Mercedes GLA abusa de tecnologia, mas vale R$ 125 mil a mais que rivais?
De SUV premium para carro de luxo. Assim a Mercedes-Benz definiu o posicionamento da segunda geração do GLA, seu lançamento no mercado brasileiro.
De acordo com a marca, antes o utilitário-esportivo era um carro de entrada na gama. Agora, esse papel cabe ao GLB, SUV de sete lugares que é maior, mas mais barato. Por R$ 300 mil, foi o carro mais vendido do Mercedes em fevereiro. Por R$ 325.900, o GLA vem exclusivamente na versão 200 AMG Line, com pacote visual preparado pela divisão esportiva da marca alemã.
Além desse conteúdo estético, o carro também traz bem mais tecnologias do que o modelo anterior, além de ter dimensões levemente superiores. Com essa estratégia, a Mercedes-Benz pretende dar um toque mais esportivo e urbano ao GLA, deixando ao GLB o papel de SUV familiar.
Mas será que o GLA 200 AMG Line vale o que custa, um valor que varia de R$ 40 mil a R$ 125 mil a mais que os concorrentes? De acordo com a fabricante, os rivais continuam sendo os mesmos de sempre: Audi Q3, BMW X1 e Volvo XC40. Jaguar E-Pace e Land Rover Range Rover Evoque também estão no segmento.
O UOL Carros avaliou a única versão disponível no Brasil, com motor 1.3 turbo de 163 cv. Depois dela, virá apenas a topo de linha GLA 45 AMG. A Mercedes não pretender ter opções mais em conta do GLA no mercado brasileiro.
Mercedes GLA 200 AMG Line
Preço
R$ 325.900Pontos Positivos
- Tecnologia
- Acabamento
Pontos Negativos
- Preço
- Desempenho em subidas
Veredito
GLA 200 é exemplo do novo posicionamento da Mercedes, que deve passar a atuar só em segmentos de maior valor agregado. O pacote AMG Line deixa o visual e a cabine bastante desejáveis, mas não a ponto de justificar preço bem mais salgado que concorrentes como Volvo XC40 topo de linha, híbrido, com 262 cv e sem dever em absolutamente nada em tecnologia - custando R$ 45.950 a menos. Se a Mercedes tivesse optado por trazer a versão 250, com o 2.0 turbo de 225 cv, o valor seria mais justificável. Mas, tabela à parte, é um belo produto.
Design
A segunda geração do Mercedes-Benz GLA ganhou a identidade visual dos novos modelos da plataforma de tração dianteira da marca. Já são oferecidos no Brasil o Classe A, o CLA e o Classe A Sedan.
O formato da grade é o mesmo desses modelos, com a estrela da Mercedes no centro de duas faixas. O desenho interno e o acabamento da grade podem mudar de acordo com a versão dos carros da plataforma. No caso do GLA, há diversos pontos cromados (exclusividade de carros com pacote visual AMG Line).
Os faróis têm novo formato e são do tipo full-LEDs. O para-choque esportivo faz parte do pacote AMG Line e traz detalhes na cor preta. Nele, estão radares e sensores usados nos diversos sistemas de assistência que o GLA oferece.
Lateralmente, o carro tem mais linhas de SUV que o modelo anterior, que lembrava bastante uma perua. As rodas de 20" são da AMG, com desenho esportivo. Atrás, chamam a atenção as lanternas em formato de gota e as duas saídas de escape com moldura cromada.
O pacote AMG Line deixa o acabamento interno impecável. As portas com muitas superfícies emborrachadas têm couro, alcântara, alumínio e fibra de carbono. Esse material também está em parte do painel.
Os bancos esportivos são revestidos de couro, alcântara e têm costura aparente vermelha. Os botões de ajustes elétricos ficam nas portas e estão disponíveis para os dois dianteiros, que também têm um sistema de leves movimentos, para ajudar os ocupantes a relaxarem.
Há duas telas na cabine, interligadas, cada uma com 10,25". Uma, configurável, é a do painel de instrumentos. A outra, sensível ao toque, é a da central multimídia. O carro vem ainda com teto solar dividido em duas partes.
A da frente pode ser aberta eletricamente. A de trás é fixa. A abertura, também elétrica, é apenas da cortina.
Espaço interno e conforto
O comprimento é o mesmo do modelo anterior: 4,41 metros. Para comparação, é 2 cm maior que o Jeep Compass e 5 cm menor que o Volkswagen Taos. Já no entre-eixos e na largura, o carro cresceu 3 cm. As novas dimensões são de 2,73 m e 1,84 m, respectivamente.
Na altura está a maior mudança, pois o carro ganhou 8,7 cm. Agora, tem 1,61 m. Isso também contribuiu para deixá-lo com mais jeitão de SUV que o modelo anterior.
