Novo BMW Série 1 salta à frente dos rivais e parte de R$ 113.370

A BMW do Brasil apresentou na segunda-feira (12), à imprensa especializada, a segunda geração do hatchback premium Série 1, que começa a ser distribuído às lojas da marca no país a partir de quarta-feira e deve chegar às garagens mais endinheiradas até abril. Lançado mundialmente em setembro de 2011, durante o Salão de Frankfurt, o novo Série 1 desembarca, por ora, em uma única versão, a 118i, com um bom salto de qualidade e preço inicial de R$ 113.370.
Modelo mais emblemático da BMW, o Série 1 que agora recebemos aqui foi criticado pelos jornalistas europeus durante seu lançamento, por conta do estilo mais "genérico", mas deu a volta por cima: adiantou a nova briga do segmento, demarcou território, inspira os novos rivais e tem força (e equipamento) para agradar a múltiplas personalidades de público: puristas, quem gosta de carros fortes, quem busca tecnologia, quem prefere modelos "ecológicos" ou até a quem quer só conforto e carinho.
Se você gosta de fotografia, pode até pensar que as imagens do carro foram feitas com uma lente do tipo grande angular: a frente parece espichada, os faróis estão mais afastados um do outro, a grade em forma de duplo rim parece ter crescido e o capô, ressaltado. Atrás, porém, a lente parece ser outra, e o carro se volta para um único ponto ao centro -- formas retilíneas tomam conta da imagem e definem três linhas: a da vigia estreita; a da tampa do porta-malas e lanternas, com o escudo da BMW atraindo os olhares; e a do para-choque, bem torneado.
Nada disso é efeito especial, são todas alterações pensadas pelo designer oficial da marca, o holandês Adrian van Hooydonk, e que fazem o Série 1 emular o visual dos irmãos maiores Série 3 e Série 5. Ele também ficou parecido com o X1, o menor crossover da marca. É a tal da identidade visual, que faz com que você reconheça que um carro é de determinado fabricante, mesmo que não saiba qual o nome do modelo.
Acontece que a fonte das críticas acabou por tornar-se o grande mérito do novo Série 1, que ficou mais robusto, mal-encarado e, de quebra, mais refinado que sua primeira geração. A ponto de servir de "escola" para os rivais: a Mercedes-Benz acaba de mostrar, no Salão de Genebra, seu novo Classe A (que deixou de ser um monovolume para tornar-se um hatch com perfil esportivo) com uma traseira muito semelhante a esta do BMW e frente tão longa quanto. Serão arqui-inimigos, com certeza. Ao mesmo tempo, a Audi revelou a nova geração de seu A3, também esticado e com cara de vilão.
Ocorre que os carros da Mercedes e da Audi devem chegar mais tarde ao mercado. Até lá, o hatch da BMW terá tido tempo para consolidar suas vendas, com a vantagem de ter aparecido antes e definido o terreno da luta.
ANTES E DEPOIS
Compare como era e como ficou o 118i: acima, a nova geração; abaixo, a antiga.
Faróis foram afilados na extremidade interna e agora se estendem, podendo ser vistos mesmo da lateral do carro; grade frontal ficou encorpada e montada sobre o "X" que delimita o focinho do carro; o para-choque está mais horizontalizado, ampliando a largura do carro, enquanto o capô ficou mais recortado e elevado, por conta das regras europeias de proteção aos pedestres.
Na lateral, a linha de ombro caminha da caixa de roda à lanterna traseira e incorpora as maçanetas; nas portas, superfícies côncavas e convexas deixam o carro mais musculoso.
A GUERRA DO IPI
No Brasil, a grande batalha do BMW Série 1 será travada contra a vontade do governo e tem tudo para ser bastante complicada. Enquanto a primeira geração do modelo chegou a ser vendida abaixo do "patamar psicológico" dos R$ 100 mil, alcançando valores na casa dos R$ 98 mil, e no último mês de 2011 custava R$ 105 mil, esta segunda geração só desembarca nos portos brasileiros por valores perto dos R$ 140 mil.
FÁBRICA AMEAÇADA
O recado foi dado em duas frentes -- no Brasil, pelos representantes da marca; na Alemanha, pela chefia. Mas ele é bem claro: as restrições impostas pelo governo podem fazer com que o projeto da fábrica da marca no Brasil seja abortado.
A BMW do Brasil planejava fazer o anúncio inicial em novembro do ano passado, mas foi pega de surpresa em setembro pela decisão do Planalto de aumentar o IPI.
