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Experimento com ratos ajudará a entender melhor o Alzheimer

Roedores modificados geneticamente podem ajudar a decifrar doenças neurológicas - iStock
Roedores modificados geneticamente podem ajudar a decifrar doenças neurológicas Imagem: iStock

Do UOL VivaBem, em São Paulo

01/08/2019 13h58

Resumo da notícia

  • Ratos geneticamente modificados podem ajudar a desvendar o mecanismo do Alzheimer e outras doenças neurológicas
  • Os animais receberam células cerebrais humanas chamadas micróglias, que agem na defesa do cérebro
  • De acordo com os cientistas, as micóglias são cruciais no desenvolvimento do Alzheimer
  • A observação dessas células implantadas ajudará a entender melhor a progressão do Alzheimer e outras doenças, como Parkinson

De acordo com a Associação Brasileira de Alzheimer, 1,2 milhão de brasileiros convivem com algum tipo de demência. Na busca para encontrar formas de entender melhor como a doença funciona, pesquisadores da Universidade da Califórnia Irvine, nos Estados Unidos, deram um importante passo durante um experimento envolvendo ratos modificados geneticamente.

Para o estudo, publicado no periódico Neuron, os cientistas dedicaram quatro anos para conceber um novo modelo com ratos considerado uma "quimera". Na mitologia grega, Chimera era uma criatura parte bode, parte leão e parte serpente; na ciência, o termo é utilizado para descrever um organismo que contem pelo menos dois tipos de DNA diferentes.

Os ratos "quimera" foram modificados para receber células cerebrais humanas chamadas de micróglias, que atuam na defesa do cérebro. Estas foram criadas em laboratório a partir de células-tronco humanas e foram injetadas no cérebro de ratos geneticamente modificados.

Após alguns meses, os cientistas observaram que 80% das micróglias dos roedores eram humanas —o que abre a porta para uma vasta possibilidade de estudos e análises.

Uma delas é o Alzheimer, já que a micróglia, de acordo com os médicos, é crucial no desenvolvimento da doença no cérebro. "As funções das nossas células são influenciadas pelos genes que são ligados e desligados. Pesquisas recentes identificaram mais de 40 genes diferentes ligados ao Alzheimer e a maioria deles são ligados às micróglias", diz Mathew Blurton-Jones, professor associado de neurobiologia e comportamento da universidade. "Porém, até agora, só foi possível estudar a micróglia humana nos estágios finais do Alzheimer em tecidos pós-morte".

O implante das células tinha uma razão de ser: as micróglias dos ratos apresentavam diferenças genéticas significativas em comparação com as dos seres humanos, o que impedia que fossem usadas em estudos desse tipo.

Os cientistas esperam que seja possível observar a progressão do Alzheimer e suas fases —um dos desafios dos cientistas, já que a doença tem uma grande variação de tempo de duração — em experimentos com esses animais. Eles também acreditam que há possibilidade de analisarem outros problemas neurológicos, como Parkinson e traumatismos cranianos.