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Nissan Versa mata Tiida sedã, muda nome e chega ao Brasil como 'sem-hatch'

<b>Nissan Versa em Guadalajara; no Brasil, chega em 2012 com o nome Sunny</b> - Claudio de Souza/UOL
<b>Nissan Versa em Guadalajara; no Brasil, chega em 2012 com o nome Sunny</b> Imagem: Claudio de Souza/UOL

CLAUDIO DE SOUZA

Editor de UOL Carros<br>Enviado a Guadalajara (México)

02/07/2011 22h49

A Nissan comemora seus 50 anos de operações no México com o lançamento do Versa, sedã que compartilha a plataforma global V com o compacto March. Apesar de a base ser a mesma nos dois carros, o Versa tem porte médio e, aqui no México, ficará situado entre o Tiida sedã e o Sentra na gama da marca japonesa. Ou seja, ele não é o "sedã do March", e nem tem um hatchback pronto para acompanhá-lo.

Líder no mercado mexicano, a NIssan possui atualmente 24% das vendas totais. O número corresponde a escassas 33 mil unidades este ano (janeiro a maio). A segunda colocada, a General Motors, emplacou pouco mais de 25,5 mil carros no mesmo período. Por isso a montadora não vai abrir mão do Tiida sedã no México: ele vende bem. Mas nos Estados Unidos o novo carro apresentado no Salão de Guadalajara (Siag) substitui o Tiida três-volumes, que por lá também é chamado de Versa -- e comercializado como um dos modelos mais baratos do país.

O encerramento da produção do Tiida sedã para o mercado ianque deve levar ao fim da importação dele para o Brasil, onde chega com taxa de aduana zerada. Mesmo com preço situado hoje abaixo dos R$ 45 mil (mais barato que o hatchback), o Tiida sedã não decola nas vendas -- e não deixará saudades quando desaparecer.

  • Claudio de Souza/UOL

    Traseira do Versa/Sunny segue padrão dos sedãs da Nissan; carro mede 4,45 metros

O novo Versa é outra história. No Brasil, deve receber em 2012 o nome Sunny (literalmente, "Ensolarado"), já usado pela Nissan em outros mercados. O modelo integra a ambiciosa estratégia de crescimento anunciada pela empresa na semana passada, o plano "Power 88". Modelos mais voltados ao futuro, como a gama elétrica da Nissan, são mais centrais para a empresa, mas o Versa/Sunny tem de vender até 55 mil unidades ainda este ano -- um aperitivo para chegar à meta de 100 mil unidades anuais, mencionada pelos representantes mexicanos da montadora. Esses números incluem o Brasil e outros mercados emergentes, como o chinês.

PARA TOMAR NOTA

  • Claudio de Souza/UOL

    Curvatura do teto do Versa/Sunny é acentuada e prejudica um pouco o espaço interno atrás

  • Claudio de Souza/UOL

    Interior do sedã tem peças idênticas às do March, como o volante e os comandos do ar

Juntos, o Versa/Sunny, o March e um SUV ainda por ser lançado, os três derivados da plataforma V (o modelo "secreto" é conhecido internamente como J02C), têm de chegar a 300 mil unidades/ano.

Deverá ser dura a vida desse carro que chega com design típico da Nissan: meio "esquisito", para dizer o menos. O Versa/Sunny parece um rascunho do Altima, sedã vendido pela Nissan nos EUA; seu principal problema estilístico é que dianteira e traseira não se dão bem. Num mercado como o da China, ao mesmo tempo voraz e em formação, repleto de clientes conservadores, pode até dar certo. No Brasil, porém, carro também é usado como enfeite.

COMO É O VERSA/SUNNY
Com 4,45 metros de comprimento, o Versa/Sunny apresentado aqui em Guadalajara tem propulsor a gasolina de 1,6 litro, de 106 cavalos de potência e 14 kgfm de torque. Não é uma proposta emocionante, mas pode ser racional: a Nissan anuncia 17 km/litro de consumo médio. Ao Brasil, como Sunny, deve chegar com motores flex fabricados no país pela Renault-Nissan -- há opções 1.6 e 1.8, como os usados no Livina. Airbags frontais e ABS nos freios são de série, e por dentro o Sunny tem um acabamento caprichado, embora simples. Algumas peças visíveis são compartilhadas com o March, como o volante e os comandos do ar-condicionado.

O espaço interno nos pareceu um ponto fraco do sedã. O entre-eixos é de 2,6 metros, exatamente o mesmo do Toyota Corolla, mas o carro é estreito e a curvatura do teto é muito acentuada, prejudicando a acomodação no banco traseiro. Ou seja, apesar das dimensões, o Sunny não é como o primo Renault Logan, que aceita cinco pessoas a bordo numa boa.

Especulações de preços no Brasil têm apostado em R$ 35 mil, mas esse é um equívoco derivado da falsa informação de que o Sunny era simplesmente um March com terceiro volume. Aqui no México o novo carro parte do equivalente a R$ 22.100, podendo chegar a R$ 25.300 (antes de impostos). Ou seja, é bom esperar um preço local perto dos R$ 45 mil. Que não deve mudar mesmo que o modelo seja produzido pela Nissan no Brasil, na fábrica atual ou na próxima.

Viagem a convite da organização do Siag