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Mais econômicas, feiras de troca conquistam adeptas de consumo consciente

Feiras de troca são forma consciente para repaginar o armário - iStock Images
Feiras de troca são forma consciente para repaginar o armário Imagem: iStock Images

Juliana Faddul

Colaboração ao UOL, em São Paulo

05/05/2016 07h00

Por volta dos anos 70, quando o movimento hippie havia invadido a cabeça e o armário dos jovens da década, explodiu no mundo inteiro uma nova forma de fazer comércio: as feiras de troca. Numa época com diversos conflitos ao redor do mundo (guerras no hemisfério norte e ditaduras no sul), o escambo se tornou, principalmente, uma maneira de conscientização social. "No meu caso existe total essa preocupação em rever hábitos de consumo e como eles impactam o mundo, não só o meio ambiente", fala Mari Pelli, articuladora de projetos da economia colaborativa e organizadora do Roupa Livre, ao UOL

Mari, que está há dois anos sem comprar roupa, explica que escapar do shopping é muito mais simples do que parece. "A primeira vez que voltei para casa com peças novas, mas que já tinham sido usadas antes, foi aquela sensação de 'gente, isso faz muito sentido! Por que eu nunca tinha feito antes?' Fica evidente que precisamos encontrar alternativas ao invés de apenas comprar coisas novas. Então, só participando de uma troca é que dá para sentir na pele o quanto é legal”, defende.

Faz coro à articuladora a organizadora do "Tá Velho, mas tá limpinho", Débora Botelho Brandão. "O lance do bazar tem duas vertentes: circular roupas paradas nos armários e vender peças customizadas. Das duas formas você estimula a economia criativa, dá uma brecada nesse consumo inconsciente, deixa de comprar da grande indústria que muitas vezes usa trabalho escravo ou materiais ecologicamente incorretos, e ainda estimula o trabalho artesão", fala. Está achando que os benefícios acabaram? "Fora a alegria de ver alguém se apaixonando por uma roupa que você adorava, mas que não te serve mais", completa.

Ouvindo tudo isso de supetão até parece que este é um pequeno nicho namastê-gratidão. Pois vamos a números: somente o Roupa Livre tem mais de 2 mil likes em sua página, enquanto o grupo do "Tá Velho..." conta com mais de 200 pessoas ativas. Outros grupos famosos como o Modefica tem mais de 7 mil likes em sua página e Bazar Plus Size 1,5 mil. Todos criados há apenas alguns anos. Culpa da crise? Talvez, mas como diria a sabedoria popular "é na crise que as pessoas ficam mais criativas".

E foi o que aconteceu com a artista plástica Renata Salgado, que decidiu organizar, de maneira muito mais tímida que as meninas acima, seu próprio bazar. "Desde que tinha voltado do intercâmbio, no fim de 2014, não tinha comprado nada porque os preços estavam me assustando muito. Eu pensava 'mas uma blusa de fast fashion assim é 10 euros lá, como vou pagar R$80 aqui'", conta. Foi então que chamou as amigas e decidiu fazer um evento fechado para trocas. "Organizei apenas um bazar, mas confesso que a reação das pessoas me surpreendeu", fala.

A designer Mariana Beltrani é uma recente frequentadora de bazares de troca. "Participei de um uma vez e adorei! Voltei com várias e peças e muitas amigas", conta. Hoje em dia, ao invés de sair para o shopping com seu grupinho, o rolê é frequentar as feiras de troca. "Temos um grupo de Whatsapp e trocamos ideias e, claro, roupas", comenta. "Acho que nesse mundo tão louco que vivemos, essa troca de energia vale mais que qualquer grife", sintetiza.  

Ficou animada? Veja 4 dicas para escapar de furadas:

  • Não é porque está de graça que você precisa levar tudo: todo o ponto das feiras de troca gira em torno do consumo consciente. Você vai realmente usar? Então leve. Autoconhecimento é isso aí! 
  • Leve roupas em bom estado: mais uma vez, feira de troca não é bazar de igreja! Se você tem o dom, modifique, customize. Agora, se não der, doe.
  • Converse com as pessoas: mais que comprar, o legal é socializar. Quem sabe você não volta com roupas e amigas?
  • Dê chances para novos looks: você adora saia balonê, mas não tem coragem de usar? Troque! Assim, você não fica com peso na consciência se não gostou do estilo. Na pior das hipóteses, a peça volta para a arara.