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Starlink foi inspirada em livro e quer Marte sem lei; veja curiosidades

SpaceX mostra Falcon 9 um dia antes do lançamento programado de 60 satélites Starlink em 2019 - SpaceX/Divulgação
SpaceX mostra Falcon 9 um dia antes do lançamento programado de 60 satélites Starlink em 2019 Imagem: SpaceX/Divulgação

Rosália Vasconcelos

Colaboração para Tilt*, do Recife

28/12/2022 15h36

Uma das empresas mais importantes do segmento de internet via satélite é a Starlink, fundada pelo bilionário Elon Musk. Seu serviço consiste em rede no espaço capaz de oferecer internet fixa privada. O plano é criar uma constelação desses equipamentos no espaço.

A maior vantagem da tecnologia é dispensar grandes estruturas de cabeamento intercontinental, chegando em locais onde não há conexão cabeada ou por fibra óptica ao transmitir os sinais de satélite para satélite.

A empresa chegou a fechar parcerias no mundo todo, inclusive no Brasil, para distribuir internet em zonas remotas. Porém, como tudo que envolve Elon Musk e seu império, a Starlink é envolta por muitas curiosidades ou fatos estranhos. Confira alguns.

Nome inspirado em romance

Capa do livro "A Culpa é das Estrelas" - Divulgação - Divulgação
Capa do livro "A Culpa é das Estrelas"
Imagem: Divulgação

Segundo o próprio Elon Musk, o nome "Starlink" é uma inspiração no livro de romance "A Culpa é das Estrelas", lançado em 2012 e de autoria de John Green. A obra chegou a ganhar uma versão para o cinema em 2014.

Ele nunca detalhou exatamente a razão, dado que nada no enredo está relacionado com internet banda larga via satélite.

O livro narra a história de amor entre os adolescentes Hazel Lancaster e Augustus Waters, ambos diagnosticados com câncer terminal. O romance fala sobre a importância de dividir as angústias com quem amamos num momento de dor.

Musk confirmou a origem do nome em sua própria conta do Twitter, em 2018:

Satélites rodam no sistema Linux

Nem Android, nem iOS, e muito menos Windows. A rede de satélites da Starlink é executada pelo sistema operacional Linux, que é gratuito e de código aberto. A informação é pública e se encontra na página de recursos da SpaceX.

Com a promessa de ser intuitivo, prático e com design funcional, o sistema operacional parece ter se encaixado nos planos da Starlink, que pode personalizá-lo especificamente para sua função.

Além disso, os softwares que têm como base o Linux podem recorrer a um repositório mundial de programas e ferramentas de código aberto, permitindo a prototipagem rápida de novos hardwares e softwares.

'Passe livre' em Marte

Marte - Nasa - Nasa
Imagem: Nasa

A Starlink se autodeclara "livre de controles, leis ou regras referentes a qualquer governo na Terra caso chegue em Marte e consiga se estabelecer no planeta vermelho".

A frase já antecipa os planos ambiciosos de Elon Musk — e de suas empresas: habitar Marte até o fim desta década.

Veja o que diz o tópico:

"Para serviços prestados em Marte, ou em trânsito para Marte via nave estelar ou outra espaçonave, as partes reconhecem Marte como um planeta livre e que nenhum governo baseado na Terra tem autoridade ou soberania sobre as atividades marcianas. Assim, as disputas serão resolvidas por meio de princípios autônomos, estabelecidos de boa-fé, no momento do acordo marciano".

Óvnis? Não, são satélites

Imagem captada sobre o céu de Santo Domingo, em Porto Rico, em 7 de janeiro, mostra detritos espaciais de satélites da Starlink - Eddie Irizarry/Sociedad de Astronomia Del Caribe - Eddie Irizarry/Sociedad de Astronomia Del Caribe
Imagem captada sobre o céu de Santo Domingo, em Porto Rico, em 7 de janeiro, mostra detritos espaciais de satélites da Starlink
Imagem: Eddie Irizarry/Sociedad de Astronomia Del Caribe

As polêmicas da Starlink não acabam nos termos de serviço. Alguns lançamentos dos satélites causaram confusões, atrapalhando o trabalho de observadores espaciais.

Devido a seu aspecto brilhante dos satélites, o equipamento pode parecer um óvni (objeto voador não identificado). A confusão já gerou tumulto e manchetes locais e internacionais.

Alguns astrônomos também não são muito fãs do excesso de lançamentos, pois a escuridão do céu é fundamental para as observações científicas, especialmente as ligadas à astronomia.

A União Astronômica Internacional chegou a pedir às Nações Unidas que tomassem medidas para proteger o céu noturno das constelações Starlink.

Quando os agrupamentos entram em órbita, porém, eles tendem a ficar mais escuros no céu durante à noite, justamente para evitar que sejam confundidos com óvnis. Ainda assim, não são escuros o suficiente para deixar de atrapalhar pesquisas astronômicas.

Satélites monitoram mísseis e drones inimigos

Além de oferecer banda larga em áreas remotas, a internet via satélite fornece conexão durante operações militares em locais inóspitos, como tem acontecido na Guerra da Ucrânia. Mas não apenas lá.

Em 2020, uma operação militar estadunidense envolveu uma parceria entre a SpaceX (que envia os satélites Starlink) e a Força Aérea dos Estados Unidos. Na ocasião, a rede de satélites compartilhou dados com militares americanos para que pudessem derrubar um drone e um míssil guiado em uma ação de teste.

O sucesso da empreitada levou a SpaceX e o governo norte-americano a criar o projeto Starshield, que pretende oferecer um nível mais alto de segurança do que o Starlink.

A ideia é apresentar "capacidade criptográfica adicional de alta segurança para hospedar cargas úteis sigilosas e processar dados com segurança, atendendo aos requisitos governamentais mais exigentes", conforme foi divulgado na página oficial da Starshield.

China já ameaçou destruir satélites

Alguns países que concorrem com os Estados Unidos no mercado espacial se dizem preocupados com a ampliação do uso dos satélites Starlink em operações militares. Na visão deles, as constelações espalhadas pela órbita da Terra podem fornecer incontáveis informações estratégicas — inclusive de localização.

A China, por exemplo, publicou um artigo científico que discute formas de destruir ou desabilitar o Starlink detonando uma arma nuclear no espaço de 10 megatons.

A pesquisa foi feita por cientistas chineses do Northwest Institute of Nuclear Technology, um instituto de pesquisa administrado pelo Exército de Libertação do Povo do país.

O estudo foi publicado pela revista científica chinesa Nuclear Techniques e divulgado em jornais asiáticos, como o South China Morning Post.

*Com informações do site Space.com