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Motovelocidade: a superestreia de Moreira e a 1ª vez de Bastianini

Diego Moreira (10) estreia no Mundial da Moto3 com um excelente 6º lugar - Dorna/divulgação
Diego Moreira (10) estreia no Mundial da Moto3 com um excelente 6º lugar Imagem: Dorna/divulgação

Colunista do Uol

07/03/2022 14h11

O Grande Prêmio do Qatar confirmou estrelas, a do italiano Enea Bastianini, que venceu pela primeira vez na categoria principal, a MotoGP, e a do brasileiro Diogo Moreira, excepcional 6º colocado em sua estreia no mundial da Moto3, a categoria de entrada.

Moreira foi voraz. Esqueceu das dificuldades nos treinos e da amarga 18º posição entre os 29 inscritos e, já na primeira curva, estava na 10º posição. Mais duas curvas e era oitavo colocado. Martelou voltas rápidas no início da corrida como se fosse um experiente conhecedor da pista, que na verdade viu pela primeira vez dois dias antes. Não perdeu contato com o grupo de ponteiros durante as 18 voltas que durou a corrida, e colheu o melhor resultado de um brasileiro estreando no principal campeonato da motovelocidade, um espetacular sexto lugar.

Quem estreia no campeonato mundial, em qualquer uma das três categorias, tem como principal objetivo terminar a corrida, cruzar a linha de chegada. Objetivo mais pretensioso é marcar um pontinho, dado ao 15º colocado. Diego Moreira estreou faturando dez pontos de uma só vez. Para situar o leitor, Eric Granado disputou duas temporadas completas na Moto3 (2013 e 2014), e nos 31 Grande Prêmios em que participou marcou um total de 9 pontos.

O nome de Diego Moreira já estava no caderninho dos olheiros desde o ano passado, quando brilhou na Red Bull Rookies Cup. Fez teste para ingressar na mais forte equipe da categoria, a do finlandês Aki Ajo, mas acabou perdendo a vaga para o espanhol, Daniel Holgado, que foi modesto 16º no Qatar.

A ótima estreia de Diogo Moreira poderia fazer Aki Ajo lamentar a escolha de Holgado, mas experiente que é, sabe que será a continuidade de resultados bons que faz pilotos rápidos virarem campeões. E é na continuidade de Diogo que eu e todos os brasileiros fãs do motociclismo apostamos, e assim termos o campeão mundial que nunca tivemos.

MotoGP - Dorna/divulgação - Dorna/divulgação
Enea Bastianini, vitorioso no GP do Qatar da MotoGP
Imagem: Dorna/divulgação

Na categoria principal, a MotoGP, Enea Bastianini, apelidado de "Bestia", - algo como fera em italiano - venceu no Qatar. No ano passado, sua temporada de estreia na categoria, Bastianini impressionou ao conquistar dois pódios (3º lugar) com uma Ducati de 2019, inferior às demais. Este ano lhe deram uma Ducati de 2021, e com ela "Bestia" devorou seus adversários no GP do Qatar, inclusos nesta refeição os pilotos oficiais da Ducati que dispõe da moto 2022.

Competindo pelo Team Gresini, uma equipe satélite que usa material bom, mas não top, a vitória do rapaz na abertura da temporada confirma não só seu talento como também uma impressão corrente no paddock da MotoGP desde os testes pré-temporada, a de que a Ducati 2021 é uma moto melhor do que a nova, de 2022. Para a equipe oficial pela qual competem Francesco Bagnaia e Jack Miller, dar marcha a ré e voltar ao equipamento do ano anterior para disputar os próximos GPs é fácil. Bem mais difícil é contrastar o brilho da pilotagem de Enea Bastianini, que tem tudo para continuar no topo da MotoGP e ser a grande estrela de 2022.

MotoGP - Dorna/divulgação - Dorna/divulgação
No GP do Qatar, as Honda de Pol Espargaró e Marc Márquez seguidas pela KTM de Binder e da Ducati de Bastianini
Imagem: Dorna/divulgação

Uma salva de palmas merece a marca austríaca KTM, capaz de dar o sul-africano Brad Binder uma moto que apavorou as fortíssimas Honda de Pol Espargaró e ele, Marc Márquez, que no Qatar confirmaram o que já se sabia: a Honda fez um motaço para esta temporada, e será presença constante nas posições de ponta. Todavia, além da Ducati, também a KTM está no jogo, assim como a Aprilia, boa 4ª colocada no GP de abertura do ano.

Infelizmente a Yamaha, marca que deu a Fabio Quartararo o título mundial de 2021, decepcionou nesta corrida: uma 9º colocação para um piloto como Fábio é sinal de que no box da Yamaha o trabalho para acertar a montaria para o próximo GP, na Indonésia, no próximo dia 20, precisará ser intenso. A ver...