Revendas dos EUA querem trabalhar com carros chineses
Observar as ruas das grandes cidades dos Estados Unidos é curioso para o brasileiro porque diversas marcas de carros que temos em nosso país simplesmente não existem aqui. Não há modelos franceses (esqueça Citroën, Peugeot e Renault), a Fiat ainda é invisível, e há que procurar com paciência para achar um Volkswagen. E também não há carros chineses -- mas é por estes que essa paisagem começará a mudar.
O governo dos EUA e suas autoridades de segurança de trânsito (que já reprovaram alguns modelos) podem fazer cara feia, mas os donos de concessionárias de veículos por aqui não veem a hora de negociar a inclusão de marcas chinesas em seus portfólios. É o que diz Paul Taylor, economista-chefe da National Automobile Dealers Association (Nada), entidade que reúne os revendedores de veículos novos dos EUA (no Brasil, sua homóloga é a Fenabrave).
Taxista chinês usa o e6, carro elétrico da BYD: candidato a pioneiro no mercado dos EUA
"Falando claramente, os revendedores dos EUA desejam aumentar suas vendas e ganhar mais dinheiro", disse Taylor numa entrevista com jornalistas brasileiros neste domingo (5), durante o congresso anual da Nada. "E eles desejam, sim, trabalhar com marcas chinesas".
Uma eventual "invasão vermelha" nos EUA ainda é mera possibilidade, mas de acordo com Taylor é esperável que marcas chinesas que possuem joint-ventures com fabricantes americanas em seu país de origem tomem um atalho para entra no mercado dos EUA.
O economista citou também a BYD, antiga fabricante de baterias que passou a operar no setor automotivo e vem se especializando em carros elétricos -- e que já recebeu investimentos do magnata Warren Buffet. "Se ele pôs dinheiro ali é porque há valor", disse Taylor. Além da China, a Índia pode ter um representante nos EUA em breve: "A Mahindra já vende tratores aqui", lembrou o economista.
CASA, CALOR E CRÉDITO
As perspectivas da indústria automotiva dos EUA para 2012 são relativamente positivas, com as vendas chegando perto de 14 milhões de unidades, diz Taylor, no caso falando em nome da Dealers Association.
Trata-se de um número distante dos 17 milhões anuais emplacados nos anos da bolha financeira que estourou em 2008 -- mas é muito melhor que os 10,4 milhões de 2009 e uma retomada em direção a 15 milhões de emplacamentos em 2013. E é só até aí que vai a previsão do economista.
Alguns fatores econômicos contribuem para que 2012 seja antevisto como bom para a indústria. Primeiro, afirma Taylor, os valores médios dos imóveis nos EUA estão caindo menos, e até mesmo valorizando-se em alguns Estados. Se a casa é vista pelo americano como indicador de segurança financeira, ao perceber que seu valor melhorou ele sente-se liberado para gastar dinheiro com bens -- inclusive veículos novos.
Segundo, o inverno este ano chegou bem menos rigoroso aos EUA, o que ajudar a poupar o óleo utilizado para aquecer edifícios residenciais e comerciais. Como ele pode ser convertido em gasolina, a oferta de combustível no verão será maior, forçando baixa nos preços e eliminando um obstáculo futuro à compra de um carro novo.
Terceiro, há crédito bom e barato na praça, com prazos de financiamento que vão de 24 a 72 meses e taxa de 2,9% ao ano (sim, você leu ao ano).
E, como pano de fundo para tudo isso, há um crescimento provável de 2,5% no PIB dos EUA este ano. Não é o ideal, mas poderia ser pior.
"Só não estamos mais otimistas por causa da Europa", encerra Taylor, lembrando que a persistente crise da dívida no Velho Continente ainda atrapalha o sono da indústria dos EUA, ou ao menos lhe causa alguns sobressaltos.
Viagem a convite da Fenabrave
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