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Kia Picanto renovado é forte opção para ser segundo e até primeiro carro

<b>Kia Picanto 2011 tem "boca de tigre": aspecto robusto e esportivo fez bem ao carrinho</b> - Eugênio Augusto Brito/UOL
<b>Kia Picanto 2011 tem "boca de tigre": aspecto robusto e esportivo fez bem ao carrinho</b> Imagem: Eugênio Augusto Brito/UOL

Eugênio Augusto Brito

Do UOL, em São Paulo (SP)

15/10/2010 22h31

A sul-coreana Kia Motors começou a importar para o Brasil, dois meses atrás, a mais nova geração do Picanto como modelo da linha 2011. De fato, não houve mudança de plataforma ou de componentes cruciais em relação ao modelo vendido no país até o primeiro semestre. Mas a alteração fez muito pelo subcompacto urbano: ao adotar a nova identidade da Kia, o Picanto deixa de ser apenas "simpático" e passa a figurar como uma das melhores opções para quem quer um segundo carro para a família e até mesmo para quem ainda busca o tão sonhado primeiro carro.

Neste ponto é bom esclarecer: UOL Carros não tem qualquer preconceito quanto a origem, tamanho, estilo e mesmo cor. Sem conservadorismo, podemos afirmar que com a adoção da grade frontal estilo "boca de tigre" e de adereços esportivos (spoilers, saias laterais e faixas coloridas) o Picanto é, atualmente, um dos carros com conjunto (visual e conteúdo) mais interessante em sua faixa de preço.

Por R$ 32.900 leva-se para a garagem de casa o pacote chamado J.218: o motor de 1,0 litro a gasolina com 64 cavalos é suficiente para mover com destreza os 895 kg e os 3,53 metros do carrinho, com ajuda do torque de 8,9 kgfm que chega logo cedo aos 3.000 giros e do honesto câmbio manual de cinco marchas. Dentro, até cinco pessoas podem se acomodar, segundo a fábrica (mas recomendamos: leve no máximo quatro). O porta-malas também tem tampa com comando elétrico, mas o volume é reduzido, com 220 litros disponíveis. A oferta de equipamentos, no entanto, é o trunfo: airbag duplo, direção elétrica progressiva, comando elétrico de vidros, travas e retrovisores, repetidor de seta nos retrovisores externos, luzes de neblina, desembaçador e limpador traseiros, ar-condicionado manual, rodas de liga leve aro 14, rádio/CD player com plugues iPod/USB e auxiliar (com cabos inclusos) e chave canivete personalizada (idêntica àquela utilizada por Volkswagen e Audi, mas com detalhes na cor do carro) são itens de fábrica.

Embora não seja a melhor opção em termos de dirigibilidade, quem optar por mais conforto pode pagar outros R$ 5.000 e levar, ao preço total de  R$ 37.900, a configuração J.268 com câmbio automático de quatro marchas e interior com apliques de aço escovado no console central.

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    A cidade grande é o habitat natural do "pequeno tigre" da Kia: destreza no tráfego pesado e facilidade de manobra são pontos fortes do Picanto, além do visual arrojado

Os preços são anunciados no site da Kia do Brasil como "promocionais", válidos até o final de outubro. Depois, tendem a voltar ao patamar anterior, cerca de R$ 2.000 mais caros. Mas, numa ação que também funciona como potente estratégia de marketing, tanto o pacote manual quanto o automático contam com cinco anos de garantia da fabricante. 

IMPRESSÕES AO DIRIGIR
Importante: se você tiver a chance de fazer o test-drive do modelo, como UOL Carros fez durante sete dias, deixe-o longe de alguém do sexo feminino, seja namorada, mãe, amiga ou portadora de qualquer outra qualificação. Assim, você evitará cair na bobagem de se deixar levar pela torrente de "fofura" e "que meigo" que virá, para o bem e para mal. Se você é do sexo feminino, lembre: filhote de tigre pode até ser "bonitinho", mas, antes de tudo, é um predador. Com isso em mente, coloque o carro em seu habitat natural: a cidade grande.

Ágil e esperto, o Picanto se livra mais rapidamente das roubadas habituais provocadas pelo trânsito pesado. E com dimensões reduzidas -- é menor que Fiat Novo Uno e Chevrolet Celta, tendo mais espaço interno que o primeiro -- cabe em praticamente qualquer vaga disponível.

Como qualquer carro de segmentos mais "populares" e como muitos importados, há falhas e questões a serem melhoradas. A suspensão ainda é um pouco molenga, sofrendo em terrenos muito irregulares e em lombadas, comentário que também vale para o pedal de embreagem; o motor dá conta do recado, mas obviamente vai penar um pouco para escalar ladeiras muito íngremes; o acabamento interno, com tecidos e plásticos em tons claros, mancha e risca com mais facilidade; e a inexistência de ajuste de altura para os cintos de segurança, do computador de bordo e, por fim, do travamento automático de portas com o carro em movimento são mancadas que não precisavam ter sido dadas.

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Mas o ótimo acerto do câmbio (repetimos: escolha o manual de cinco marchas!), a direção com assistência elétrica, a boa visibilidade e o painel de instrumentos formatado como num cockpit, voltado para o motorista, compensam as falhas e tornam a vida do condutor bem mais prazerosa. Também é tranquila a vida de outros três ocupantes, que viajam com bom espaço e podem conversar em paz (ou curtir o som de rádio, CD ou tocadores de MP3), devido ao bom isolamento acústico da cabine. 

Por fim, você deve estar disparando que "o carro não é flex". A Kia jura de pés juntos que isso vai mudar em sua linha a partir de 2011 (com modelos 2012, portanto). Mas a autonomia do modelo a gasolina, com seu tanque de 35 litros, foi de quase 250 quilômetros rodando apenas na cidade, encostando nos 400 quilômetros na média combinada (cidade e estrada).