Não gosta de academia? Futevôlei é opção para manter a forma em São Paulo
Imagine só: estar de roupa de banho, pé na areia, sob um sol escaldante ou uma noite estrelada. Mas atenção: você não está na praia. O local desse pensamento é uma quadra de futevôlei na cidade de São Paulo. A atividade está chamando a atenção daqueles que não curtem puxar ferro na academia ou ficar horas na esteira em um lugar fechado. Com benefícios para pulmões, coração e músculos, o esporte ganhou adeptos que vivem o dia a dia intenso da capital paulista e querem relaxar e manter a boa forma.
O administrador Jean Valentini, 37, deixou o sedentarismo --e 38 quilos-- para trás graças ao futevôlei e a uma reeducação alimentar. Ele conheceu um CT (Centro de Treinamento) da modalidade ao levar o filho para aprender futebol no mesmo local.
Depois de uma cirurgia para recuperar ligamento e menisco do joelho direito, Jean chegou a pesar 117 quilos. "Fiz as primeiras aulas e, apesar da dificuldade para me locomover na areia por conta do peso, gostei e não parei mais. Encontrei no futevôlei a salvação para a minha saúde física", disse em entrevista ao UOL.
Há um ano e sete meses fiel aos treinos, Valentini se diz um "viciado" no esporte. Ele começou praticando uma vez por semana e, hoje, está na quadra por, no mínimo, cinco dias. "O futevôlei é uma válvula de escape para uma rotina esgotante em São Paulo. Ficar descalço e de sunga na areia, isso traz uma sensação maravilhosa".
Como funciona
Não se trata de apenas entrar na quadra e sair jogando. O preparador físico Ricardo Fagnani, da Riplay Sports, um dos CTs que têm escolinha de futevôlei, em São Paulo, diz que público varia entre os que querem realmente aprender a modalidade e quem está cansado da academia, mas quer (e precisa) se manter em movimento.
Ele explica que existem duas possibilidades de prática: treinos coletivos --com no máximo dez pessoas, dois professores e uma hora e meia de duração-- e o personalizado. Este último é como um personal trainer na academia. Em ambos, aplica-se exercícios funcionais antes de o jogo rolar.
"Por ser areia, um terreno irregular, já existe uma sobrecarga nos músculos inferiores (quadríceps, glúteos e panturrilha). A força aplicada para tirar o corpo e conseguir se mover é maior do que praticar atividades em um piso plano. Isso ajuda a fortalecer, ganhar resistência muscular e condicionamento muito mais do que em qualquer outra modalidade". Entretanto, Fagnani reforça a importância de fazer um trabalho paralelo de força para evitar lesões, que pode ser feito com mais ênfase na aula particular.
A educadora física Marina Ribeiro, que atua como professora de futevôlei na Arena Carolina, na zona oeste da capital, compara os movimentos feitos durante um jogo com os famosos avanço, afundo e agachamento, executados na academia --três exercícios clássicos para trabalhar pernas e bumbum.
"Existe também um trabalho forte de ombro, peitoral e costas por conta dos movimentos de cabeceio. Em quase todos os movimentos para finalizar a bola é necessário cabecear e utiliza-se muito o abdômen".
Esporte para quem não curte academia
A indicação de Fagnani foi seguida por Tatiana Pena, 30. A analista de marketing, que pratica Futevôlei há noves meses, começou com aula coletiva duas vezes por semana. "Sou do time que odeia academia." Depois da fase de adaptação, Tatiana agora está presente na quadras ao ar livre por, no mínimo, quatro dias na semana. "Peguei um ritmo alto, emagreci 4,5 kg nesse tempo sem fazer dieta nenhuma".
O ex-tenista Flávio Saretta, medalha de ouro nos Jogos Pan-Americanos de 2007, também não gosta de academia. O jeito para continuar ativo desde que deixou as quadras profissionalmente em 2009 é a corrida e o futevôlei, que descobriu há cerca de dois anos.
"Jogo fixamente duas vezes por semana. Mas vira e mexe junta um pessoal para jogar e a frequência é maior. A aula funcional é legal para a parte física e treinar algo mais específico. A gente joga duas, três horas sem parar, é muito gostoso", conta ele. "O tênis é meu esporte por trabalho, faço clínicas para as empresas, jogos de exibição.... Mas, hoje, o meu hobby e diversão é o futevôlei. Fiz grandes amigos nesse tempo e me faz muito bem. Jogar de sunga ou short, sem camisa, no sol, depois sair da quadra e tomar uma ducha gelada, um açaí, parece que você está na praia. E como eu gosto muito de praia, é apaixonante".
Muitos benefícios
De acordo com o preparador físico Fagnani, uma hora de treino leva os alunos a atingirem cerca de 80% de aproveitamento, com uma perda calórica que varia de 500 a 600 calorias "Depende muito da individualidade biológica de cada um, assim como da alimentação saudável associada". Sobre a quantidade de aulas necessárias para bons resultados, ele fala que "quanto mais melhor", mas no mínimo duas vezes semanais.
Além dos quilos perdidos, Tatiana conta que as melhoras físicas são visíveis, principalmente para coxas e abdômen. "Minha barriga secou, mesmo comendo o que quero nos finais de semana".
Para o ex-tenista, o esporte é completo. "Exige muita concentração, além do desgaste natural por jogar na areia e junto com a bola, que é o legal da história toda".
Já Jean aponta outro benefício: a sociabilidade. "Não é bicho de sete cabeças e, além dos ganhos para o corpo e a mente, você faz amigos que vão para fora das quatro linhas da quadra. O bem-estar de estar descalço na areia no meio de uma metrópole é impressionante".
Como praticar
Assim como Jean, qualquer pessoa pode se aventurar na modalidade. Para a professora Marina, quem nunca praticou o esporte tem ainda mais chance de se dar bem. "Quem vem de outras experiências chega com vícios, que acabam atrapalhando".
O ideal, segundo Fagnani, é começar com a aula coletiva. "A personalizada é mais indicada quando o aluno já está praticando há um tempo e quer aprimorar a técnica e a forma física. Depois, o legal pode ser mesclar as duas sugestões de treino".
O melhor canal de informação sobre o futevôlei é Federação Paulista de Futevôlei. No site da instituição é possível saber a respeito das escolinhas e das quadras públicas disponíveis. "Nosso trabalho é receber novos praticantes e, consequentemente, novos lugares vão aparecer. Existem quadras de areia administradas pela prefeitura, mas que precisam de maior investimento e manutenção", afirma o presidente Gilberto Diniz.
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