Quanto ao porta-malas, ele foi de 421 para 435 litros. Há uma tampa junto ao assoalho que pode ser colocada em duas posições. Na mais baixa, o compartimento fica alto, e dá para acomodar duas malas médias (23 litros) e duas pequenas (15 litros).
Já na posição mais alta, o assoalho fica plano, mas com capacidade bastante comprometida. Dá para levar apenas duas malas médias e, no máximo, uma pequena mochila.
Para acomodar mais bagagem, é preciso tirar a tampa que separa o compartimento da cabine. A abertura do porta-malas é elétrica.
Duas pessoas ficam muito bem acomodadas atrás, tanto na posição das pernas quanto na da cabeça, já que o carro ficou mais alto. O assoalho não é plano, mas não é dos mais altos. No meio, uma criança viaja com tranquilidade, mas tem de ficar com os pés um em cima do outro, sobre o túnel (que é comprido, mas estreito).
Equipamentos
Junto com o pacote visual AMG, os sistemas de assistência são o ponto alto do GLA 200. O carro traz sistema semiautônomo de condução, formado pelo leitor de faixas com função de correção e pelo recurso que mantém a distância do veículo à frente, freando e acelerando conforme seus movimentos.
Em ruas com faixas bem nítidas, o carro é até capaz de fazer curvas sozinho, mas a Mercedes informa que as mãos devem ser sempre mantidas no volante. Se o motorista soltá-lo, uma luz vermelha dispara imediatamente no quadro de instrumentos.
Em outros modelos com essa tecnologia, o recurso semiautônomo pode levar entre 10 e 15 segundos para avisar ao motorista que ele precisa reassumir o volante. De todo modo, de acordo com a legislação brasileira, as duas mãos sempre têm de estar no comando da direção. Por isso, esses sistemas servem apenas como auxílio.
O GLA 200 AMG Line também tem frenagem autônoma de emergência e auxílio às manobras de estacionamento (gira o volante, tendo o condutor apenas de frear, acelerar e ficar atento às orientações no painel).
Além disso, ao estacionar, os radares continuam em operação para avisar o motorista se outros veículos se aproximam. Esse recurso visa evitar colisão nas portas e é chamado pela Mercedes de assistente de desembarque.
Há ainda o assistente de ponto cego. Quando o condutor aciona a seta para mudar de faixa, o recurso avisa se outros carros se aproximam. Já o auxílio à direção evasiva oferece suporte para uma manobra de emergência em torno de um pedestre detectado, fornecendo torque de direção adicional.
Uma peculiaridade do GLA é que ele tem o "modo lava-rápido". Quando acionado, prepara o carro para passar por lavagem. Janelas e teto solar são fechados e os retrovisores externos, rebatidos. Os alertas do sensor de estacionamento são desativados, assim como o sensor de chuva.
As configurações são desativadas automaticamente quando o motorista sai do lava-rápido e atinge 20 km/h. Quanto à conectividade, a central multimídia tem o assistente de voz com inteligência artificial "Hi, Mercedes". Ele é capaz de executar funções como abrir e fechar as cortinas do teto solar, ajustar a temperatura da cabine, sintonizar emissoras de rádio e alterar músicas do sistema de mídia.
O carro traz carregador de celular por indução. Além disso, há diversas entradas USB do tipo C. Elas são mais rápidas no processo de recarga de aparelhos eletrônicos. Porém, menores que a do tipo A, só são compatíveis com smartphones lançados recentemente. Para os mais antigos, adaptadores são necessários.
Desempenho
O motor 1.3 turbo tem 7 cv a mais de potência que o 1.6 da primeira geração do GLA. E surpreende. Ao pisar fundo no pedal do acelerador, após uma leve engasgada, o carro ganha velocidade com eficiência, característica que também apresenta nas retomadas.
O GLA é bom para fazer ultrapassagens e ganhar velocidade, mas dá uma leve vacilada em subidas muito íngremes, a partir da imobilidade, antes de embalar. Isso ocorre porque o sistema de tração, em algumas situações, entra em ação. A tração é dianteira apenas, sem opção de 4x4.
O torque é bom, e atingido de maneira plena a baixa rotação. São 25,5 mkgf a partir 1.620 rpm. Além disso, o câmbio é rápido e funciona sem trancos. O automatizado de sete marchas e duas embreagens ajuda a justificar o bom desempenho. O GLA vai de 0 a 100 km/h em 8,7 segundos.
As suspensões são independentes e têm um ajuste voltado ao conforto. Em pisos irregulares, como de paralelepípedos, os ocupantes do carro nem tomam conhecimento dessas imperfeições. Isso sem comprometer a estabilidade.
O carro passa bastante segurança em curvas e tem direção precisa. Mesmo nas mais travadas, raramente são necessárias correções. Também chama a atenção o bom isolamento acústico da cabine.
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