Viajar de moto pela América do Sul é mais fácil do que se imagina
Os veículos trilheiros -- motos bigtrails ou utilitários 4x4 -- são as primeiras opções a surgirem na memória quando o assunto são as longas viagens e expedições de aventura. Falando especificamente de motos, modelos como Yamaha XT 1200Z Super Ténéré, BMW R 1200 GS, Honda VFR 1200 X Crosstourer e Triumph Tiger Explorer são alguns dos modelos considerados capazes de cruzar o mundo.
Seja uma longa travessia intercontinental ou uma viagem de final de semana, quem compra uma destas motos pensa em fugir do cotidiano e descobrir novos lugares, novas sensações. Relatos se proliferam em meios de comunicação e mídias sociais, com destaque para dificuldades e sufocos superados pelos viajantes.
Quem acompanha tais histórias pode imaginar que para realizar uma grande jornada é preciso ser piloto coragem de Indiana Jones sobre uma moto "super aventureira". Mas não é bem assim. Boa parte disso é exagero do viajante ou do marketing das fabricantes.
Atualmente, estradas de países sul-americanos como Peru, Colômbia, Equador e Venezuela oferecem ótima pavimentação, sinalização e -- em boa parte do trajeto -- podem ser percorridas com qualquer tipo de moto.
POR DENTRO
Outras fotos, relatos e informações podem ser encontrados no blog da expedição.
EXPEDIÇÃO
Quem garante é o fotógrafo e jornalista brasileiro Marcelo Vigneron, que já fez parte de três edições da Expedição Interoceânica, que acontece desde 2011. Neste ano, participaram 60 pessoas, 12 caminhonetes e nove motos. Como uma trupe de circo, a chegada da expedição agitava as cidades onde passava, com direito a balão de ar quente inflado na praça principal a cada chegada.
"Com olhos que brilhavam, as pessoas queriam subir no balão e nas motos para tirar fotos com suas crianças, familiares, e diziam: 'Eu também quero viajar assim'", relata Vigneron.
Viajar é algo fascinante e que atrai a atenção da mídia. E a Expedição Interoceânica aproveita-se disso para fomentar o turismo e os negócios entre os países que fazem fronteira com a região Norte do Brasil.
Em 2013, a maratona começou na cidade de Cuiabá (MT) passou por Peru, Colômbia, Equador e Venezuela e terminou em Manaus (AM). Sem qualquer problema com as estradas, motos e picapes percorreram 12.000 km sem pneus rasgados ou rodas amassadas, fatos comuns nas estradas brasileiras, algo que eu mesmo comprovei ao viajar até o Acre.
Das boas condições das estradas dos países vizinhos, se aproveitaram motos como a enorme Honda Gold Wing 1800, com seus 387 kg (a seco). Com ela, piloto e garupa cumpriram a jornada sem qualquer problema mais grave em relação ao piso e condições gerais das estradas. "O único problema que tivemos na viagem ocorreu por conta de um buraco imenso que soltou a mola do cavalete da Gold, mas isso ainda no Brasil", comenta o fotógrafo.
Infelizmente, outra conclusão do viajante é a agressividade do motorista brasileiro. Aqui, o condutor não facilita a ultrapassagem, não mantém distância da moto e dirige como se estivesse em uma competição. "No geral, não vivemos esse tipo de situação nos outros países, com exceção de um stress de chegada num domingo à noite em Bogotá", lembra Vigneron. "A cidade estava enlouquecida no congestionamento".
RISCOS E GANHOS
Claro, nem tudo são flores em uma viagem desta duração. É preciso estar atento às distâncias e à autonomia da moto, principalmente nos trechos da Cordilheira dos Andes. Já em países como a Venezuela, a gasolina tem preço irrisório, mas existem enormes filas para abastecer. Talvez a existência de poucos funcionários, equipamentos antigos nos postos além da onipresença de carrões americanos, sempre sedentos por gasolina, expliquem parte desta questão.
Na Colômbia, o problema é o risco de ações dos guerrilheiros das FARC. "Por sermos um grupo muito grande que chegava às cidades e tinha destaque na mídia, o governo optou pela escolta", lembra o jornalista.
O roteiro oferece imagens maravilhosas e surpresas interessantes, até mesmo para viajantes veteranos. "O Equador foi uma surpresa muito positiva, não esperava ver um lugar tão interessante", disse Oswaldo Xavier Dias, idealizador da Expedição Interoceânica.
Viagens como essa derrubam alguns mitos. Entre eles, a necessidade carro ou moto mais preparados para conhecer outros países. Mas, quando rodar pelo Brasil, dependendo da estrada, prefira uma moto pronta para enfrentar os buracos e escapar da "ira" de outros condutores. No fim, fica a lição de que é possível conhecer muito do mundo com planejamento, algum cuidado e sede de aventura.
Cícero Lima é jornalista especializado motos e com gosto por aventuras
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