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Sintomas, prevenção e tratamentos para uma vida melhor


7 doenças no pênis: feridas e caroços podem ser sintomas de problemas

Saiba quais são as doenças mais comuns que atingem o pênis - iStock
Saiba quais são as doenças mais comuns que atingem o pênis Imagem: iStock

Luiza Vidal

Colaboração para o Vivabem

27/10/2022 11h02Atualizada em 26/10/2023 21h29

Todos nós estamos sujeitos a doenças, em qualquer fase da vida. No caso dos homens, algumas enfermidades específicas podem afetar diretamente o pênis. Elas podem ser congênitas, ou seja, quando o bebê já nasce com a condição, ou adquirida, quando é desenvolvida ao longo da vida. E são muitas: desde infecciosas, sexualmente transmissíveis até aquelas causadas pela falta de higiene.

É importante ficar de olho no pênis, literalmente, pois o diagnóstico das doenças mais comum é perceptível a partir da observação. Os principais sintomas são: corrimento, sangue, verrugas, vermelhidão e ferida na região peniana.

Qual é o médico indicado? Depende da idade. "Desde o nascimento até os 20 anos, quem resolve é o pediatra. Para qualquer queixa após essa idade, o indicado é o urologista, que é o responsável também por atender os homens com mais de 45 anos —fase de realizar o exame de próstata", esclarece Lísias Castilho, urologista e especialista do Centro de Medicina Sexual do Hospital Sírio Libanês (SP).

Como são muitas doenças envolvendo o pênis, separamos as mais comuns nos consultórios, em conversa com três especialistas na área. Confira a lista abaixo.

Fimose

  • O que é: É a incapacidade de expor a glande ("cabeça" do pênis) por conta do prepúcio, aquela pele que cobre o órgão. A maioria das crianças nasce com isso, sendo que 90% deixa de ter entre os 7 e 8 anos. Adultos podem vir a apresentar a fimose por conta de outras doenças, como a diabetes.
  • Sintomas: Geralmente coceira, vermelhidão no local e dor durante as ereções, o que prejudica o homem nas relações sexuais.
  • Tratamento: Em crianças, a fimose pode desaparecer. Se não sair, dá para tratar de duas formas: pomadas específicas ou cirurgia (postectomia, mais conhecida como a circuncisão). Muitas crianças operam ainda pequenas. Há estudos, inclusive, que mostram que pacientes circuncidados apresentam menos chance de contrair infecções sexualmente transmissíveis. Os levantamentos, inclusive, já levaram a OMS (Organização Mundial de Saúde), em 2010, a recomendar a técnica como parte da estratégia de prevenção da Aids. "A fimose não permite que o homem faça uma higiene adequada na região por conta do excesso de pele. Isso pode levar ao desenvolvimento de câncer de pênis e facilitar também as chances de contrair uma doença sexualmente transmissível", explica Arie Carneiro, urologista do Hospital Albert Einstein (SP).
  • Diagnóstico: É feito por meio de exame físico, com a avaliação de um médico.

Balanopostite

  • O que é: Inflamação da glande e/ou do prepúcio. Pode ser originada de diversas formas: higiene inadequada, excesso de limpeza, dermatite irritante de contato, trauma local, infecção bacteriana ou fúngica (candida albicans). Não é uma doença considerada sexualmente transmissível.
  • Sintomas: Vermelhidão, coceira e ardor na região do pênis. Também pode ocorrer pus e cheiro desagradável em alguns casos.
  • Tratamento: Como pode ter diversas causas, na maioria dos casos a mudança de hábito já é suficiente, como secar bem a região para evitar o fungo, usar cueca de algodão, evitar ficar muito tempo com sunga durante o verão e não exagerar na limpeza. Em alguns casos, há indicação de pomada para tratar a doença.
  • Diagnóstico: É clínico, sem necessidade da realização de exames. Quando necessário, eles têm o objetivo de identificar o agente causador e estabelecer um tratamento mais adequado.

