Topo

Toyota muda Hilux e SW4, mas motor flex só chega em 2012

Claudio de Souza

Do UOL, em Bento Gonçalves (RS)

01/11/2011 10h21Atualizada em 15/08/2012 13h04

A Toyota anunciou na manhã desta terça-feira (1) o lançamento da picape Hilux e do SUV de luxo SW4 em seus modelos 2012. Além do megafacelift, a grande novidade da gama é a opção de motor bicombustível -- um bloco 2.7 VVT-i de 160 cavalos de potência e 25 kgfm de torque com etanol, adaptado da unidade a gasolina introduzida na Hilux no ano-modelo 2009, que deixou de ser oferecida.

No entanto, os carros com esse motor (que terão tração 4x2 ou 4x4) só começam a ser vendidos no primeiro trimestre de 2012, uma formulação vaga o suficiente para permitir que as primeiras unidades cheguem às lojas apenas em março. A gama Hilux e SW4 é fabricada na Argentina, de onde vem sem taxa de importação e com IPI normal. Os preços da linha bicombustível não foram divulgados.

Houve reajuste na tabela da Hilux e do SW4. Eis os valores, em ordem decrescente:

Hilux 4x4 C/D SRV A/T Top: R$ 141.920
Hilux 4x4 C/D SRV A/T: R$ 134.410
Hilux 4x4 C/D SRV M/T: R$ 127.260
Hilux 4x4 C/D SR M/T: R$ 111.800
Hilux 4x4 C/D Standard Power Pack: R$ 100.720
Hilux 4x4 C/D Standard: R$ 93.260
Hilux 4x4 C/S Standard: R$ 85.690
Hilux 4x4 Chassi/Cabine: R$ 80.160

SW4 SRV A/T Diesel 7 Lugares: R$ 174.900
SW4 SRV A/T Diesel 5 Lugares: R$ 170.400
SW4 SRV A/T Gasolina V6: R$ 157.000

Por ora, toda a gama da picape tem propulsor a diesel, de 3 litros turbocomprimido da SR em diante e 2,5 litros turbo nas demais, enquanto o SUV, além da unidade diesel de 3 litros, continua a oferecer a opção V6 a gasolina lançada no facelift de 2008, de 4 litros e 24 válvulas.

Além do futuro motor flex, as novidades são a introdução de uma nova versão top na Hilux, acima da SRV e denominada -- vejam só -- SRV Top, e da cabine com cinco lugares para o SW4, a qual custa R$ 4.500 menos que a de sete.

A Toyota pretende chegar à marca de 40 mil Hilux emplacadas em 2012, um crescimento de 25% em relação às vendas deste ano. A picape com motor flex entraria nesta conta com 5.000 unidades. No caso do SUV, a meta é emplacar 10 mil unidades no ano que vem, entre elas, 1.300 flexíveis. Seria um aumento de 30%.

São números que ameaçariam o reinado da Chevrolet S10, única picape média vendida no Brasil que possui, hoje, opção de motor flex. Até o final do mês passado houve cerca de 31 mil emplacamentos de S10 em 2011 -- mas o modelo deve mudar bastante no ano que vem, dificultando uma previsão de mercado. A Hilux já é a segunda picape média mais vendida no Brasil, com cerca de 22,6 mil unidades no mesmo período.

  • Divulgação

    Toyota SW4 e Hilux 2012: visual mais "sofisticado" e motor flex para bombar nas lojas

FORA E DENTRO
Para cumprir sua missão, a gama Hilux/SW4 ganhou um visual mais próximo do de um carro de passeio, com grade frontal suavizada pelas barras delgadas -- uma solução típica de sedãs. No SUV, a referência nos três-volumes grandes é reforçada nas lanternas traseiras, divididas em duas seções (uma na tampa traseira, outra no paralamas) que se desencontram, formando uma quina -- quebrando o padrão retangular do modelo anterior.

O aspecto mais bruto que os modelos ganharam em 2005, com uma solitária barra única na grade dianteira, e que em 2008 já fora bastante suavizado no SUV, ficou mesmo no passado.

