Topo

México lança salão do automóvel que deve revezar com o de SP

<b>Mastretta MXT, produzido por engenheiro mexicano, terá 1ª unidade entregue no Siag</b> - Divulgação
<b>Mastretta MXT, produzido por engenheiro mexicano, terá 1ª unidade entregue no Siag</b> Imagem: Divulgação

CLAUDIO DE SOUZA

Editor de UOL Carros<br>Enviado especial a Guadalajara (México)

27/06/2011 19h30Atualizada em 30/06/2011 01h26

Abre nesta semana um salão de automóveis que deverá, já na estréia, tornar-se o terceiro maior da porção das Américas abaixo do Rio Grande. Trata-se do Salão Internacional do Automóvel de Guadalajara (Siag), no México.

Com expectativa de receber 250 mil visitantes, o evento abre as portas ao público nesta cidade de 5 milhões de habitantes no próximo sábado, dia 2/7, e vai até dia 10. Essa quantidade de público deixaria o Siag atrás apenas dos salões de São Paulo (mais de 700 mil pessoas) e de Buenos Aires, na Argentina (mais de 500 mil).

Segundo a organização do Siag, 21 marcas automotivas estarão representadas no evento, entre elas, Nissan (líder do mercado), Renault, Mercedes-Benz, Peugeot e Honda. Exatamente metade das 42 marcas que operam no México.

A organização não divulgou detalhes sobre lançamentos relevantes durante o Siag, mas uma estréia confirmada é a do Ford Ikon hatch, que nada mais é que o Figo indiano, similar ao nosso Fiesta Rocam -- e que até agora só era vendido por aqui como sedã. O Siag também deve ser palco da estreia do primeiro Mastretta MXT, esportivo mexicano com motor central e chassis em alumínio e fibra de carbono.

O mercado de veículos mexicano chegou a pouco mais de 800 mil unidades em 2010, e deve atingir 850 mil este ano, segundo informações das entidades automotivas locais. O Brasil, com pouco menos do dobro da população mexicana (de 110 milhões), possui um mercado automotivo quatro vezes maior. O jornalista Fernando Calmon, colunista de UOL Carros, afirma que há uma distorção comercial: "Há a concorrência [predatória] de carros usados e seminovos vindos dos Estados Unidos", diz ele, observando que o potencial mexicano é para números muito mais expressivos.

Mas Brasil e México têm muito mais coisas em comum -- partilhadas, literalmente -- no mundo automotivo do que sugere a distância econômica e cultural entre ambos. Cerca de 50% dos modelos comercializados no México são importados -- inclusive do Brasil, membro de acordo bilateral que elimina as taxas de aduana. Alguns exemplos de carros que viajam no sentido Brasil-México são o Volkswagen Gol e o Honda City; fazem a viagem no sentido inverso Ford New Fiesta, Volkswagen Jetta e Nissan Sentra, entre outros.

NISSAN E MAZDA
O Siag ganhou importância especial para os brasileiros depois que Carlos Ghosn, chefão da Nissan, anunciou nesta segunda-feira (27) a abertura de uma segunda fábrica da marca japonesa no Brasil, bem como um volume impressionante de novos modelos até 2016 -- a partir de agora, um carro inédito a cada mês e meio, em termos globais. Uma parte relevante deles deve ser fabricada no México. Como dito, a Nissan é a líder de mercado aqui no México, feito que não consegue nem em seu país-sede, o Japão. A presença da Mazda é outra atração -- ela anunciou recentemente a construção de uma fábrica local, que deverá abastecer o Brasil com alguns modelos nos próximos anos. 

O salão mexicano tem apoio dos governos de Jalisco e dos municípios da região metropolitana de Guadalajara. O plano é que ele se torne bienal, sempre nos anos ímpares; o de São Paulo acontece nos anos pares. Como foi o caso deste ano, os eventos mexicano e argentino seriam quase simultâneos.

O México teve, até 2008, um salão automotivo realizado na capital do país, mas que foi desmobilizado a partir do ano seguinte devido a problemas administrativos. O salão de Guadalajara, por sua vez, pode consolidar-se como substituto de um evento automotivo anual de pequeno porte que vinha sendo organizado na cidade pelos distribuidores locais de veículos.

Viagem a convite da organização do Siag