Doença de Peyronie

  • O que é: É uma deformidade na curvatura normal do pênis quando ele está ereto. Em alguns casos mais graves, a curva pode chegar a 90 graus. É mais comum em homens na faixa etária de 45 a 60 anos. Não há fatos que comprovem as causas ainda, mas os especialistas acreditam que seja originado por conta de micro-traumas na região (como uma cicatriz que fica elevada na pele --uma placa de cálcio endurecida) e, com isso, ocorre a torção do pênis. Vale lembrar que todo homem tem o pênis com curvatura, ele nunca é 100% reto, assim como qualquer outra parte do nosso corpo, como explica Flávio Iizuka, urologista dos Hospitais São Luiz Itaim, Sírio Libanês, Albert Einstein e da Clínica Climedin. "Isso é fisiológico. Todo pênis é diferente do lado direito e esquerdo, mas são alterações imperceptíveis. Quando é perceptível, fica feio e pode causar desconforto na região", explica.
  • Sintomas: Muita dor na região e dificuldade na relação sexual, já que dependendo do grau da curvatura pode causar dor no homem e na(o) parceira(o). Em casos graves, pode ocasionar impotência sexual. O paciente pode vir a sentir caroços, que são placas rígidas de cálcio, nas partes lateral ou superior do pênis.
  • Tratamento: Por ser benigna, não representa nenhum risco para a saúde de seus portadores. Se a curvatura for abaixo de 30 graus e não causar desconforto no sexo, não há necessidade de cirurgia, porque uma hora a doença para de evoluir, e o pênis fica com a curvatura estável, mas não volta mais ao que era antes. Em outros casos, se a curvatura passa dos 30 graus, há cirurgias que resolvem a doença, mas só se a curvatura parar de evoluir, com seis meses, mais ou menos, de estabilidade.
  • Diagnóstico: O exame físico inclui a palpação dos nódulos e a observação da curvatura do pênis durante uma ereção induzida, caso necessário.

Disfunção erétil

Viagra - iStock - iStock
Imagem: iStock

O que é: Apesar de existirem diversos tipos de disfunções sexuais, a mais comum nos consultórios é a disfunção erétil, que é quando o homem não consegue ter uma ereção durante relação sexual. É comum que, a partir dos 40 anos, os homens tenham problemas na ereção. No Brasil, estima-se que 50% dos homens apresentem a doença após os 40 anos, algo em torno de 16 milhões de homens, segundo a SBU (Sociedade Brasileira de Urologia). A disfunção pode ser dividida em orgânica e psicogênica, além de leve, moderada e grave. A orgânica pode se causada por problemas no nervo ou na vascularização do pênis; em pacientes com diabetes; homens que passaram por operação de próstata; distúrbio hormonal, entre outras. Em casos psicológicos, pode ter a ver com possíveis traumas e o tipo de relação sexual.

Sintomas: Incapacidade de ter uma relação sexual dentro da normalidade.

Tratamento: Atualmente, são muitos tratamentos disponíveis. É uma área da medicina que tem avançado muito, segundo os médicos consultados. Em casos leves e moderados, pode ser indicado o uso de medicamentos que ajudem na ereção, como o Viagra. Em situações graves, é indicada a prótese peniana ou injeções locais. Em homens com bloqueios psicológicos, é indicado, além do tratamento medicamentoso, o acompanhamento de especialistas (psicólogos ou psiquiatras).

Diagnóstico: O próprio paciente sabe, mas é importante conversar com o urologista para entender as causas, mas a disfunção erétil pode ser sintoma de outros problemas de saúde, então são recomendados exames de glicemia, testosterona total e perfil lipídico.

HPV (papilomavírus humano)

