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TikTok suspende app em Hong Kong após nova e polêmica lei de segurança

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Imagem: Pixabay

RFI

07/07/2020 10h59

Após a promulgação da polêmica lei de segurança nacional em Hong Kong, a popular plataforma TikTok decidiu nesta terça-feira (7) suspender seu aplicativo no território. Ameaçadora, a chefe do Executivo de Hong Kong alertou os ativistas pró-democracia que a nova legislação será aplicada "com vigor".

Pequim enfrenta uma enxurrada de críticas, especialmente das nações ocidentais, por impor a lei que pune atos que considera de subversão, secessão, terrorismo e conluio com países estrangeiros em Hong Kong.

A censura chinesa também provoca fortes reações dos gigantes americanos da internet. Em respeito à liberdade de expressão, Facebook, Google e Twitter confirmaram nessa segunda-feira (6) que não responderão mais aos pedidos de informações sobre seus usuários feitos pela China ou pelas autoridades de Hong Kong.

A rede social TikTok foi mais longe e suspendeu seu aplicativo no território. A plataforma, que é popular principalmente entre os jovens, disse que a interrupção completa, decidida por causa da imposição da recente lei de segurança nacional, levará alguns dias. TikTok, que pertence ao grupo chinês ByteDance, deve informar antes seus usuários e anunciantes.

A ferramenta, famosa por seus vídeos leves e humorísticos, tinha em janeiro 800 milhões de usuários, segundo dados do DataReportal. Com frequência, ela tem que se defender de seus laços com a China, onde a sede do grupo possui um outro aplicativo, mas com outro nome. TikTok sempre negou compartilhar seus dados com as autoridades chinesas e assegurou não ter a intenção de aceitar tais pedidos.

As quatro plataformas mundiais declararam que suas equipes estão examinando de perto a nova lei controversa.

Big Brother chinês

O secretário de Estado americano, Mike Pompeo, denunciou a censura da China contra ativistas, escolas e bibliotecas de Hong Kong e chamou a resolução chinesa de "orwelliana", em uma referência ao Big Brother do livro 1984, de Georges Orwell. As autoridades do território semiautônomo chinês, um importante centro financeiro mundial, ordenaram que livros atualmente disponíveis fossem retirados para revisão de acordo com a nova lei de segurança.

O texto promulgado na semana passada criminaliza opiniões como pedidos de independência ou autonomia. Algumas livrarias de Hong Kong já anunciaram que estavam retirando títulos de ativistas pró-democracia.

"O Partido Comunista Chinês (PCC) continua a destruição de Hong Kong livre", disse Pompeo. Sob "a repressiva Lei de Segurança Nacional, as autoridades locais - em um passo orwelliano - agora estabeleceram um escritório do governo central nacional, começaram a remover livros críticos ao PCC das prateleiras, proibiram slogans políticos e exigiram que as escolas aplicassem censura", afirmou.

O chefe da diplomacia dos Estados Unidos afirmou que estão "roubando os direitos e liberdades do povo de Hong Kong". "Até agora, Hong Kong prosperou porque a liberdade de expressão e pensamento era permitida sob regras independentes da lei", declarou.

Carrie Lam ameaçadora e tranquilizadora

A chefe do executivo de Hong Kong, Carrie Lam, que é próxima de Pequim, defendeu nesta terça-feira a nova lei. Durante entrevista coletiva, ela se mostrou ao mesmo tempo ameaçadora e tranquilizadora.

Carrie Lam garantiu que o texto, que segundo ela permite o restabelecimento da estabilidade no território, será "aplicado com vigor". Ela alertou os ativistas "radicais" para que não "ultrapassarem a linha vermelha pois as consequências da violação de lei são muito graves".

A ex-colônia britânica foi devolvida à China em 1997 com a condição que liberdades individuais e coletivas fossem garantidas à população. Ao contrário do resto do país, Hong Kong tem acesso ilimitado à internet. A nova legislação aprovada pelo Parlamento chinês abre caminho para mudanças radicais e uma potencial virada autoritária.