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Fabi Gomes

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Encontros, desencontros e reencontros

Um brinde aos reencontros e ao poder de perturbar e transformar que eles carregam! - Getty Images
Um brinde aos reencontros e ao poder de perturbar e transformar que eles carregam! Imagem: Getty Images

Colunista do UOL

14/06/2022 04h00

Hoje acontece a sexta edição do Universa Talks, a qual tenho o maior prazer e honra de apresentar. E o tema dessa vez é "Reencontros". Aqui em Universa vocês vão ler, ouvir e ver muito sobre o evento, mas queria aproveitar esse espaço na coluna para fazer um esquenta e refletir um pouco sobre isso.

Não por acaso, o reencontro tem sido um assunto recorrente em várias das minhas rodas e imagino que por aí também estejam rolando esses questionamentos, assim como todas as problemáticas que acompanham o assunto.

Com o desejado e acreditado arrefecimento da pandemia (o qual a gente já tá se ligando que não é do tamanho que sonhamos), os encontros voltaram a acontecer com tudo. Não me refiro unicamente aos já desafiadores encontros com aqueles que amamos, mas, também, os encontros nos espaços públicos e privados com desconhecidos ou coleguinhas de trabalho (alguns mais pra odiados do que amados).

Lembram quando, lá pelo meio da pandemia, a gente tava super namastêmicos, supondo que, quando ganhássemos as ruas novamente, todos estariam melhores? Os humanos, digo. Tinha aquele lance de idealizar que, após enfrentar tanto sofrimento, tanta privação, dor e morte, as pessoas voltariam mais amorosas, mais pacientes e justas. Corta para pessoas se matando no trânsito e saindo na mão no mercado.

Fico me perguntando se, antes de começarmos a tacar pau na humanidade e "nos outros", talvez fosse o caso de nos inserirmos nesse rolê, não? Sartre mandou beijo e pediu pra lembrar que "O inferno são os outros". Pois é, chuchus, se ainda estivermos nos considerando humanos, parece que "os outros" também podem achar que somos nós os "uós", infernais e malditões. Arrisco a dizer que nem existe esse negócio de alecrim dourado...

Pois é. Daí que voltar a encontrar, especialmente depois de tanto, pode ser uma tarefa altamente árdua e desgastante.

Como sou apegada às palavras, fui dar uma espiada no verbo " encontrar" no Dicionário Etimológico e, entre outras definições, "encontrei" as seguintes: "defrontar-se, deparar, atinar".

O exercício de se defrontar, ficar frente a frente, sugere algo de reflexão, como acontece quando olhamos no espelho. Quando me encontro com um outro, afinal, o que tem de meu nisso que vejo e volta pra mim? Deparar também é definido como oferecer-se, apresentar-se. Por mais doloroso que possa ser, oferecer-se ao encontro, quase sempre pode ser transformador para as partes, para os "encontrantes".

Tá difícil? Tá chato? Tá doendo? Pois é, viver é assim mesmo. Aquilo que botam lá nas mídias sociais é "meio que" tudo mentira, viu?!

Por mais desafiadores que os encontros e os outros possam ser, eles são constitutivos e necessários. Quando nos jogamos nos encontros, nas muitas fases à la "Round 6" deles e nos colocamos verdadeiramente à disposição da troca e da elaboração de suas dinâmicas, na pior das hipóteses, saímos sabendo um pouco mais sobre nós mesmos.

E saber de si, esse estranho monstro que nos habita, não é pouca coisa. Vale ouro e chega a dar até uns minutinhos de paz. Um brinde aos reencontros e ao poder de perturbar e transformar que eles carregam!

Vem conversar comigo? Aqui no @fabi.gomes.