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Netflix adia cobrança extra para quem divide senha; Brasil está na lista

Netflix vai começar a limitar compartilhamento de senhas no segundo trimestre - Getty Images
Netflix vai começar a limitar compartilhamento de senhas no segundo trimestre Imagem: Getty Images

Simone Machado

Colaboração para Tilt*, em São José do Rio Preto (SP)

20/04/2023 13h04Atualizada em 20/04/2023 13h04

A Netflix adiou a ampliação da sua política de restrição de compartilhamento de senhas com pessoas que não moram no mesmo endereço. Com prazo previsto para abril, a cobrança extra em larga escala para quem divide a própria conta será realizada dentro do próximo trimestre.

A mudança foi oficializada durante a divulgação dos resultados financeiros da empresa. Essa regra já está em vigor em países como Nova Zelândia, Espanha, Portugal e Canadá, único país em que houve um aumento no número de assinaturas após a implementação.

Por que empresa decidiu adiar

A Netflix se disse "satisfeita com o resultado" obtido pela medida de restringir o compartilhamento de senhas. Entretanto, acrescentou que registrou uma "reação de cancelamento" [pessoas deixando de assinar] em mercados onde a restrição foi lançada, o que impacta diretamente no número de assinantes no curto prazo.

"Embora isso signifique que parte do crescimento esperado de membros e benefícios de receita cairá no terceiro trimestre, e não no segundo, acreditamos que a medida resultará em uma melhoria para nossos membros e nossos negócios", disse a empresa em seu comunicado de resultados.

"O lançamento no segundo trimestre será amplo, incluindo os EUA e a maioria de nossos países", afirmou o coCEO Greg Peters na teleconferência de resultados.

Ele comparou a transição do compartilhamento pago ao aumento dos preços: "os assinantes inicialmente recusam e cancelam, depois retornam lentamente e se inscrevem em suas próprias contas."

Mesmo diante dessa questão, a Netflix adicionou 1,75 milhão de assinantes, segundo estimativas da StreetAccount.

No trimestre encerrado em 31 de março, a companhia de streaming registrou ganhos de US$ 1,31 bilhão, ou US$ 2,88 por ação, em comparação com US$ 1,6 bilhão, ou US$ 3,53 por ação, um ano antes.

A receita cresceu para US$ 8,16 bilhões, contra US$ 7,87 bilhões registrado no mesmo período do ano passado.

Investidores estão preocupados

A restrição ao compartilhamento de senhas tem preocupado investidores. No final do ano passado, a Netflix disse que começaria a implementar medidas para que as pessoas que estavam emprestando outras contas tivessem suas próprias assinaturas.

A empresa disse que mais de 100 milhões de famílias compartilham contas, ou cerca de 43% de sua base global de usuários. Isso afetou sua capacidade de investir em novos conteúdos, segundo a companhia.

Cobrança no Brasil está prevista

Greg Peters disse ainda que o programa pago para quem desejar compartilhar senhas estreará no segundo trimestre na "grande maioria" dos países onde a Netflix oferece serviço, incluindo o Brasil.

Como vai funcionar

Ns quatro mercados onde a medida já está valendo (Canadá, Nova Zelândia, Portugal e Espanha), a Netflix lançou uma opção na plataforma de "comprar um membro extra". O recurso permite que os titulares principais paguem uma taxa mensal adicional por uma subconta para até duas pessoas.

Além disso, a plataforma aumentou a qualidade do vídeo de 720p para 1080p, e permite que os assinantes assistam a dois streams ao mesmo tempo.

A Netflix acredita ainda que o Canadá é um exemplo de que isso funcionará para aumentar a receita da companhia. Após a implementação da medida, a base de membros pagos se tornou maior do que antes do lançamento do compartilhamento pago. O crescimento financeiro está mais rápido do que nos EUA, completou.

O que acontece com quem não pagar?

De acordo com a Netflix, os clientes que compartilham senhas com quem não mora no mesmo local poderão ter contas bloqueadas (após um certo período).

*Com informações The Verge, Variety, CNBC e Netflix.