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Tecnologias querem evitar que água, gelo e neve 'dirijam' o carro

Pista molhada pode levar a uma inesperada aquaplanagem: sensores detectariam perda de atrito - Eduardo Anizelli/Folhapress
Pista molhada pode levar a uma inesperada aquaplanagem: sensores detectariam perda de atrito Imagem: Eduardo Anizelli/Folhapress

Fernando Calmon

Colunista do UOL

30/01/2012 19h06

Uma das causas insidiosas de acidentes é a perda de controle do carro por mudança súbita de aderência do asfalto. Isso acontece em razão de fatores da natureza como chuva, garoa, gelo ou neve. O fenômeno de aquaplanagem é um exemplo: o filme de água se forma entre a estrada e os pneus, e estes não conseguem manter o atrito com o solo. Se atingir os quatro pneus, o veículo se transforma num trenó sem controle. Com as chuvas de verão, a atenção deve ser redobrada.

Nos países com invernos rigorosos esse problema se superpõe a outro ainda mais traiçoeiro. Uma fina camada de gelo, praticamente invisível, pode se formar na estrada em dias muito frios, mesmo sem presença de neve. Quando o automóvel passa sobre essa superfície, até em velocidades baixas, não há mais o que fazer além de rezar.

A fim de enfrentar essas armadilhas do tempo a alemã Continental e outros parceiros europeus se uniram num programa de pesquisas avançada sobre atrito pneus-solo. O objetivo é fornecer ao motorista um sistema confiável de alerta prévio sobre as condições de baixa aderência. O segredo está na fusão e processamento de informações de diferentes sensores de comportamento dinâmico, tanto os novos como os já existentes nos carros modernos.

Um destes novos sensores inteligentes está integrado aos pneus e mede a deformação da banda de rodagem. Por meio dele é possível informar ao gerenciamento eletrônico central o estágio inicial de aquaplanagem. Outro é o sensor óptico capaz de avaliar a quantidade de luz refletida no pavimento -- diferente em pista seca, úmida, molhada ou com camada de gelo. O alcance se situa entre 0,4 m e 1,5 m à frente das rodas dianteiras.

Uma câmera de polarização detecta as diferenças na vertical e na horizontal causadas pelas condições da superfície de rodagem de 5 m a 20 m à frente do veículo. Um escâner a laser, por sua vez, checa pingos de chuva ou flocos de neve numa faixa de 50 m a 100 m adiante.

Mais duas informações são obtidas por termômetros: temperatura do meio ambiente e da superfície de rodagem. Os sensores do ABS (freios antibloqueio) e ESC (controle de trajetória) também ajudam pela sensibilidade de estimar diferença de atrito entre as rodas e a estrada.

REAÇÃO A TEMPO
Computando todos esses dados, pode-se contrapor a leitura dos termômetros com as indicações dos sensores ambientais. Em décimos de segundo o sistema vai indicar que há uma ameaça potencial à perda de atrito dos pneus, dando possibilidade de reação ao motorista, que deve aliviar o acelerador ou frear em tempo de se safar de uma grave e repentina derrapagem.

Entrar na zona de superfície escorregadia com velocidade menor também ajuda os sistemas atuais para evitar ou mitigar colisões a atuar de forma mais eficiente sob condições ambientais adversas.

O modo de informar ao motorista sobre esses riscos ainda está sendo estudado, mas é a parte mais fácil das pesquisas. Hoje há vários tipos de indicadores visuais disponíveis no quadro de instrumentos, além de alarmes acústicos, voz sintetizada de advertência e até alertas vibratórios no volante ou no banco. Projeção de ícones ou frases no para-brisa também é uma tecnologia dominada e tem a vantagem de manter o motorista sem desviar os olhos da estrada.