Fiat Siena EL aposta no preço baixo para se manter em alta
A Fiat se vale da aparência de modernidade para atrair o consumidor à compra de um Siena. O sedã compacto da montadora italiana vendeu 12.063 unidades em outubro. A Chevrolet aparece à frente no ranking da Fenabrave, mas com uma dupla que "pontua" como se fosse um -- Corsa sedã e Classic registraram 12.156 (números apenas do Classic, não registrados oficialmente pela entidade, apontam 9.380 unidades para o Classic, o que deixaria o Siena na liderança). No ano, o Siena marcou 94.323 unidades, resultado positivo que se deve por conta da comercialização do EL 1.0, versão intermediária do Siena que representa 44% do mix de vendas do sedã da marca, ao custo inicial de R$ 30.570.
Com acabamento agradável, mas sem luxos, Fiat Siena EL se dá bem em território urbano
Lançada ainda no primeiro semestre de 2009, a versão EL ocupa lugar entre a Fire 1.0 (R$ 27.700) e a ELX 1.0 (R$ 34.220). Visualmente, adotou a frente "rejeitada" do Palio 2008 (que, no hatch, deu lugar à fachada atual com faróis de dupla parábola e grade atualizada) no início do ano. Mas está longe de ser um fiasco por conta disso, pelo contrário. Quando comparado aos seus principais rivais, a versão mostra seus pequenos trunfos.
A configuração é a única que vem de série com itens como computador de bordo, direção hidráulica e alerta de limite de velocidade. Desta forma, briga com o Chevrolet Classic 1.0 e o Renault Logan 1.0, que chegam "pelados" por respectivos R$ 26.043 e R$ 28.480. Com ar-condicionado, vidros e travas elétricos, o Siena EL alcança R$ 34.156. Já o modelo da GM fica em R$ 30.939 e o exemplar da Renault é oferecido a R$ 32.830 com ar e direção, mas sem vidros ou travas elétricos.
Motor Fire 1.0 flex, com 75 cv e 9,9 kgfm de torque (álcool), faz o zero a 100 km/h em longos 16,4 s, com máxima de 155 km/h, segundo a fábrica
Com isso, a Fiat coloca o Siena EL 1.0 para brigar com sedãs compactos "de entrada" e deixa a configuração ELX 1.0 com os mesmos itens, mas com design atualizado, para duelar com modelos teoricamente mais bem acabados, como Volkswagen Voyage 1.0 e Ford Fiesta sedã 1.0. O baixo custo da versão do Siena, no entanto, deve-se, em parte, à plataforma defasada, datada de 1996. O Classic também apresenta arquitetura decana, de 1994. Já o Logan possui o chassi mais recente, criado em 2004.
Em termos de motorização, o Siena chega impulsionado pelo conhecido propulsor Fire 1.0 flex, que alcança 73 cv de potência com gasolina e 75 cv com álcool, sempre a 6.250 rpm. O torque é de modestos 9,5/9,9 kgfm (gasolina/álcool).
Sem a frente nova do Siena ELX ou a cara antiga do Siena Fire, o EL deverá ser, em breve, nomeado "versão de entrada" pela Fiat. É que a configuração Fire, ainda com as lanternas traseiras trapezoidais, deve sair de cena em alguns meses. A intenção da montadora, a partir daí, é aumentar ainda mais a participação de vendas e manter a "clientela", mais apegada à economia, que procura pelo Siena Fire.
POR DENTRO
O Siena EL é bastante resolvido em termos de funcionalidade. O computador de bordo possui funções interessantes como distância, consumo médio, consumo instantâneo, autonomia, velocidade média e tempo de percurso. Os comandos do painel são bastante intuitivos e de fácil acesso. O câmbio tem engates suaves, mas é pouco preciso.
O habitáculo é razoável como na maioria dos compactos. Motorista e carona contam com bom espaço, mas não contam com luxo -- o acabamento agrade por não contar com rebarbas ou componentes aparentes, mas o isolamento acústico filtra pouco o ruído do motor, especialmente depois dos 100 km/h.
Atrás, dois passageiros viajam sem apertos, enquanto um terceiro ocupante causa desconforto a todos (bem como a si mesmo) e tem de se virar com o cinto de segurança sub-abdominal, no lugar do equipamento de três pontos disponível para os demais. O ponto de destaque vem dos encostos traseiros de cabeça, no formato de vírgula (que se encaixam bem sobre os bancos quando não utilizados), e disponíveis para todos. E do porta-malas com satisfatórios 500 litros de capacidade.
Interior tem bom padrão de acabamento, sem excessos, nem imperfeições
IMPRESSÕES AO DIRIGIR
É ao rodar que o Siena EL mostra ser claramente um veículo urbano, feito para o dia-a-dia dos grandes centros, com tráfego tumultuado, e menos para escapadas e viagens rodoviárias.
Embora não tenha ajuste de altura ou profundidade em sua coluna, a direção hidráulica precisa facilita o controle do sedã, assim como o câmbio suave agrada em situações de anda-e-para. A qualidade do estofado de assentos, bem montados e com firmeza na medida, também ajuda na tarefa de quem passa boa parte do dia dentro do carro.
Em perímetro urbano, o motor Fire 1.0 de 75 cv com álcool dá conta do recado e, em conjunto com o câmbio, permite manter uma condução ritmada, com boa aceleração quando necessário.
Mas a coisa muda quando o sedã é colocado em trechos onde a potência é exigida, como aclives e trechos rodoviários. Nestas ocasiões, o motorista precisa ter paciência e utilizar a equação marcha abaixo/ladeira acima, e a noção de que terá de dosar o fôlego do bloco "mil", que vai gritar em giros mais elevados e velocidades na casa dos 100 km/h.
O motorista deve ter atenção ainda com a suspensão, que filtra bem imperfeições do nosso asfalto, mas prega peças (junto com a rigidez da carroceria) em velocidades maiores e em curvas acentuadas. É quase inevitável ter de corrigir as escapadas da dianteira.
A média de consumo ao longo do teste (2/3 em regime urbano) ficou na casa dos 8,5 km/l, com etanol, o que nos permitiu rodar cerca de 400 km com um tanque (que tem 48 litros de capacidade).
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