O efeito sobre as vendas do Série 1, importado da Alemanha, foi catastrófico: o modelo mais emplacado pela marca já chegou a entregar 2 mil unidades, em 2009, e fechou 2011 com 1.684 unidades (cerca de 140 carros por mês). Ao todo, a BMW entregou 12.400 veículos no último ano (média de 1.033 mensais). O ano de 2012, porém, começou com apenas 70 carros entregues aos concessionários em janeiro. Em fevereiro, foram pouco mais de 100. Em março, serão apenas 500 e a marca cogita que apenas em maio, com o novo Série 1 a todo vapor, a recuperação ocorra.
Além do super-IPI, há a demora do governo Dilma em definir os rumos do regime automotivo nacional e, principalmente, as regras para quem já demonstrou interesse em montar fábrica no país. É o caso não só da BMW, mas também da chinesa JAC. Os alemães são incisivos: têm planos de implantação e expansão para 25 anos, mas se o acerto não sair em breve, vão cancelar qualquer planejamento de fábrica aqui, seja ela em São Paulo, Santa Catarina ou Rio. (Da Redação)
A elevação do piso de acesso à elite da marca se dá por dois motivos, aponta a representação da BMW brasileira. Um é o próprio ganho de equipamentos do carro, que está mais potente e equipado que o anterior. O outro, porém, deixa os alemães nervosos: as medidas restritivas do governo, que elevaram o IPI para importados em 30 pontos percentuais, miravam os chineses, mas atingiram o coração dos alemães e estão estragando negócios (veja quadro ao lado).
Sem uma solução a curto prazo, a BMW faz o que pode e mostra seu novo carro de uma outra forma. Mundialmente, o Série 1 2012 abandonou a lista de itens opcionais avulsos, apostando em pacotes, ou Lines (linha, em inglês). No Brasil, a filosofia será mantida, mas com adaptações, uma vez que o comprador local ainda é muito conservador e não aceita determinadas cores ou formas de produto. Com isso, a primeira leva de Série 1 chega na versão 118i, com três configurações e os seguintes preços:
- BMW 118 i: R$ 113.370
A entrada para o mundo da marca traz novo motor quatro-cilindros de 1,6 litro, com turbo Twin Scroll, com 172 cavalos de potência; sistema Start/Stop (que desliga o motor em paradas, economizando combustível, e o religa automaticamente com uma pisada no acelerador) e seleção do modo de direção com função Eco Pro (com ênfase na economia de combustível e redução de emissões); câmbio automático de oito marchas; sistema multimídia com tela de LCD de sete polegadas, computador de bordo atualizado e integrado, conexão Bluetooth e USB para iPod/iPhone; revestimento interior de tecido; rodas aro 16; direção elétrica; volante esportivo; airbags duplos frontais, duplos frontais laterais e de cabeça para todos os ocupantes, além da tradicional sopa de letras que representa o conjunto de segurança ativa que vai dos freios regenerativos com ABS (antiblocante) aos controles de tração, estabilidade e de contorno de curvas, entre outros itens.
- BMW 118i Urban Line: R$ 119.220
Incorpora todo o pacote inicial e acrescenta itens de estilo como grande com acabamento metálico e 11 frisos; barra prateada na base dos para-choques; tomadas de ar modificadas; rodas aro 17 com desenho diferenciado; soleiras, ponteira do escapamento e detalhes cromados; bancos esportivos com faixa de couro colorido; iluminação interior azulada, entre outros itens.
- BMW 118i Sport Line: R$ 122.900
As modificações incluem grade com oito frisos, ponteiras de escape e barras transversais do para-choque com acabamento preto; rodas aro 18; soleiras e detalhes internos em vermelho; iluminação interna branca; função Sport Plus agregada ao controle do modo de condução.
Por ora, estas são as opções para o novo Série 1, mas a BMW já anunciou a futura vinda de uma configuração mais completa, o 118i Full, que terá faróis de xênon e teto solar, entre outros itens, de série, com preço ao redor de R$ 144 mil.
A ficha técnica do carro (que pode ser vista aqui) aponta também uma outra versão, a 116i, mais simples, com motor 1.6 de 138 cavalos, que pode chegar no futuro. Mais à frente ainda, no decorrer dos próximos anos, a nova família 1 da marca bávara vai receber a atualização das carrocerias sedã, cupê e cupê esportivo.
COMO É, COMO ANDA
O novo Série 1 (chamado internamente pela fábrica de F20) é mais intimidador que o anterior (o E87), seja visualmente, seja pelo comportamento sobre o asfalto. Ainda assim, tem tudo para agradar a um público mais amplo, graças sobretudo ao arsenal tecnológico que carrega.
Os arrojados, que achavam o carro anterior insosso, simples demais, vai gostar de ver o novo perfil do hatch, mais intrigante e que pode ser imediatamente associado ao dos sedãs Série 3 e Série 5, mais caros. Faz bem ao ego de quem compra um carro mais barato, ainda que esse patamar inferior fique acima dos R$ 100 mil, vê-lo associado a um modelo mais caro.
