Tendência mundial, cor branca renasce no Brasil com os importados
Território dominado pelas cores preto e prata, o mercado automotivo brasileiro vê nos últimos meses o crescimento da cor branca. A tonalidade – associada em alguns locais, como na cidade de São Paulo, a carros de taxistas ou frotistas – tem sido cada vez mais comum nas ruas do país. E o que antes era exclusividade de veículos mais caros aos poucos invade os segmentos mais populares do mercado.
Diferentes levantamentos mundiais, feitos por gigantes do segmento de pintura automotiva com base nos pedidos feitos pelas fabricantes, mostram que desde 2009 a preferência pela cor branca tem crescido em todo mundo e, por consequência, na América Latina e no Brasil. A guinada ocorreu este ano: a cor branca está no topo da preferência em todo o mundo, colorindo de 21 a 22% de todos os carros entregues.
CORES PREFERIDAS
BRASIL | MUNDO | |
Preta | 19 a 21% | 20% |
Prata | 30 a 31% | 22% |
Branca | 16 a 17% | 21 a 22% |
- Fonte: DuPont e PPG
Segundo a PPG Industries, o uso da cor chega a 21% dos carros emplacados. O crescimento foi de 5,9% na América do Sul, que inclui os dados do Brasil, chegando a 16,1%. Em contrapartida, no mesmo período a cor prata caiu de 34,1% para 31% e a preta, de 26,2% para 21%. O movimento é visto em outras partes do mundo, como nos Estados Unidos, onde o branco foi a cor mais utilizada pela indústria automotiva, com 20%. Na Europa e na Ásia, a tonalidade fica em segundo, perdendo do preto e do prata, respectivamente.
CENÁRIO BRASILEIRO
Apesar de ser a cor mais popular do momento no mundo, a cor branca chegou ao Brasil não por vontade ou exigência dos consumidores -- esses ainda compram mais carros nas cores prata e preto. "O que vemos no Brasil é que o crescimento do branco foi motivado, em grande parte, pelo crescimento nas vendas dos carros importados, em especial os de alto valor. Isso acabou influenciando o mercado como um todo", afirma Alex Lair de Amorim, responsável pelo Laboratório de Desenvolvimento de Cores da PPG do Brasil.
A vinda da cor branca em carros de alto valor agregado acabou por criar uma aura de desejo em torno dessa tonalidade, movimento antes visto em especial com a cor preta, que dominou os carros importados no final dos anos 1990 e início dos anos 2000. Uma razão diferente, entretanto, da que motiva o sucesso do prata. Por se tratar de uma cor neutra, muitos consumidores optam pela tonalidade como forma de evitar ter um veículo que reflita preferências muito pessoais, o que pode ser útil na hora da venda do carro.
BUSCA PELO OPOSTO
A preferência por uma cor automotiva no mercado brasileiro varia entre tonalidades opostas. "O brasileiro muda o seu gosto por cores de automóveis por saturação. E, normalmente, a cor que domina o mercado hoje será substituída por uma totalmente oposta em alguns anos", salienta Amorim. Isso explica a substituição do vermelho, em alta nos anos 1980, pelo verde, nos anos 1980. As duas cores, mais chamativas, foram preteridas em nome do prata, mais sóbrio, nos anos 2000.
Amorim também credita a falta de cores nas ruas de hoje pela impossibilidade do consumidor ter acesso a outras tonalidades. "Muitas vezes o interessado em comprar um carro chega na concessionária e só encontra veículos nas cores prata e preto a pronta entrega. Isso acaba influenciando muito na escolha. Outro fator que deve ser considerado é que pintar um carro em uma cor diferente demanda um escalonamento diferente na produção dos carros. Com isso, para manter o ritmo das fábricas, as montadoras acabam preferindo tons mais neutros e de maior demanda", critica.
Perguntado sobre qual será a próxima tendência passada a "onda branca", Amorim prevê que as ruas do Brasil deverão voltar a ter mais cores. "É bem provável que, passada a preferência pelo branco, o brasileiro volte a comprar carros de cores mais variadas. Mas dificilmente o prata e o preto serão deixados de lado", conclui.
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