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Ford Fiesta Sedã ganha impulso de cara nova, mas insiste em erros

Alterações concentram-se na dianteira do modelo, que adotou o estilo Kinetic - Jorge Rodrigues Jorge/Carta Z Notícias
Alterações concentram-se na dianteira do modelo, que adotou o estilo Kinetic Imagem: Jorge Rodrigues Jorge/Carta Z Notícias

Da AutoPress

Especial para o UOL

12/07/2010 07h00

Num mercado concorrido, quem não mostra novidades, mesmo que relativas, fica para trás. Neste panorama, a leve remodelação que a Ford promoveu em abril “apimentou” o Fiesta baiano. Para brigar no segmento de compactos um pouco mais sofisticados -- onde estão modelos como Volkswagen Polo, Fiat Linea e Honda City --, desembarca do México, em setembro, um tempero ainda mais forte: o Fiesta sedã da sexta geração, lançada na Europa em 2008.

Enquanto esse Fiesta mais refinado não chega para enfrentar os pequenos sedãs premium, a versão remodelada do Fiesta de quinta geração encara modelos de três volumes menos elitizados, como Volkswagen Voyage, Fiat Siena e Chevrolet Corsa.

Em um momento delicado de reorganização do mercado pós-IPI, foi justamente na versão três volumes que a ligeira mudança realizada no compacto da Ford mais se refletiu nas vendas. O Fiesta sedã comercializou 2.778 unidades em junho, número 27,5% superior às vendas de maio. Com esse resultado, tornou-se o automóvel com maior aumento percentual de vendas de junho, seguido pelo Renault Logan -- que cresceu 21,9% --, outro sedã que também ganhou fôlego com uma atualização recente.

O novo visual do Fiesta feito em Camaçari veio emprestado do Figo, lançado pela Ford na Índia em setembro do ano passado. Na dianteira, novos faróis com formato de folha avançam sobre as laterais. Segundo a marca, o novo conjunto óptico promete aumentar em até 50% o volume de luz projetada em uma distância de 15 metros. A grade frontal virou um estreito friso cinza, que liga os faróis e continua ostentando o tradicional emblema oval da Ford. No para-choque dianteiro, faróis de neblina ganharam nova moldura e a entrada de ar, agora em colmeia hexagonal, transmite visual mais agressivo.

FICHA TÉCNICA
Ford Fiesta Sedã 1.6

Motor:Flex, dianteiro, transversal, 1.598 cm³, quatro cilindros em linha, duas válvulas por cilindro. Injeção eletrônica multiponto sequencial.
Transmissão:Câmbio manual com cinco marchas à frente e uma à ré. Tração dianteira. Não oferece controle de tração.
Potência máxima:101/107 cv a 5.500 rpm com gasolina/etanol.
Torque máximo:14,5/15,3 kgfm a 4.250 rpm com gasolina/etanol.
Diâmetro e curso:82 x 75,50 mm. Taxa de compressão 12,3:1.
Suspensão:Dianteira independente tipo Mc Pherson, molas helicoidais, braços inferiores e amortecedores hidráulicos de dupla ação. Traseira tipo eixo auto-estabilizante com barra de torção, molas helicoidais e amortecedores. Não oferece ESP.
Freios:Disco nas rodas da frente e tambor atrás. Oferece ABS como opcional.
Pneus:175/65 R14.
Carroceria:Sedã em monobloco com quatro portas e cinco lugares. Com 4,22 metros de comprimento, 1,76 metro de largura, 1,48 metro de altura e 2,48 metros de distância entre-eixos.
Peso:1.098 kg, com 452 kg de capacidade de carga.
Tanque:54 litros.
Porta-malas:487 litros.

As novas linhas da dianteira não se harmonizam tão bem com as traseiras, onde o velho estilo New Edge ainda é predominante -- no Fiesta que virá do México já predomina o Kinetic Design, a atual referência visual da Ford. A parte posterior do modelo permanece basicamente a mesma desde 2005, ano de lançamento da configuração sedã. Nesta nova versão, as únicas modificações são lanternas com as seções redivididas -- porém mantendo o conjunto com o mesmo formato -- e para-choques levemente mais robustos, com dois pequenos refletores integrados na parte inferior.

Por dentro, o acabamento simples do sedã baiano foi levemente melhorado com nova padronagem de tecido, que o deixou um pouco mais agradável em relação às versões anteriores. O painel de instrumentos ganhou grafismos mais modernos, iguais aos do EcoSport, além do sistema “always on” -- iluminação sempre ligada. A cor do console muda de acordo com a versão: preto na Fly e prata na Pulse.