UOL Carros acreditou, ao avaliar o Série 1 antigo (releia aqui), que o motor 2 litros de 136 cavalos com câmbio de seis marchas era insuficiente para mover os 1.300 quilos do carro em momentos de maior ímpeto, mas se deliciou com a sobra do novo propulsor. Embora menor, de 1,6 litro, ganha força e potência graças ao turbo Twin Scroll, num excelente exemplo de downsizing. Apelidado de "rabo quente", este equipamento tem uma única turbina de geometria variável com saída dupla, que melhora o fluxo de ar enviado ao motor e aumenta a disposição do bloco em baixas rotações. Na prática, quem odeia carro turbo por conta dos "vazios" entre troca de marchas e pelas "patadas" subsequentes vai gostar do comportamento linear do novo Série 1. E quem acha que carro turbo é barulhento e beberrão será surpreendido pelo baixo nível de ruído e de consumo.
O novo 118i agrada também aos "verdes" neste ponto: segundo a BMW, o carro é até 10% mais econômico e menos poluidor que seu antecessor, graças ao novo motor, mas também ao seu gerenciamento. A função fica a cargo do câmbio automático de oito marchas, que traz sistema Steptronic (acionamento eletrônico, como nos modelos mais caros da marca) e reduz muito o ritmo do motor. A receita é simples de imaginar: quem trabalha mais, cansa mais e precisa de mais alimento. Um câmbio automático de quatro ou cinco marchas consome mais por manter o motor funcionando sempre em giros mais altos (acima das 4 mil rotações por minuto) ao precisar de mais força; na caixa de seis marchas, a relação adicional permite reduzir esta faixa de trabalho máximo para 3.500/3.600 rpm; com o novo câmbio, UOL Carros constatou um regime em torno de 2.500 giros, com a sétima marcha selecionada, a velocidades perto dos 100 km/h, caindo para incríveis 1.500 rpm com o uso da oitava marcha. Neste caso, menor esforço do motor deixa mais combustível no tanque.
Para os puristas, a mistura tração traseira com seleção de modos de direção (Normal; Comfort, com acertos médios; Sport, para arranjo mais seco e direto de direção e carroceria e motor trabalhando em giros elevados; e Super Sport, apenas na configuração Sport Line, levando tudo isso ao extremo) deve dar conta do recado.
Lanternas pentagonais se encaixam totalmente na traseira geométrica do novo BMW Série 1,
inspiram novo Mercedes Classe A, mas deixam VW Gol G5 e Hyundai i30 "sem pai, nem mãe"
A eletrônica permite, ainda, regenerar energia através dos freios (como um mini-Kers da Fórmula 1) e dosar o gasto geral de combustível, através dos programas Eco Pro e Efficient Dynamics. Com ambos em atividade, o carro rearranja o fluxo de atividades que consomem energia e gasolina, como o ar condicionado (ou o ar quente, em dias frios) ou o uso excessivo do acelerador e do freio. Neste último caso, o motorista recebe dicas de direção para guiar com uma tocada mais ecologicamente correta. Durante os 60 quilômetros de teste, entre vias e estradas no litoral paulista, chegamos a poupar combustível suficiente para percorrer mais 4,6 quilômetros, ou seja, quase 7% de economia neste pequeno percurso.
Outra faceta da tecnologia embarcada permite parear o celular com Bluetooth e 3G ao Série 1 e receber, na tela de LCD, sem desviar a atenção do trânsito, informações sobre o clima ou até feeds de notícia que o usuário assine. Músicas, porém, não são transmitidas sem fio e vão depender das entradas USB (para iPod/iPhone) ou AUX-In para outros aparelhos telefônicos e de MP3.
Por fim, mesmo sendo musculoso, o BMW 118 se mostrou cavalheiro ao facilitar a vida de quem precisa abrir o capô do motor, com uma inovação pensada para agradar às mulheres, segundo os engenheiros da marca. Em qualquer carro, é preciso puxar uma alavanca interna e depois tatear alguma área perto da grade frontal em busca da trava do capô, correndo o risco de queimar ou espetar o dedo. O novo Série 1 elimina esta trava externa, deixando apenas a alavanca interna: com uma puxada, o capô se abre, mas segue travado; com duas puxadas, a trava se solta e permite que se erga a tampa.
Os bons modos do hatch vão além e trocam carícias com o ocupante mesmo em momentos difíceis -- as bolsas infláveis do sistema de airbags foram redesenhadas para que, em caso de acidente e acionamento, machuquem menos o rosto dos ocupantes do carro. É a arte da fineza: mesmo apanhando sem dó do governo, o BMW Série 1 trata motorista e ocupantes com carinho.
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