Gigantes dos pneus, Pirelli e Continental lançam produtos 'verdes'
Para um veículo ser o mais ambientalmente correto possível, não basta um trem de força (motor e transmissão) que beba pouco ou nenhum combustível fóssil e que emita pouco ou nenhum gás tóxico ou do efeito estufa. Entre outras coisas, é preciso diminuir o consumo de água no processo de fabricação, usar materiais recicláveis e/ou reciclados onde for possível (por exemplo, fibras naturais em paineis e assentos) e, abaixo de tudo, optar por pneus que sejam menos agressivos ao ecossistema. Nesta semana, e quase simultaneamente, duas gigantes do setor de pneumáticos mostraram suas novas "linhas verdes": Pirelli e Continental.
A empresa italiana, cuja referência no Brasil é a fábrica em Santo André (SP), apresentou os pneus Cinturato P1, Cinturato P7 e Scorpion Verde All Season, destinados a carros compactos, de porte médio e a utilitários, respectivamente. Segundo a Pirelli, a gama pode ser usada em rodas de 13 a 20 polegadas, abrangendo cerca de 75% dos veículos que circulam no pais. Já a marca alemã, que possui uma fábrica em Camaçari (BA), traz o pneu ContiPowerContact, desenvolvido em seu país-sede e disponível para rodas de aros de 13 a 16 polegadas.
Basicamente, Pirelli e Continental asseguram que seus pneus ajudam a diminuir o consumo de combustível e as emissões de gases, além de proporcionar menos ruído na rodagem (já que poluição sonora também faz mal) e durabilidade estendida (a Pirelli chega a mencionar 100.000 km). Tais predicados, dizem ambas, não empanam a performance dos produtos: ao contrário, os novos pneus ajudam em momentos críticos da condução, como frenagens e direção sob chuva.
As razões para isso vão desde desenhos especiais nas bandas de rodagem, privilegiando sulcos e ranhuras assimétricos, até o uso de sílica (que deixa "areia" como resíduo) e polímeros ultramodernos e quase "inteligentes" na composição com a borracha natural.
SEGURA OU NÃO SEGURA?
Ao longo de dois dias, UOL Carros participou de testes com os "pneus verdes" de Pirelli e Continental, realizados no Paraná, alguns em situações de laboratório (como o Palio no dinamômetro que você vê na foto no alto desta reportagem), outros em pista e com os jornalistas ao volante.
No teste em pista molhada com o pneu ContiContactPower, aqui calçando um Volkswagen Polo, ficou evidente o ganho em aderência (e, consequentemente, em segurança) na comparação com pneus menos sofisticados de outras fabricantes
Algumas provas foram muito reveladoras. Dois Ford New Fiesta iguais e com mesmo peso a bordo, mas um deles usando pneus Pirelli comuns (ou "pretos") e outro os compostos "verdes", desceram uma pequena rampa e entraram numa superfície plana -- sem usar o motor. O carro com o novo Cinturato P1 sempre percorreu uma distância muito maior nas várias repetições do teste. Conclusão: esse pneu tem menor resistência ao rolamento (ou seja, menos atrito). Por isso, roda mais frio, poupa potência e desgasta menos. Nas provas de frenagem essa característica não prejudicou os resultados -- devido a certas características estruturais, a deformação deles durante a frenagem preserva ampla área de contato com o solo, ajudando a parar o carro.
Talvez a prova mais convincente tenha sido a de direção em piso molhado, organizada pela Continental. A bordo de diferentes modelos (Volkswagen Polo e Fiat Palio, entre outros), encaramos a pista encharcada de um kartódromo em Curitiba (PR). Com pneus da linha ContiPowerContact, os carros praticamente não derraparam, mesmo em curvas abusadas. Com pneus comuns de concorrentes da Continental (que atua no mesmo patamar de Michelin e Bridgestone), os carros patinaram e exigiram contraesterço e demais correções para evitar rodadas e visitas à área de escape.
Pneus Cinturato (na foto, o P7), da Pirelli, e ContiPowerContact, da Continental: ambos trazem banda de rodagem com desenho assimétrico e ombro externo reforçado
Como os sulcos da banda de rodagem são funtamentais na drenagem da água do piso, a linha ContiPowerContact oferece um indicador de desgaste bem específico: quando ele aparecer, a direção sob chuva fica desaconselhada.
POUPANDO O BOLSO
Se o apelo ecológico não comover o consumidor, poderá valer o argumento financeiro. Com boa parte da gama na faixa de R$ 200 a R$ 300 e custando pouco mais que os "pneus pretos" dos mesmos fabricantes (em alguns casos, apenas 3,5% mais), a promessa de economia de combustível de cerca de 6% feita pela Pirelli "devolveria" o excedente de preço em apenas 40 dias.
Na hora de trocar os pneus, o novo conjunto de quatro unidades sairia praticamente de graça -- o combustível poupado representaria o custo de 3,6 pneus. Os cálculos valem para veículos que rodem, em média, 20.000 km por ano. No caso da Continental os números são mais modestos: economia de combustível na ordem de 3% e "reembolso" de 2,3 pneus na hora de fazer a troca por esgotamento da vida útil.
As novas gamas de pneus verdes das duas fabricantes passam por homologação para eventual uso de série em modelos fabricados no Brasil. No mercado de reposição e nas revendas oficiais, os produtos chegam nos próximos dias. A Pirelli vem oferecendo treinamento especial aos funcionários desses pontos de venda, esforço necessário para trabalhar um produto mais complexo que os anteriores. Até 2014, a marca italiana espera que 30% de suas vendas sejam da linha verde. Futuramente, o número chegará a 100%. A Continental não divulgou prognósticos.
Viagem a Foz a convite da Pirelli e a Curitiba a convite da Continental
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.