Fayda Belo fala de lei sem juridiquês nas redes, mas advogados torcem nariz

Abandonar o juridiquês e "não escutar coach" foi o que alçou a advogada Fayda Belo ao sucesso nas redes. Ela, que achava a internet "uma bobeira", entendeu que como criadora de conteúdo poderia ajudar as pessoas a entender sobre seus direitos também fora dos fóruns criminais onde atua no Espírito Santo.

Com mais de 2 milhões de seguidores somando as contas no TikTok e no Instagram, a advogada será uma das mentoras convidadas do Universa Talks, que acontece no dia 24 de junho, em São Paulo. Na conversa, ela vai compartilhar suas estratégias com quem deseja impulsionar a carreira. Os ingressos estão disponíveis aqui e é preciso colocar o código UNIVERSATALKS2023.

Relacionadas

Fernanda Nobre sobre decisão de abrir casamento: 'Foi no auge da paixão'

Julia Faria e amizade com Thaila: 'No pós-parto, choramos juntas por vídeo'

Raquel Virgínia troca arte por empreendedorismo e vira mentora de mulheres

Com o bordão "pode ou não pode?" e o jeito descomplicado de falar sobre assuntos jurídicos, Fayda passou a ser chamada de Annalise Keating brasileira, uma referência à professora de direito criminalista interpretada pela atriz Viola Davis na série norte-americana "How To Get Away With Murder".

O primeiro vídeo a ir para a internet foi feito no impulso, quando a advogada viu um post no TikTok no qual uma menina contava que seria deserdada pelos pais por ser lésbica. Sem pensar muito, Fayda se filmou explicando por que esse tipo de ação é ilegal. Viralizou.

"Falo com a linguagem que uso com minha família e vi que podia usar minha bagagem para explicar sobre as leis de forma mais simples e inclusiva", diz. "Me dá orgulho quando alguém comenta coisas como 'por um vídeo seu eu soube que estava sendo vítima de uma relação abusiva e pude dar um passo novo na minha vida'", conta.

Dois filhos aos 18 e bolsa de estudos para virar advogada

Antes do sucesso, no entanto, houve um momento em que Fayda sequer imaginou que conseguiria terminar os estudos. Com uma gravidez aos 15 e outra aos 18, vivendo um relacionamento no qual era agredida e proibida de estudar, foi só aos 24 que ela entrou na universidade por meio do ProUni e se tornou advogada.

Hoje, ela é especialista em crimes de gênero, direito antidiscriminatório e feminicídio, além de integrar a lista do Brazil Charlab, que analisa engajamento de profissionais nas redes, como uma das advogadas mais influentes do país.

Mesmo com o prestígio, ela afirma que enfrentou resistência por parte de outros advogados quando decidiu levar seu trabalho para a internet.

Muita gente acha que falar nas redes diminui a classe. Nosso meio jurídico é meio metido a besta, então muitos deles são contra usar uma linguagem simples. Fora isso, sou uma mulher preta e muita gente não quer que essas pautas avancem. Fayda Belo

Sobre as estratégias que usa para ter conteúdos sempre em alta na internet, a advogada diz que entendeu que não precisa postar todos os dias para ser lembrada e afirma que, se o foco for apenas ganhar dinheiro, pode ser que o sucesso não chegue.

"A grana é muito legal, a gente tem água e luz para pagar, mas ela não pode ser o motor e, sim, a mudança que você opera na vida daquele que está lendo e ouvindo", afirma. "E não ouça coaches, eles são todos mentirosos. O público não quer que você crie uma pessoa que não existe", completa Fayda.

Universa Talks tem patrocínio de Allegra, Buscofem, Eudora, Gino-Canesten e Intimus.