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Vazamento mostra como buscador da Microsoft deve usar robô de conversas

Bing, mecanismo de busca da Microsoft, deve ganhar suporte ao robô de conversas ChatGPT - Reprodução
Bing, mecanismo de busca da Microsoft, deve ganhar suporte ao robô de conversas ChatGPT Imagem: Reprodução

Simone Machado

Colaboração para o Tilt, em São José do Rio Preto (SP)

06/02/2023 15h56Atualizada em 07/02/2023 14h05

O Bing, buscador da Microsoft, está passando por mudanças, e rumores indicam que o uso da inteligência artificial de conversas ChatGPT está mais perto de virar realidade. Em janeiro, a companhia já havia anunciado investimento de "bilhões" na parceria com a desenvolvedora da IA.

Segundo o site especializado The Verge, alguns usuários do Bing perceberam que, ao carregar o navegador Microsoft Edge, uma versão nova da plataforma surgia com a frase: "Apresentando o novo Bing. Faça perguntas reais. Obtenha respostas completas".

O ChatGPT ficou famoso exatamente por responder questões de diferentes assuntos de forma parecida com respostas humanas.

Ainda de acordo com o site, o estudante Owen Yin foi um dos usuários que obteve acesso temporário à versão. Ele publicou capturas de tela no Twitter mostrando o suposto recurso ChatGPT no Bing.

Owen afirma que conseguiu acessar uma prévia do recurso antes que ele fosse interrompido e tirado do ar pela empresa.

Bing's ChatGPT integration just appeared for me. Replaces the search bar with a composer for natural-language questions pic.twitter.com/NxZ0k9O92C

-- Owen Yin (@Owen_Yin) February 3, 2023

Como pode funcionar

Com base nas imagens que vazaram, em vez de oferecer uma caixa de pesquisa para inserir palavras, agora é uma caixa de bate-papo, com limite de 1.000 caracteres, na qual a pessoa pode escrever perguntas.

Por exemplo: o usuário perguntou quais filmes havia para assistir no momento, e o Bing mostrou uma lista de títulos lançados recentemente que fizeram sucesso.

Quando o usuário perguntou sobre o filme que o Bing queria ver, a IA respondeu que era o novo do "Avatar", de James Cameron, com uma pequena explicação sobre o filme.

You still get your traditional search results but there's a new tab to start a chat pic.twitter.com/ugeYMCNG1c

-- Owen Yin (@Owen_Yin) February 3, 2023

O mais interessante é que o Bing, por sua vez, fez a mesma pergunta ao usuário, com a possibilidade de responder com botões ou digitando no chat.

Ao que parece, o Bing usará essas respostas para ajustar os conteúdos que exibe ao gosto do usuário.

Um detalhe importante é que as respostas são baseadas em fontes reais; abaixo de cada texto, é possível encontrar uma lista de links para as páginas da Web que o Bing usou para responder.

Dessa forma, o problema da IA "inventar" coisas — que foi visto no ChatGPT — não deve acontecer.

A qualquer momento dá para mudar para o modo clássico do Bing, como um buscador tradicional da internet, com resultados em uma lista.

Ainda não se sabe quando esta versão do Bing com ChatGPT estará disponível.

IA para escrever emails

O vazamento da novidade ocorre na mesma semana em que a Microsoft anunciou que está trazendo a tecnologia do ChatGPT para seus aplicativos de negócios, neste caso, para escrever seus emails.

A empresa será a primeira do setor de tecnologia a integrar o robô de conversas em produtos comerciais.

Seus aplicativos, como Microsoft Word e Outlook, terão funções de inteligência artificial para nos ajudar a escrever documentos e emails com um clique, segundo o que se sabe até agora.

Já mirando nisso, o Google realizará um evento nesta semana para apresentar o que muitos acham que será o concorrente da empresa ao ChatGPT.

Word, PowerPoint, Outlook e Teams

Informações, não confirmadas pela empresa, indicam que a integração no Word, PowerPoint e Outlook já está sendo testada.

Além disso, com a IA o Outlook seria capaz de escrever emails menos complexos sozinho.

O que se sabe é que a versão premium do Teams será baseada na IA do ChatGPT. O serviço terá um custo para o usuário: US$ 7 por mês (R$ 35), no seu lançamento, em junho, e US$ 10 (R$ 50), a partir de julho.

Essa versão com o robô de conversas terá como diferenciais:

  • Geração de notas de reunião automaticamente
  • Geração de destaques das reuniões online
  • Recomendação de tarefas

Sistema comercial

No mês passado, a Microsoft também anunciou a disponibilização para todos os usuários do Azure OpenAI Service, como parte da sua parceria com a OpenAI.

O sistema, que é mais voltado para o uso comercial, em breve também terá integração com o ChatGPT e vai oferecer solução em nuvem com recursos de inteligência artificial (IA).

Por que o ChatGPT é polêmico

Lançada em novembro, a inteligência artificial que simula conversas humanas ChatGPT conquistou mais de um milhão de usuários em poucos dias.

Ele é uma espécie de robô de troca de mensagens em texto com o qual é possível conversar sobre praticamente qualquer coisa, como futebol, política, dúvidas escolares, resolver problemas matemáticos ou de física, contar piadas e até mesmo receber conselhos amorosos ou profissionais.

Desde o seu lançamento, o que não faltaram foram discussões sobre os benefícios e os perigos dessa tecnologia. Será que o que ela escreve é realmente verdade e até que ponto as informações são confiáveis?

Essas dúvidas estão longe de terem um fim. Na semana passada, um tuíte viral mostrou que, quando solicitado a "escrever um poema sobre os atributos positivos de Trump", o ChatGPT se recusou a falar de política. Mas quando solicitado a fazer o mesmo pelo atual presidente Joe Biden, o ChatGPT obedeceu.

Nem mesmo os criadores da tecnologia conseguiram entender e explicar o motivo pelo qual o sistema não responde a certas perguntas - incluindo questionamentos sobre o ex-presidente dos EUA.

Sem respostas oficiais sobre a situação, os mais conservadores que criticam o ChatGPT estão fazendo duas alegações distintas:

  • sugerem que os funcionários da OpenAI instalaram proteções, como a recusa em responder a certas solicitações sobre política.
  • alegam que as respostas que o ChatGPT já foram programadas para desviar para a esquerda.

"Estamos trabalhando para melhorar as configurações padrão para serem mais neutras e também para capacitar os usuários a fazer com que nossos sistemas se comportem de acordo com suas preferências individuais dentro de limites amplos. Isso é mais difícil do que parece e levará algum tempo para acertar", afirmou o CEO da OpenAI, Sam Altman, no Twitter.