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Foi humilhante, saí chorando, diz funkeira que acusa motorista de homofobia

Cantora de funk Andressa Versus acusa motorista de homofobia - Reprodução/Instagram
Cantora de funk Andressa Versus acusa motorista de homofobia Imagem: Reprodução/Instagram

Bruno Torquato

Colaboração para Universa, em Betim (MG)

03/03/2020 14h35Atualizada em 04/03/2020 17h34

A cantora de funk Amanda Versus afirmou ter sido vítima de homofobia por um motorista do aplicativo Uber, na noite de ontem em Belo Horizonte. Em entrevista a Universa, ela disse que foi fazer uma massagem na namorada, que reclamava de dor nas costas. Ao ver a cena, o motorista parou o carro e pediu que elas se separassem.

"Encostei nela para fazer massagem e a chamei de amor. Logo em seguida, o motorista pediu que parasse e que a gente separasse uma da outra", conta.

Andressa Venus e a namorada - Reprodução/Instagram - Reprodução/Instagram
Andressa Venus também é advogada e registrou boletim de ocorrência contra motorista
Imagem: Reprodução/Instagram
Depois disso, segundo Amanda, o motorista teria dito que não era para ter esse tipo de comportamento dentro do seu veículo. "Ele disse que não queria e não gostava nem que eu falasse a palavra amor para conversar com minha namorada, pois seria inaceitável", relata.

O motorista continuou a corrida, mas a cantora, que também é advogada, pediu que ele encostasse o veículo e encerrasse a corrida. Amanda explicou que o motorista virou a primeira rua e encostou o carro de forma abrupta. A reportagem não conseguiu contato com a defesa do motorista e a Uber repudiou a atitude do profissional, através de nota oficial.

Foi humilhante, desci do carro tremendo e chorando. Fiquei com medo também, (eu me) senti ameaçada, mas acredito que ao mesmo tempo tinha que reagir
Amanda Versus

Amanda disse que essa foi a primeira vez que sofreu esse preconceito durante uma corrida por aplicativo. "A gente lida com preconceito todos os dias, mas de forma velada. Dessa vez foi explícito. E se fôssemos somente amigas, também não poderíamos abraçar, encostar?", questiona.

Amanda e a namorada registraram um boletim de ocorrência na noite de ontem. Agora, Amanda diz que vai conversar com um advogado para ver os próximos passos que irá seguir.

De acordo com Gilberto Silva, advogado e presidente da Comissão de Promoção da Igualdade Racial da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) de Minas Gerais, situações semelhantes ao que Amanda sofreu são tratados em lei contra o racismo.

"Em casos como esse, é aplicada uma analogia da lei 7.716 de 1989, que é a lei de racismo, seguindo o entendimento do STF. Com isso, depende da ocasião para saber se teria uma pena máxima de reclusão, pois essa não é uma lei específica para casos de homofobia", afirma Gilberto.

Questionada, a Uber repudiou a conduta do motorista em nota enviada à reportagem de Universa. "A Uber não tolera qualquer forma de discriminação em viagens realizadas em sua plataforma. O motorista foi banido e estamos à disposição para colaborar com as autoridades, nos termos da lei. A Uber defende o respeito à diversidade e reafirma o seu compromisso de promover o respeito, igualdade e justiça para todas as pessoas LGBTQIA+", diz a empresa.

Até o momento da publicação, Universa não conseguiu contato com o motorista acusado de homofobia.

Aliança Nacional LGBTI divulga nota de repúdio

O caso de homofobia contra a cantora Amanda Versus chamou atenção também da Aliança Nacional LGBTI. De acordo com ela, a entidade afirma que "tal situação provoca revolta em todos aqueles que prezam pelo mínimo dos direitos humanos, haja visto que situações como estas vêm se repetindo com frequência em nossa sociedade. A Aliança Nacional LGBTI+ manifesta seu profundo repúdio a atitude do motorista e solicita aos órgãos competentes que deem a devida atenção ao caso, a fim de que haja a devida punição no rigor da lei".

A entidade ainda se colocou à disposição para prestar suporte à Amanda e sua namorada.