito parecidos: até mesmo a diferença nas texturas dos materiais é sutil.
RODANDO COM O HB20
Experimentamos o modelo da Hyundai numa pequena pista de provas dentro da própria fábrica. Tudo muito rápido e controlado, mas algumas coisas saltaram aos olhos e aos ouvidos.
O motor 1.0 de três cilindros dá e sobra para empurrar o HB20, mesmo com quatro pessoas a bordo (mas sem bagagem). Levando apenas o motorista, e portanto menos peso, o conjunto chega a ser empolgante, não só porque é raçudo, mas também porque ruído do motor é peculiar, mais agudo que o de um propulsor comum.
Por muito tempo o HB20 vai "falar" diferente em nossas ruas, mas vale notar que a onda de downsizing veio para ficar e, com ela, os motores três-cilindros. Não faça prejulgamentos: experimente antes de reclamar do "caneco roubado".
O HB20 1.6 é sensivelmente mais pesado, e sua direção (que, ao contrário, é bastante suave) trepidou um pouco durante a aceleração em reta. Por volta de 155 km/h, ficou dócil novamente. O carro 1.0 comportou-se melhor e chegou a 140 km/h em quarta marcha sem sequer pedir a quinta.
Como esperávamos, o câmbio automático de quatro velocidades não agradou; seria necessário ao menos mais uma marcha, o que encurtaria as relações e deixaria terceira e quarta mais vigorosas.
Disso tudo, fica o quê?
Bem, por ora, nada -- mas a experiência pelo contato com centenas de modelos, de dezenas de marcas, já nos ensinou que carro ruim a gente reconhece logo de cara. Não é, de jeito nenhum, o caso do Hyundai HB20.
Também vem da experiência uma mistura de intuição com dedução lógica antecipada (se isso existe), a qual permite acertar prognósticos com razoável frequência. Eis mais um: o HB20 será um enorme sucesso e vai provocar um inédito terremoto no mercado automotivo brasileiro. Podem escrever.
Viagem a convite da Hyundai
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