Multa 730% mais cara por ultrapassagem perigosa protege motos

Por pouco o motociclista João Alves, morador de Itagimirim (BA), não perdeu sua vida na rodovia BR-101. Ele trafegava à noite quando percebeu um veículo invadindo sua pista. Teve tempo de desviar para o acostamento; o choque foi inevitável, mas sua reação permitiu que o acidente terminasse sem gravidade.
Já na BR-280, em Santa Catarina, o estudante Renan Ribas usava uma câmera no capacete e, com ela, gravou a cena de um carro que atravessou a pista e passou a centímetros de sua moto. Na sequência, o motorista colidiu com outros automóveis.
Infelizmente, estas são situações comuns no trânsito brasileiro. Segundo a Polícia Rodoviária Federal, ultrapassagens perigosas são responsáveis por 35% dos acidentes nas estradas do país. A maioria é resultado da imprudência dos condutores, que insistem em forçar manobras proibidas.
Tal medida deve ser considerada um grande avanço na legislação. Fazer doer mais no bolso dos infratores é um remédio amargo, mas que pode ser eficaz. Se isso forçar os condutores a serem mais cautelosos, então teremos um trânsito mais seguro, especialmente para um dos lados mais fracos -- o dos motociclistas. Já que o bom senso, por si só, nem sempre vai atrás do volante ou do guidão, quem sabe este não seja um novo escudo para as vítimas da irresponsabilidade?
LEI DO MAIS FORTE
Enquanto os infratores não são punidos de forma mais incisiva, o que impera em nossas rodovias é a lei do mais forte, especialmente nas regiões Centro-Oeste, Norte e Nordeste. Carretas enormes ultrapassam perigosamente nas rodovias de pista simples (há vários registros nos sites de vídeos online), e cabe ao veículo que vem no sentido contrário sair da frente para evitar a colisão.
Se der sorte, o motorista consegue se safar usando o acostamento -- quando existe um. Outra prática ousada, que beira a insanidade, é a chamada "quebra de asa".
As péssimas condições do asfalto e a falta de sinalização colaboram para a sensação de impunidade, especialmente nas regiões mais carentes do Brasil. Neste cenário, quem viaja de moto é a vítima mais vulnerável. Curiosamente, são as famílias dessas regiões mais isoladas que mais dependem da motocicleta para o deslocamento diário. Muitas são obrigadas a atravessar ou trafegar por rodovias sem nenhuma fiscalização todos os dias, ficando à mercê da imprudência dos viajantes.
Infelizmente, o fato de ser a parte mais frágil do trânsito não impede que motociclistas também forcem situações de risco, como ultrapassagens em pontos inadequados. Parte deles acaba pagando com a própria vida.
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