HPV - iStock - iStock
Imagem: iStock

  • O que é: Entre as diversas infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), essa é uma das mais comuns e, segundo os médicos, extremamente frequente nos consultórios. O problema dessa enfermidade é que, na maioria dos casos, não apresenta sintomas. Os homens, inclusive, exercem um papel importante nisso, pois são transmissores do vírus, o que aumenta a chance de câncer de colo uterino das mulheres. São mais de 150 tipos de vírus, sendo os 6 e 11 responsáveis pelas verrugas e os 16 e 18 pelo câncer de colo de útero.
  • Sintomas: A maioria das infecções por HPV é assintomática. Nos homens, quando apresenta sintomas, é comum o surgimento das verrugas ("crista de galo") na região do pênis. Em alguns casos, também pode vir acompanhado de coceiras.
  • Tratamento: Quando há o aparecimento das verrugas, é possível retirá-las por meio de cauterização ou medicamentos. O tratamento das verrugas não elimina o vírus, por isso as lesões podem reaparecer e o homem continua sendo um vetor da transmissão, inclusive para as(os) parceiras(os). As pessoas infectadas e as(os) companheiras(os) devem retornar ao médico caso identifiquem novas lesões. Segundo o Ministério da Saúde, as recomendações de tratamento do HPV são as mesmas para pessoas com imunodeficiência, como pessoas vivendo com HIV e transplantadas.
  • Prevenção: Usar camisinha em qualquer relação sexual, inclusive oral, entretanto, seu uso, apesar de prevenir a doença, não impede totalmente a infecção pelo HPV, pois frequentemente as lesões estão presentes em áreas não protegidas pela camisinha (vulva, região pubiana, perineal ou bolsa escrotal).
    Além disso, há indicação de vacinas para meninas com idade entre 9 e 14 anos e meninos de 11 a 14 anos, pelo próprio SUS (Sistema Único de Saúde). A vacina também pode ser considerada em adultos de até 30 anos, por exemplo, visto que pode proteger de possíveis subtipos do vírus.
  • Diagnóstico: É atualmente realizado por meio de exames clínicos e laboratoriais.

Câncer de pênis

  • O que é: A doença está relacionada às baixas condições socioeconômicas e de informação, à má higiene íntima, à infecção pelo vírus HPV e homens que não se submeteram à circuncisão. De acordo com o Inca (Instituto Nacional do Câncer), o tumor representa 2% de todos os tipos de câncer que atingem o homem, sendo mais frequente nas regiões Norte e Nordeste.
  • Sintomas: Os principais sintomas são feridas, tumores na glande, na pele que cobre o pênis ou no próprio "corpo" do órgão. Pode haver secreção branca e aumento anormal do tecido da cabeça do pênis. Além disso, a presença de gânglios inguinais (ínguas na virilha) pode ser sinal de progressão da doença.
  • Tratamento: Isso depende muito do estágio. A radioterapia e a quimioterapia são indicadas nos casos de recidiva do câncer ou como tratamento paliativo nos casos que não são considerados cirúrgicos. Em casos mais avançados, ocorre a amputação parcial ou total do órgão. Segundo o DataSUS, órgão da Secretaria Executiva do Ministério da Saúde, em dados mais recentes, há cerca de mil amputações por ano do pênis.
  • Prevenção: É principalmente a higiene do pênis, com sabonete e água, além do uso de camisinha nas relações sexuais.
  • Diagnóstico: Quando detectado em estágio inicial, o câncer de pênis tem alta taxa de cura. No entanto, mais da metade dos pacientes demora até um ano após as primeiras lesões para buscar um médico. Com isso, a doença pode se espalhar para outras partes do corpo, o que aumenta as chances de morte. No caso de lesões, elas deverão passar por biópsia (retirada de um fragmento de tecido) para análise, quando será dado o diagnóstico.

Hipospádia

  • O que é: apesar de pouco frequente, entre as doenças congênitas é uma das mais comuns nos consultórios. Neste caso, a criança já nasce com a enfermidade, que se caracteriza pela má formação da uretra, na qual a abertura do pênis pode terminar antes da ponta ou em outras regiões inferiores do órgão masculino. A hipospádia ocorre quando o órgão não se desenvolve normalmente enquanto a criança está no útero. Pode ter ligação com fatores genéticos, mas, em geral, a causa é desconhecida.
  • Sintomas: Deformidade no pênis, principalmente em casos adultos, porque eles são submetidos a diversas cirurgias ao longo da vida; fluxo urinário anormal e disfunção sexual.
  • Tratamento: A cirurgia é indicada para corrigir o problema. Em crianças, o ideal é antes dos dois anos para evitar trauma emocional. Existem diversos tipos de intervenção, então a técnica fica a critério do médico.
  • Diagnóstico: A condição é geralmente detectada no nascimento, pelo próprio médico, sem a necessidade de um exame específico.

Fontes: Arie Carneiro, urologista da Sociedade Beneficente Israelita Albert Einstein (SP); Flávio Iizuk, urologista dos Hospitais São Luiz Itaim, Sírio Libanês, Albert Einstein e da Clínica Climedin (SP); Lísias Castilho, urologista e especialista do Centro de Medicina Sexual do Hospital Sírio Libanês (SP); SBU (Sociedade Brasileira de Urologia ); Ministério da Saúde e Inca (Instituto Nacional de Câncer).