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Longe das pesquisas, interesse por carros ainda é alto e justificável

No primeiro mundo, levantamentos apontam jovens mais interessados em tecnologia do que em carros; em países como o Brasil, cenário pode ser outro -- ninguém foi atrás da resposta, porém - Suzanne Plunkett/Reuters
No primeiro mundo, levantamentos apontam jovens mais interessados em tecnologia do que em carros; em países como o Brasil, cenário pode ser outro -- ninguém foi atrás da resposta, porém Imagem: Suzanne Plunkett/Reuters

Colunista do UOL

26/11/2013 19h43Atualizada em 27/11/2013 10h26

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Um dos temas recorrentes nos últimos tempos são as análises sobre a diminuição de interesse das pessoas pelo automóvel, em especial os jovens. Há muito lirismo nesses diagnósticos, às vezes baseados em pesquisas cujas perguntas são direcionadas para as respostas.

Bastam dois exemplos: em São Paulo apontaram que 90% das pessoas apoiam a IVA, a polêmica inspeção veicular (ambiental). A surpresa foi não alcançar 100%, como deveria. Mas se a pergunta fosse sobre IVA para carros seminovos, com até quatro anos de uso, o resultado seria 10%. Também quiseram saber se os motoristas aprovam faixas exclusivas de ônibus. Claro, disse a pesquisa. Mas se perguntassem só sobre pintar faixa no asfalto, sem qualquer estudo de custo-benefício ou em que lado da via, o resultado seria decerto bem diferente.

Outra enquete famosa, esta feita nos Estados Unidos, aponta que 30% dos jovens entre 18 e 24 anos preferiam, se pudessem escolher, a internet, não um carro. Ora, faltou saber, em plena era dos carros conectados talvez até em excesso (digitar textos com o carro em movimento é muito arriscado), se as respostas seriam as mesmas caso pudessem dispor de ambos.

Existe, sim, o fenômeno social de algum afastamento inicial dos jovens ao buscarem maior mobilidade urbana ou utilizar caronas de pais, parentes e amigos. Mas logo casam, formam família e compram um carro, muitas vezes dois.

Há um fato inquestionável: mercados maduros estão saturados e a frota quase não cresce. Nem a população... Produção basicamente voltada para substituição. Situação oposta nos países emergentes, onde a relação de veículos/1.000 habitantes é bastante baixa. Se indagassem a qualquer jovem destes países, a resposta seria outra. Aspiração justa e até concorrente com a da casa própria.

  • Apu Gomes/Folhapress

    Ônibus trafegam em faixa exclusiva na avenida 23 de Maio na segunda-feira (25) em que em São Paulo (SP) registrou maior lentidão no ano para o período da manhã (156 km)

SOLUÇÕES DE DIVÃS
De fato, longos congestionamentos podem levar a se questionar a utilidade de um automóvel. Mas esquecem de que rádios do passado com válvulas e chiados, para amenizar, foram substituídos por quase estúdios ambulantes de som, vídeo, telefonia, navegação por internet e GPS, além de TV (quando parado). A baixa mobilidade não é apenas urbana. No último feriado, percorrer trechos de 100 km em 9 horas ou mais aconteceu em várias estradas.

Trata-se de uma situação à qual poetas de soluções simplistas deveriam estar mais atentos. Um carro no portão da fábrica paga 67% de impostos (cerca de 40% do preço de venda) até ser emplacado. Depois, a cada cinco anos, há tantas taxas e encargos que significam entregar outro carro novo ao governo. Então, ninguém pode ter sentimento de culpa ao se construir túnel, viaduto, via expressa ou duplicar estrada. Os motoristas, com paciência de bovinos, pagaram por tudo isso. Seu único direito é bancar sem reclamar?

No futuro, parece claro que cidades terão alternativas de mobilidade inteligente e integradas. Automóveis serão menos necessários, mas ainda indispensáveis, principalmente pela liberdade de viajar. Única forma de se locomover ponto a ponto com um único meio de transporte. Diversos aspectos deverão ser repensados para evitar recorrência de erros de planejamento. Outras soluções vêm daqueles acostumados aos divãs de consultórios de terapeutas extremamente compreensivos e mais pacientes que os próprios pacientes.

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Fair play

  • Divulgação

    Mini, hoje comandada pela BMW, parabeniza rival Porsche pelos 50 anos de produção do 911


RODA VIVA
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+ Modelo de uma fábrica homenageado por outra é bastante incomum. Como o laureado está entre os míticos da história, a Mini (controlada pela BMW) destacou os 50 anos do Porsche 911. Há fotos, lado a lado, das versões originais realçando que só "rejuvenesceram". De fato, não concorrem entre si, mas a iniciativa é simpática.

+ Movimento discreto da Volkswagen já começou: abrir espaço ao compacto Up no primeiro trimestre de 2014. Estratégia é elevar um pouco o preço do Gol G5, com airbags e ABS de série (obrigatórios), além de direção assistida hidráulica, para deixar a faixa inicial dos R$ 29.000 para o novo produto. Gol G4 sai de produção em dezembro, com vendas até março.

+ Versão Titanium do Focus hatch tem preço puxado, com todos os equipamentos. Forma conjunto de primeira linha, ainda raro entre os produzidos na região (Argentina). Motor tem respostas rápidas, especialmente com etanol, graças à injeção direta. Câmbio automatizado de duas embreagens, direção, suspensões e acabamento são irretocáveis.

+ Inesperada contratação do português Carlos Tavares para presidir PSA Peugeot Citroën pode não ter sido tão inesperada assim. Há dois meses, ainda o segundo nome na hierarquia da Renault, surpreendeu ao dizer que gostaria de comandar um grande fabricante dos EUA. Chocante, mas provável cortina de fumaça para acerto prévio com a arquirrival francesa.

+ Caixa de câmbio manual com marcha à ré sincronizada era algo refinado no passado, como no Omega em 1992. Agora a GM estendeu essa característica a todos os carros compactos com motor de 1,4 litro aqui fabricados. A nova caixa facilita e agiliza manobras em baixa velocidade, quando é necessário inverter o sentido de marcha, sem parecer "barbeiro" ou descuidado.