A função de mover o modelo permanece a cargo dos mesmíssimos veteranos motores Zetec Rocam 1.0 -- com potência de 69 cv e 73 cv -- e 1.6, capaz de gerar 101 cv e 106 cv, com gasolina e etanol, respectivamente. Os números do motor são os mesmos do Fiesta antigo, mas os preços, grandes atrativos do modelo, não. Os valores tiveram um ligeiro aumento desde a versão 1.0, que custa a partir de R$ 33.550. Já o Fiesta equipado com propulsor 1.6 começa suas vendas em R$ 37.650. Completa, esta última variante chega aos R$ 44.810. O Fiesta “top” que chegará do México deve se situar na faixa de R$ 50 mil e fará a transição entre o Fiesta baiano e o Focus mais básico.

De fábrica, a versão básica Fly vem equipada com travas elétricas, alarme e abertura elétrica do porta-malas por meio de um botão no painel, assim como o Ford Ka. Ainda de série, esta versão traz aviso sonoro de faróis acesos, luz no painel com alerta de manutenção programada, iluminação no porta-malas, ajuste de altura no banco do motorista e travamento automático das portas a 15 km/h.

Já a versão Pulse recebe acabamento mais caprichado, além de computador de bordo, faróis de neblina, luz de leitura direcional, faróis cromados, entre outros. Para equipar melhor o modelo é necessário adquirir os “pacotes” da Ford. O kit Class custa R$ 5.250 e traz direção hidráulica, ar-condicionado e vidros elétricos. Por R$ 2 mil, o kit Segurança acrescenta airbags frontais e freios ABS. Com os dois kits, o preço já se aproxima bastante do que deve custar a versão mais básica Fiesta de sexta geração mexicano, que inicialmente virá apenas na configuração sedã. (por Marcelo Cosentino)

IMPRESSÕES AO DIRIGIR
Efeito além da causa

À primeira vista, a nova dianteira do Fiesta produzido na Bahia -- que evoca o estilo Kinetic que marca o design dos novos modelos da Ford -- até agrada.

Principalmente ao ser comparada à do modelo anterior, já bastante datada. Mas está obviamente defasada em relação a realmente nova sexta geração deste modelo, com visual mais moderno e bonito, e que já é comercializada na Europa, Ásia, Estados Unidos, Canadá e no México. Da fábrica mexicana virá a nova versão do modelo que competirá no mercado nacional em um segmento superior, com Honda City, Volkswagen Polo e Fiat Linea. Enquanto isso, a planta de Camaçari, na Bahia, continua produzindo a quinta e agora remodelada versão do três volumes, que aproveita a mesma plataforma já utilizada no modelo anterior para encarar sedãs como Fiat Siena, Volkswagen Voyage e Chevrolet Corsa.

Mesmo com este “delay”, as linhas dianteiras do novo Fiesta brasileiro ficaram mais fluidas, enquanto a traseira -– sem modificações consideráveis -– preserva um aspecto um tanto anacrônico. Apesar desse ligeiro conflito, o visual do modelo parece ter agradado –- tanto que trouxe um aumento expressivo nas vendas.

Por dentro, o Fiesta 2011 repete alguns erros do modelo passado. O design interno pouco inspirado apresenta vasta utilização de material plástico, parafusos aparentes e encaixes pouco precisos. O destaque positivo vai para o painel com iluminação “always on”, que auxilia a leitura dos gráficos em quaisquer situações de luminosidade. A versão testada, Pulse, é equipada com um útil computador de bordo com funções como temperatura, consumo instantâneo, consumo médio, autonomia e média de velocidade. Quanto ao espaço interno, o habitáculo do Fiesta comporta quatro pessoas comodamente. Um quinto passageiro, contudo, já compromete o conforto dos outros.

Dinamicamente, o Fiesta não apresenta novidades. E segue sendo um sedã compacto bem acertado. O carro é agradável de dirigir e o veterano motor Zetec Rocam 1.6 litro 8V até que dá conta do recado. Capaz de gerar 107 cv, o propulsor garante boa aceleração e ultrapassagens com eficiência e segurança. Na estrada e abastecido com etanol, o Fiesta 1.6 sedã se mostrou razoavelmente ágil, embora não seja um bólido. Contudo, a aceleração do motor pode ser sentida na cabine a partir dos 100 km/h, o que revela que a vedação acústica é falha. Em relação ao consumo, os 7,2 km/l registrados com etanol em trajeto 2/3 urbano são um número dentro da normalidade no segmento.