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Tata, criadora do Nano, negocia vinda ao Brasil com chefão da JAC

<b>Picape Tata Xenon, que está no Brasil em testes com a equipe da JAC Motors</b> - Pedro Luiz Scalisse/UOL
<b>Picape Tata Xenon, que está no Brasil em testes com a equipe da JAC Motors</b> Imagem: Pedro Luiz Scalisse/UOL

CLAUDIO DE SOUZA

Editor de UOL Carros

03/10/2011 23h33Atualizada em 04/10/2011 00h04

A montadora indiana Tata Motors pode entrar no mercado automotivo brasileiro em menos de dois anos. Responsável pela criação do Nano, ainda o carro mais barato do mundo (cerca de US$ 3.000 na Índia), ela negocia uma eventual operação em nosso país com o Grupo SHC, do empresário Sérgio Habib -- atual presidente da chinesa JAC Motors no Brasil.

As conversas entre Habib e a Tata são anteriores à majoração do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) em 30 pontos percentuais para carros importados de fora do eixo Mercosul-México. UOL Carros apurou que o "impostaço" decretado pelo governo de Dilma Rousseff no mês passado esfriou um pouco as negociações, mas não o suficiente para encerrá-las. Na verdade, teria havido um adiamento do provável início das operações -- do segundo semestre de 2012 para algum momento em 2013.

Salvo alguma modificação inesperada, o IPI majorado vale até o dia 31 de dezembro de 2012. Em tese, depois disso os carros da Tata poderiam ser importados ao Brasil com uma taxa mais amigável.

  • Pedro Luiz Scalisse/UOL

    Mais perto, a Xenon de cabine simples; ao fundo, o segundo exemplar, de cabine dupla

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O segredo em torno das conversas entre Tata e SHC começou a se dissipar quando o leitor Pedro Luiz Scalisse flagrou duas picapes desconhecidas circulando com disfarces na zona leste de São Paulo. Uma delas tinha cabine simples, e a outra, dupla. Scalisse fotografou os carros e enviou as imagens para UOL Carros.

Depois de decifrar a origem dos modelos e cruzar algumas informações, UOL Carros pode afirmar que o cronograma para a entrada da Tata no Brasil via o Grupo SHC estabelece como primeiro produto a picape Xenon -- exatamente a que foi vista por Scalisse. O modelo tem 4,8 metros e 5,12 metros de comprimento (cabines simples e dupla) e motor turbodiesel de 2,2 ou 3 litros, com opções de tração 4x2 e 4x4.

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Mas trazer o Nano ao Brasil é outra história, disse uma pessoa próxima da negociação (que pediu para não ser identificada). Uma das razões pode ser a de que o preço do modelo, hoje nos já citados US$ 3.000, tem subido gradualmente desde o lançamento, em 2008. Pior, o Nano vendido na Índia não pode receber airbags, equipamento que será obrigatório no Brasil a partir de 2014. Uma opção seria importar o Nano adaptado ao mercado europeu, mas o problema do preço se imporia novamente.

QUEM SÃO
A Tata Motors é a divisão automotiva do Tata Group, conglomerado indiano que atua em diversos setores da indústria e dos serviços, empregando quase 400 mil pessoas em todo o mundo. Nada mais natural que seu presidente, o septuagenário Ratan Tata, fique de olho no mercado de automóveis brasileiro, que caminha para ser o terceiro do mundo este ano.

Uma eventual instalação da Tata no Brasil já foi discutida entre ele e o bilionário brasileiro Eike Batista. Aparentemente, foi preciso entrar em cena um profissional do ramo -- Habib -- para a operação verde-amarela da Tata começar a andar.

Segundo UOL Carros apurou, Habib não pretende desistir da JAC, marca sobre a qual o aumento do IPI pode ter um efeito devastador quando os atuais estoques terminarem -- já que seu principal apelo de vendas é a relação custo/conteúdo de seus carros. O empresário tem dezenas de concessionárias de outras marcas, e representa Aston Martin e Jaguar (hoje pertencente à Tata) no país. 

A Tata Motors seria a segunda fabricante indiana de veículos a operar no Brasil, depois da Mahindra, que vende SUVs e picapes no país.

Colaborou Marlos Ney Vidal, do site Autos Segredos