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GM, Ford e Chrysler chegam a Detroit em ascensão e com novidades

<b>O Maserati Kubang não é das três de Detroit e não deveria estar nesta foto? Pense melhor: o primeiro SUV da marca italiana surge como carro de produção no salão dos EUA e tem como base o Jeep Grand Cherokee</b> - Newspress
<b>O Maserati Kubang não é das três de Detroit e não deveria estar nesta foto? Pense melhor: o primeiro SUV da marca italiana surge como carro de produção no salão dos EUA e tem como base o Jeep Grand Cherokee</b> Imagem: Newspress

Scott Burgess

The Detroit News

05/01/2012 19h28Atualizada em 06/01/2012 19h25

O setor automotivo é uma guerra. E a próxima batalha começa oficialmente na próxima segunda-feira (9), no Cobo Center de Detroit, Estados Unidos, quando o North American International Auto Show (Naias), ou Salão de Detroit, abre as portas e 5.000 jornalistas chegam à Motor City.

Fabricantes de todo o mundo vão revelar suas novidades e destaques. Mais de 40 modelos vão estrear no autoshow, enquanto as empresas se aprontam para o combate. Não se engane: cada venda é uma vitória para alguém e uma fatalidade para todos os outros.

Todas as fabricantes de Detroit -- General Motors, Chrysler e Ford -- ganharam terreno nos EUA em 2011. Os resultados finais do ano, divulgados esta semana, mostram as vendas da Chrysler com alta de 26,2% em relação a 2010; as da Ford, de 11%; e as da GM, de 13,2%.

A participação delas no mercado norteamericano subiu de 45,1% em 2010 para 46,9%, enquanto a fatia das asiáticas caiu de 46,3% para 43,7%. As fabricantes europeias ascenderam de 8,5% a 9,3%. E as americanas afirmaram que pretendem avançar ainda mais este ano.

Mas Detroit não deve confundir confiança com arrogância. No ano passado, as fabricantes japonesas enfrentaram dificuldades de produção e fornecimento, resultados de um terremoto e um tsunami no Japão, e depois das enchentes na Tailândia. Agora que elas voltaram à rotina, espere uma luta formidável, e não que as vendas de Toyota e Honda fiquem baixas como em 2011.

O Salão de Detroit vai virar um ponto de partida para todos os fabricantes, a julgar pela importância dos veículos que serão mostrados. Do pequeno híbrido Toyota Prius C (em outros mercados, Aqua) ao SUV Maserati Kubang (feito em Detroit), as linhas de batalha estão demarcadas, e todos têm força total.

NOVO FRONT
Em 2011, as fabricantes de Detroit, fortes em SUVs e picapes, ganharam espaço num território hostil e antes dominado por estrangeiros: o mercado de automóveis de passeio. Nele, as vendas da Chrysler saltaram 24,6%, as da GM, 18%, e as da Ford, 4%. Enquanto isso, Toyota e Honda perderam terreno, caindo 7% e 12%, respectivamente.

Nesta segunda, a Ford vai instalar o novo Fusion no feroz segmento dos sedãs médios (no Brasil, grandes), dominado nos EUA pelo Toyota Camry e pelo Honda Accord. Ainda que a maior parte das informações sobre o novo Ford Fusion siga sob segredo, a companhia acredita que ele é inovador e a ajudará a avançar: "Ele tem mais qualidade que o Camry", disse Mark Fields, presidente da Ford Americas. "O Fusion está adiante dos demais em termos de tecnologia, segurança e qualidade", arrematou.

A GM vai brigar em vários fronts com o Buick Encore, um crossover compacto, e o modelo 2013 do Chevrolet Malibu, estiloso e reformado sedã médio (grande no Brasil). A maior marca da GM também vai mostrar o Sonic RS, versão de performance do compacto, feita para impressionar críticos e consumidores.

Já a Cadillac (também da GM) dá seus primeiros disparos antes, no domingo (8), quando revela o ATS, seu sedã esportivo de luxo. A mira está voltada para a BMW. A Cadillac já tentou acertar a marca bávara antes, mas com pouco êxito. Mas o ATS, turbinado e com tração traseira, promete luxo, performance e uma "atitude americana". "Não nos subestimem: vamos cravar uma bandeira com o ATS", disse Mark Reuss, presidente da GM dos EUA. A resposta da BMW em Detroit será a revelação da nova geração da Série 3.

A Chrysler fez bastante barulho com a renovação de sua gama, e neste salão vai oficializar o lançamento do esperadíssimo novo Dodge Dart. Ele substitiu o malsucedido Caliber, é baseado numa plataforma da Alfa Romeo e promete chacoalhar o segmento dos sedãs compactos. (No Brasil ele é considerado médio, e especula-se que possa ser lançado pela Fiat.)

"É um dos carros mais impressionantes do salão", disse Dave Sullivan, analista da AutoPacific. "Ele vai permitir que a Dodge brigue numa arena em que nunca esteve antes". A Dodge pertence ao grupo Chrysler, que pertence à Fiat.

Tudo isso significa que 2012 pode ser ainda melhor para as fabricantes dos EUA que 2011. E não somos apenas nós a dizer isso.

Num estudo publicado nesta quinta-feira (5), 200 executivos de todo o mundo acreditam que o trio de Detroit vai vender mais veículos este ano. "A pesquisa deste ano mostra claramente que o investimento em novos produtos e em inovação de produtos ao longo dos últimos anos ajudou a tornar as fabricantes locais mais competitivas", analisou Gary Silberg, da KPGM LLP, empresa que fez o levantamento.

INVASÃO
As marcas estrangeiras, no entanto, não pretendem ceder terreno sem uma boa briga. A Honda vai mostrar um cupê conceitual do Accord, sugerindo como será o novo modelo. A marca de prestígio da Honda, a Acura, mostrará o conceito NSX, um supercarro que ajudou a matriz a se estabelecer como uma montadora de ponta há 20 anos. Isso foi perdido desde então com uma série de lançamentos sem brilho. A Honda precisa de ajuda, talvez mais do que o NSX pode dar.

A Lexus (divisão premium da Toyota) revelará seu próprio superesportivo conceitual, o LF-LC, um 2+2 híbrido para mostrar como luxo, esportividade e eficiência podem ser combinados. Mas o Toyota mais "ameaçador" a chegar a Detroit será a versão de produção do Prius C, o terceiro membro da crescente família Prius. O carro oferece um exterior cheio de estilo e um consumo potencial de 34 quilômetros por litro (80 milhas por galão). Pode não servir a muitos motoristas americanos devido ao seu tamanho pequeno (seria um hatch médio no Brasil), mas deverá atrair mais consumidores às revendas.

Haverá outros ataques. A sul-coreana Hyundai mostra o Genesis Coupé reestilizado, esportivo de tração traseira a preço acessível. A Mercedes-Benz vai exibir seus novos híbridos, os sedãs E300 e E400.

Não há trégua para ninguém nesta batalha.

Tradução e adaptação: Claudio de Souza, do UOL