No interior, o principal ganho foi em equipamentos (alguns são opcionais), o mais conspícuo deles sendo a tela multimídia ao centro do painel frontal, que pode exibir imagens de uma câmera instalada na traseira. Vale citar também a regulagem elétrica do banco do motorista.

Mas o estoque de peças "atemporais" da Toyota parece inesgotável, tanto que o mesmo relógio digital encontrável no Corolla de 2002 está mantido nestes carros feitos dez anos depois. Vale o mesmo para o excesso de plástico e para as "tampinhas" que tapam os buracos de teclas que não existem.

Na picape, itens de segurança importantes, como airbag frontal, freios com ABS (antitravamento) e controles eletrônicos de tração e estabilidade só estão disponíveis em algumas versões. Vale a pena conferir atentamente a lista de equipamentos do modelo.

O SW4, por sua vez, é mais completo e inclui boa dose de itens de segurança (inclusive airbags laterais e de cortina), mas a  futura versão flex é bastante "pelada": tem apenas airbags frontais e ABS, deixando de fora até banalidades como o EBD (distribuição de força de frenagem). Aqui também vale uma boa conferida nos equipamentos.

PRIMEIRAS IMPRESSÕES
A Toyota não disponibilizou unidades bicombustíveis da Hilux e do SW4 para o test-drive, realizado nerta terça-feira em estradas da Serra Gaúcha. UOL Carros dirigiu, então, uma picape com a configuração mais completa, a SRV Top com cabine dupla, dotada de motor 3.0 turbodiesel, tração 4x4 por demanda e câmbio automático de quatro marchas.

Quem quiser achar uma vocação familiar na Hilux pode usar o argumento de que há bastante espaço para quatro pessoas, ressalvando o ângulo um tanto forçado das pernas de quem vai atrás -- um lembrete do DNA "brucutu" das picapes cuja construção é de carroceria sobre chassis. São as longarinas que forçam a elevação do piso.

O ambiente interno se esforça para passar uma sensação de modernidade, mas -- como já foi dito -- há peças de visual e concepção datados. Uma grande novidade, a tela touchscreen de uso multimídia, é ilegível durante o dia, e a imitação de metal que a envolve parece um acessório de segunda linha.

Em compensação, o revestimento em couro (bancos e portas) é de qualidade, o volante tem boa empunhadura (mais fino, deve agradar às mulheres), a posição de dirigir é excelente (o banco tem ajuste elétrico) e o sistema de ar-condicionado é eficaz.

A rodagem da Hilux não é exatamente sutil. Trafegamos apenas em asfalto, num trajeto que alternou retas, trechos sinuosos, aclives e declives. Nota-se logo que a suspensão, dotada de feixe de molas na traseira (como em caminhões), é firme no curso vertical, mas liberal com o balanço da carroceria -- comportamento fundamental para o uso fora de estrada. Por isso, é preciso redobrar a atenção atrás do volante na hora de fazer curvas, além de submeter o corpo a "dançadinhas" laterais. Depois de um tempo, cansa.

Por paradoxal que pareça, a experiência com uma Hilux no trânsito urbano (no qual um carro desse porte deveria ser proibido para uso pessoal, diga-se) tende a ser mais agradável, porque os trechos percorridos são mais curtos e o conjunto direção/transmissão da Hilux opera de modo suave, controlando o bom torque oferecido pelo propulsor turbodiesel já nas saídas.

O público já deu seu veredicto sobre a Hilux, colocando-a no segundo lugar nas vendas de picapes médias e, a depender da estratégia (ou falta de) da Chevrolet para a substituta da S10, não será surpresa vê-la no topo do ranking. De resto, seu uso mais típico é no interior do Brasil, em situações fora de estrada que não pudemos emular durante nosso teste.

Mas, para nós, é uma picape cara demais em suas versões mais completas (e incompleta demais nas versões menos completas), mesmo com um belo motor e a tração 4x4. A versão flex certamente será mais barata, e vem com ímpeto para arrebentar. Aguardemos.

Viagem a convite da Toyota