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Kawasaki Ninja ZX-6R 636 ganha salto de potência; leia impressões

Arthur Caldeira

Da Infomoto

09/08/2013 19h24

Nada substitui um motor com maior capacidade cúbica, afirma um ditado. A Kawasaki certamente concorda. Na recente renovação em sua linha de motocicletas, a fábrica apostou em motores maiores. A pequena Ninja 250 virou 300, a naked Z, que era 750, agora tem 800 cc e a superesportiva ZX-6R ganhou exatos 37 cm³, para voltar a ser 636, como aconteceu entre 2003 e 2007. A nova capacidade cúbica do motor ganhou destaque na lateral da carenagem do modelo 2013 da Ninja.

Entretanto, na ZX-6R o motor maior e mais potente não são as únicas novidades. Agora controle de tração, dois novos modos de pilotagem e modernos freios ABS resultam em um pacote eletrônico completo.

De acordo com pesquisa feita pela própria marca, 80% dos proprietários do modelo pilotam somente em estradas. "Desde 2007, quando a ZX-6R voltou para as 600 cc, a moto passou a ser focada no usuário que vai para a pista. Agora os engenheiros queriam que agradasse a um espectro maior de motociclistas", afirmou Yoshi Sakakihara, engenheiro de produto da empresa.

Custando R$ 52.990 na versão completa (R$ 49.990 sem freios ABS), a ZX-6R 2013 é mais cara que a atual Honda CBR 600 RR (R$ 50.900), sua principal concorrente, que tem freios ABS, mas não possui controle de tração. A Kawa ainda tem desenho mais moderno e mais tecnologia.

FICHA TÉCNICA

  • Renato Durães/Infomoto

Kawasaki Ninja ZX-6R 636 2013
+ Motor: Quatro cilindros em linha, 636 cm³, refrigeração mista
+ Potência: 137 cv a 13.500 rpm
+ Torque: 7,2 kgfm a 11.500 rpm
+ Câmbio: Seis marchas
+ Alimentação: Injeção eletrônica
+ Dimensões: 2.085 mm x 705 mm x 1.115 mm (CxLxA)
+ Peso: 194 kg (em ordem de marcha)
+ Tanque: 17 litros
+ Preço: R$ 52.990 (com freios ABS)

MAIS FORÇA
Além de ser um bom argumento de vendas, a maior capacidade cúbica traz outros benefícios para o motociclista. Agora o propulsor tem mais torque em uma rotação mais baixa -- 7,2 kgfm a 11.500 rpm, contra os antigos 6,8 kgfm a 11.800 rpm.

Além disso, o modelo 2013 demonstra bastante suavidade na entrega de potência e torque suficiente para rodar em rotações mais baixas (pelo menos acima de 4.000 rpm), até mesmo na cidade, sem muitas reduções de marchas -- em estradas pode-se engatar a sexta marcha e rodar sem a necessidade de trocas. Mesmo nessas condições a nova alimentação de combustível (com apenas um bico por cilindro, em vez dos injetores duplos) não demonstrou engasgos ou "buracos".

Derivado do antigo (que tinha 599 cm³), o novo propulsor ganhou mais capacidade com o aumento do curso, que passou a ter 45,1 mm. Isso fez com que o diâmetro se mantivesse nos mesmos 67 mm. O propulsor tem a mesma largura (e continua sendo montado no mesmo quadro perimetral em alumínio prensado).

A potência pode ser facilmente aumentada em um motor maior. Na Ninja ZX-6R 636 são quase 10 cavalos extras: dos antigos 128 cv para os novos 137 cv. Bem abaixo das 1.000 cc, mas acima das concorrentes (a Honda CBR 600 RR tem 120 cv) e o suficiente para divertir bastante, acredite.

Ajuda a domar a força maior o novo pacote eletrônico. Uma arrancada de semáforo com mais ímpeto fez a roda dianteira levantar do chão, por pouco tempo. O KTRC (Kawasaki Traction Control, ou seja, controle de tração da Kawasaki) entra em ação e não permite grandes "empinadas".

Ao exemplo de outros modelos da marca, o sistema traz três níveis de atuação, além da possibilidade de ser desligado. O nível "1" é menos intrusivo e indicado para pilotos experientes. O "2" é o recomendado para rodar nas ruas e estradas. O nível "3", mais atuante. deve ser usado em asfalto molhado ou superfícies lisas.

Os dois modos de mapeamento do motor, "Full" e "Low", são outra novidade eletrônica. O "Full" (cheio) entrega toda a potência, já o "Low" (que em tradução literal significa baixo) tem o mesmo desempenho em baixos regimes, mas a partir de 10.000 rpm fica mais manso e entrega cerca de 20% menos potência. De tão suave e linear que é esse propulsor, não foi preciso optar pelo modo mais comportado.

TAPA NA CARA

  • Renato Durães/Infomoto

    Faróis ficaram maiores e com novo formato, assim como os piscas integrados à carenagem

ESPAÇOSA
Parecida com a irmã maior ZX-10R, a nova Ninja 636 tem dimensões menores. Pilotos de estatura menor, que acham a superesportiva de 1.000 cc grande demais, encaixam-se melhor neste modelo. A distância do guidão transmite a sensação de mais controle e até certo conforto.

O triângulo de ergonomia formado pelas pedaleiras, banco e guidão manteve-se o mesmo. O assento continua "espaçoso", já que a comparação é feita com outras esportivas. Há espaço suficiente para se movimentar de forma mais esportiva sobre a ZX-6R, em curvas, ou mesmo assumir posição de pilotagem mais confortável em rodovias.

As suspensões, novas, contam com garfos telescópicos invertidos com funções separadas (Separate Function Fork), que têm molas nas duas bengalas, mas os ajustes de pré-carga são feitos na direita e os de compressão e retorno, na esquerda -- facilitando a vida do piloto. Com 120 mm de curso, ela têm acerto mais rígido e esportivo, mas não vai mal em estradas onduladas. Tudo é sempre ajudado pelo monoamortecedor Showa, completamente ajustável, com uma mola mais macia na traseira.

A atuação firme do conjunto dianteiro resulta em uma superesportiva bastante obediente e fácil de deitar nas curvas: o ângulo de cáster foi levemente reduzido no modelo 2013. Mesmo ainda longe do seu limite de inclinação, a segurança transmitida pela ciclística bem equilibrada permite se divertir bastante em estradas sinuosas.

No quesito segurança, os freios merecem destaque. As pinças antigas foram substituídas por novas peças monobloco da Nissin que, agora, mordem discos de 310 mm (10 mm maiores do que o anterior) na roda dianteira. São precisos, eficientes e proporcionam frenagens seguras. O sistema ABS (que não pode ser desligado) é de última geração e inteligente -- utiliza, além dos sensores nas rodas, sinais como a pressão hidráulica e informações da ECU para dosar sua atuação. Na estrada, não comprometem nem mesmo uma pilotagem mais esportiva.

ACIMA DA MÉDIA
Depois de cerca de 300 km com a moto, podemos concluir que a nova está "acima da média". Principalmente se comparada às suas concorrentes diretas, como a Honda CBR 600 RR (à venda no Brasil), Suzuki GSX-R 600 e Yamaha YZF R6.

A nova Ninja 636 é a única esportiva entre as japonesas de média capacidade que conta com um completo pacote tecnológico de segurança: freios ABS, controle de tração e dois modos de pilotagem. Além disso, tem motor mais potente e ciclística digna de motos de 1.000 cc.