Chevrolet Cruze tem a (árdua) missão de tirar atraso da GM no país
A GM do Brasil tem pressa. Corre para mostrar que não está parada no tempo. Corre tanto, que decidiu fazer do jantar de boas-vindas à imprensa brasileira que cobrirá o Salão de Frankfurt, nesta noite de sábado (10) uma espécie de pré-estreia do Chevrolet Cruze, sedã médio que substitui o Vectra. O carro, aliás, já pode ser encomendado nas lojas da marca por todo o país, conforme UOL Carros apontou, mas seu lançamento oficial ocorre apenas neste domingo na cidade alemã de Düsseldorf.
A ansiedade da GM tem sentido: por anos tem sido acusada de ser retrógrada, desatualizada, no mínimo de estar parada no tempo. Com isso, viu suas conquistas de décadas na preferência de vendas e do imaginário popular ruírem frente a investidas reforçadas por linhas mais atuais de marcas rivais. O diretor executivo Carlos Barba, responsável pelo Centro Latino-Americano de Design da marca, chegou a admitir em seu discurso neste sábado que "a GM não se ajustava tão rápido quanto o Brasil mudava".
O segmento dos médios -- um dos últimos bastiões onde a marca reinou, atualmente dominado por orientais, é um exemplo marcante da derrocada da marca como expoente consumidores mais exigentes. Assim, nem é estranho ver um modelo concebido no centro de design da GM da Coreia do Sul, como é o Cruze, ser escalado como o salvador. O estilo oriental, mais delgado, compacto e com algumas ousadias visuais é claro, como se vê nas fotos abaixo:
MANTRA GLOBAL
"O Chevrolet Cruze é um carro global, fabricado nos cinco continentes em dez unidades diferentes, incluindo a do Brasil [em São Caetano do Sul, na Grande São Paulo]", insistiram todos os executivos da GM. Esse é o mantra para fazer o Cruze pegar no país, onde será vendido em duas versões de acabamento, LT e LTZ, com preços confirmados variando de R$ 67.900 a R$ 78.900.
De fato, a marca tem vontade de gritar a todos que o carro é atual, alinhado com produtos entregues em outras partes do mundo. O motor é o Ecotec de 1,8 litro, flex, capaz de gerar 144 cavalos de potência e torque de 18,9 kgfm quando abastecido com etanol. Com cabeçote e cárter de alumínio, o propulsor tem comando continuamente variável de válvulas na admissão e no escape. Seu gerenciamento fica a cargo de caixas de câmbio de seis marchas atuais, seja com transmissão manual ou automática. A eletrônica embarcada inclui gerenciamento dos freios com ABS (antiblocante), EBD (distribuição eletrônica da frenagem), da tração e da estabilidade. E a segurança é reforçada por airbags duplos frontais e laterais de série. A versão LTZ acrescenta ainda airbags de cortina e também mimos de revestimento e entretenimento, como painel de LCD no console central com integração do GPS (no Cruze mais simples, a tela é menor, mas o sistema já conta com conectividade de tocadores MP3 e celulares).
VEJA O VÍDEO DE DIVULGAÇÃO DO CRUZE
AUDÁCIA
Com o Cruze, a GM chega a abandonar o respeito quase religioso pelo seu passado: a era dos sedãs médios largos, onde os ocupantes se sentiam soltos, acaba. O Cruze tem um estilo delgado, com formas que pregam movimento (contra construções maciças e massudas de seus antecessores) e uso de materiais que pregam esportividade, ao menos no papel.
Não espere o rótulo classudo, já que há painéis de plástico em abundância, mas com bom encaixe e acabamento (é bom frisar), bem como peças com padrão cromado e metalizado convivendo com tecido e couro. Isso já foi, a ordem agora é ser sofisticado por estar sempre em dia com o desejo praticamente constante de mudança, como também reiteram a todo instante os engravatados da Chevrolet.
A ousadia e o desejo por novidades é tamanho que, mal o Cruze foi (pré-)apresentado, Grace Lieblein (a presidente da marca para o Brasil) e Marcos Munhoz (o vice-presidente de comunicação) já apontavam um novo lançamento a ser feito ainda este ano. É preciso renovar suas divisões intermediária (onde o sedã Cobalt será a novidade), de picapes (com a nova postulante a S10) e de hatches médios (onde o astro será o Cruze de dois-volumes). A GM tem pressa, e motivos não faltam.
*Viagem a convite da GM do Brasil e da Anfavea
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