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Europeus questionam segurança de carros em colisões traseiras; compactos preocupam

Danos provocados por colisões traseiras, típicas de engarrafamento e extremamente<br>perigosas para ocupantes, ainda não são avaliados por agências de segurança - Reprodução
Danos provocados por colisões traseiras, típicas de engarrafamento e extremamente<br>perigosas para ocupantes, ainda não são avaliados por agências de segurança Imagem: Reprodução

EUGÊNIO AUGUSTO BRITO

Da Redação

21/07/2011 18h02

O que acontece quando um carro compacto -- como Gol G4, Fiat Uno, Ford Ka ou outro ainda menor -- é atingido por trás por um sedã médio, uma picape grande ou um SUV? E quais os riscos de ocupantes de carros exclusivamente da passeio num engavetamento com veículos utilitários? Os brasileiros sabem na prática, e de forma dolorosa, a resposta para a primeira pergunta, pelo menos. Mas não há, em qualquer parte do mundo, um estudo técnico sobre os reais impactos deste tipo de acidente.

A situação, no entanto, começa a ser questionada na Europa e nos Estados Unidos, países que cada vez mais passam a conviver com veículos menores, como os hatches compactos, subcompactos e as minivans já conhecidos dos países emergentes (como o Brasil). Exemplos recentes: modelos como o Fiat 500 e o Toyota iQ estão carimbando o passaporte para o mercado norte-americano; o alemão Audi A1 já circula há alguns meses nos países dos hemisfério norte em ambos os lados do Atlântico. Confira os vídeos abaixo, produzidos a pedido da revista alemã "Auto Bild":

O primeiro vídeo mostra o engavetamento entre duas peruas médias (Ford Mondeo e Opel Vectra) e o subcompacto Toyota iQ. No segundo, a "vítima" é uma minivan Renault Grand Scenic prensada por uma perua e um SUV (Mercedes-Benz ML) -- repare que a minivan não é um carro pequeno, mas pode transportar até sete passageiros em uma de suas configurações, deixando apenas 16 cm de espaço livre no porta-malas. Todos foram escolhidos por terem recebido cinco estrelas (segurança máxima) no crash test da Euro NCAP. Incluímos ainda um terceiro vídeo, mais antigo e que mostra um crash test de batida frontal, para exemplificar que tamanho faz, sim, diferença.

SEM HISTÓRICO
O principal questionamento da revista alemã é o de colisões traseiras -- que provocam graves ferimentos de coluna, tórax e cabeça, e aumentam o risco de morte dos passageiros -- não serem analisadas pelos crash tests das mais importantes organizações de segurança viária ao redor do mundo. 

O segundo diz respeito exclusivamente a modelos menores: o espaço interno exíguo, aproveitado quase que na totalidade para o transporte de pessoas, e pouco ou nenhum porta-malas seria seu ponto fraco. Esta teoria, bastante difundida nos EUA, ganha força também no continente europeu. O pensamento neste caso é que a área do porta-malas, que ficaria livre na ausência de bagagem, seria fundamental para dissipar o impacto, impedindo que o choque provocado atingisse diretamente os passageiros.

Seguindo o exemplo dos vídeos acima, os passageiros das peruas médias atingidas pelo impacto de outros dois veículos correriam menor risco de traumas decorrentes do acidente -- tudo graças à maior área livre entre a porta traseira e as fileiras de bancos.

A ausência de itens mais complexos de segurança ativa (como apoios de cabeça eficazes na redução do efeito chicote) e o menor uso de materiais de qualidade na montagem (algo comum em carros menores, de custo mais baixo) também colaboram para resultados mais drásticos.

Embora soe óbvio quando contado, nada disso é comprovado por Euro NCAP, NHTSA ou outro órgão de peso. Mas a discussão está iniciada.