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Estudo aponta que 37 mil crianças perderam um dos pais para covid nos EUA

"O fardo vai ficar mais pesado já que o número de mortes continua a crescer", diz o estudo - Shutterbug75/ Pixabay
'O fardo vai ficar mais pesado já que o número de mortes continua a crescer', diz o estudo Imagem: Shutterbug75/ Pixabay

Do UOL, em São Paulo

06/04/2021 18h00

Um estudo publicado ontem na revista científica Jama Pediatrics estima que de 37.300 a 43 mil crianças podem ter perdido ao menos um dos pais para a covid-19 nos Estados Unidos. A pesquisa considera as mortes pela doença que aconteceram até fevereiro de 2021.

Segundo a pesquisa, a quantidade de crianças de 0 a 17 anos que perderam ao menos um dos pais aumentou de 17,5% a 20,2% em relação a anos anteriores, quando não havia covid-19. Três quartos dos afetados são adolescentes.

O estudo também aponta que a morte por covid-19 afetou desproporcionalmente as famílias negras, uma vez que 20% das crianças que perderam seus pais são negras, apesar de representarem apenas 14% da população.

"O fardo vai ficar mais pesado já que o número de mortes continua a crescer", diz o estudo, que foi conduzido pelos pesquisadores Rachel Kidman, especialista em Saúde Pública e Medicina Preventiva e Rachel Margolis, Emily Smith-Greenaway e Ashton Verdery, especialistas em Sociologia.

A pesquisa se baseou em modelos demográficos e não inclui nas contas a morte de responsáveis primários que não sejam pais ou mães.

A partir destes dados, os especialistas apontam que é necessário prover suporte para que estas crianças possam lidar com o luto. Eles acreditam que caso não recebam o apoio necessário, elas podem desenvolver sérios problemas psicológicos no futuro.

"O estabelecimento de um grupo nacional de luto infantil poderia identificar as crianças que perderam os pais, monitorá-las para a identificação precoce de desafios emergentes, vinculá-las a cuidados prestados localmente e formar a base para um estudo longitudinal dos efeitos de longo prazo do luto parental em massa durante uma época desafiadora de isolamento social e incerteza econômica", sugerem no estudo.

Em seu perfil no Twitter, um dos pesquisadores, Ashton Verdery, da Pennsylvania State University, disse que acredita que esta questão precisa de "muito mais atenção do que tem recebido" e que ela exige "muito mais investimento em políticas públicas". "As mortes não são eventos isolados. Elas se propagam pela sociedade de maneiras trágicas", afirmou.

Outra pesquisadora envolvida no estudo, Rachel Margolis, da University of Western Ontario, também usou seu Twitter para comentar os resultados do estudo. "Essas crianças precisam de apoio, especialmente porque muitas estão fora da escola e estão desconectadas de amigos, professores e conselheiros."