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Chefão da Fiat enterra de vez Alfa no Brasil e promete 500 elétrico este ano

Imagem de Sergio Marchionne, CEO da Fiat, em telão durante sua fala no congresso da Nada - Claudio Luis de Souza/UOL
Imagem de Sergio Marchionne, CEO da Fiat, em telão durante sua fala no congresso da Nada Imagem: Claudio Luis de Souza/UOL

Claudio Luis de Souza

Do UOL, em Las Vegas (EUA)

04/02/2012 23h18

O presidente mundial da Fiat, Sergio Marchionne, afirmou neste sábado (4) que a fabricação de carros da Alfa Romeo nos Estados Unidos começa este ano, impreterivelmente. A tradicional marca italiana pertence à Fiat.

Com isso, fica enterrada de vez qualquer chance de os carros da Alfa serem vendidos no Brasil a preços mais acessíveis que os cobrados por modelos de marcas premium como Audi, BMW e Mercedes-Benz. Fabricados nos EUA, os Alfa teriam de ser importados ao Brasil pagando taxa de importação cheia, além do IPI mais elevado.

A esperança era de que os carros da Alfa fossem feitos em fábrica da Chrysler no México. A marca norte-americana hoje pertence à Fiat e, nos EUA, vai começar a vender o Dart, que leva o emblema da submarca Dodge e usa a plataforma do Alfa Giulietta.

Mesmo se fosse assim, o acordo tarifário entre Brasil e México pode ser alterado nos próximos dias, e a taxa zero de importação automotiva entre os dois países, revogada. Em outras palavras, a possível volta oficial da Alfa Romeo ao Brasil recebeu dois golpes fatais em menos de uma semana.

O chefão da Fiat já havia prometido para este ano o início das operações da Alfa numa base física nos EUA, e disse no mês passado que a produção local de modelos da marca do trevo de quatro folhas serviria também para abastecer o mercado europeu.

Sem dar muitos detalhes, Marchionne também prometeu para este ano, possivelmente no segundo semestre, o lançamento nos EUA do Fiat 500 elétrico. O carro certamente será feito no México, mas sua viabilidade comercial no Brasil (assim como a do modelo a combustão, que só passou a vender bem depois que trocou a Polônia pelo México) depende do que acontecerá com o citado acordo bilateral.  

CHEGA DE ARROGÂNCIA
Marchionne falou neste sábado na abertura do congresso anual da National Automobile Dealers Association (Nada), entidade que reúne os revendedores de veículos dos EUA. No Brasil, sua equivalente é a Fenabrave. O evento acontece em Las Vegas.

O líder da Fiat disse que há otimismo na indústria, "como não se via desde os anos 1990", mas reafirmou suas críticas ao modo de agir da indústria automotiva ao longo da história -- um comportamento descrito como "arrogante".

Décadas de ineficiência levaram à derrocada da indústria dos EUA em 2008, até que o presidente Barack Obama, nas palavras de Marchionne, teve coragem suficiente para investir na recuperação do setor. A Casa Branca literalmente obrigou a Chrysler a aceitar um acordo com a Fiat. Em 2011, a mais complicada fabricante de Detroit foi a que mais cresceu no balanço das vendas de veículos nos EUA.

CITAÇÕES
"Esquecemos que o carro é o xis da questão, esquecemos que devemos fazer carros que as pessoas queiram comprar", disse Marchionne à plateia de centenas de concessionários (inclusive de Chrysler, Dodge, Jeep e Ram), que o ouviu em silêncio.

O executivo lembrou ainda que o "DNA do negócio automotivo" mudou devido, entre outras coisas, ao comércio online -- tema candente entre as revendas de carros dos EUA -- e à crescente possibilidade de o consumidor se informar sobre os preços de carros, comparando-os antes de decidir uma compra.

A uma audiência quase 100% branca e provavelmente quase 100% republicana (a convenção do partido em Nevada acontece neste sábado aqui mesmo em Vegas), Marchionne ofereceu, além dos elogios a Obama, várias citações de alta cultura e/ou de "subversivos", algo que é hábito seu: Albert Camus, Thomas Carlyle, Ernest Hemingway e Martin Luther King foram lembrados em seu discurso, com direito a projeção de imagens deles num telão. Ao final, foi aplaudido.     

Viagem a convite da Fenabrave