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Seu filho usa celular? Siga recomendações da OMS sobre exposição a telas

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Imagem: Getty Images

Carina Brito

Colaboração para Tilt

12/10/2020 04h00

As crianças têm acesso a aparelhos eletrônicos, como celular, tablet, computador e televisão, cada vez mais cedo. Com isso, acabam gastando uma boa parte de seu dia em frente a uma tela, o que pode causar sérios problemas e até fazer mudanças em seus cérebros. Essa exposição cresceu no isolamento social para se proteger do covid-19.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) lançou no ano passado um manual em que diz qual é o tempo máximo em que crianças podem ficar em frente às telas de dispositivos eletrônicos. Segundo a instituição, as telas em excesso levam à inatividade física, que por sua vez podem aumentar a obesidade infantil e prejudicar o desenvolvimento cognitivo.

A primeira recomendação é que crianças de até dois anos não devem ser expostas a telas nem de maneira passiva, ou seja, mesmo que não haja uma interação (como no caso de um joguinho). Não é nem recomendado que o adulto fique com o celular na mão enquanto a criança estiver no colo olhando para o aparelho.

Já crianças com idades entre dois e cinco anos podem até olhar a tela, desde que seja por até uma hora por dia. A recomendação da organização é que os cuidadores usem o tempo livre lendo ou contando histórias para os pequenos.

A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) também lançou um guia em que reitera as informações da OMS e acrescenta mais restrições. Segundo a SBP, crianças com idades entre seis e dez anos podem ficar em frente às telas no máximo entre uma e duas horas por dia —sempre com supervisão de pais e responsáveis para saber o conteúdo que as crianças estão consumindo.

Enquanto isso, adolescentes com idades entre 11 e 18 anos podem ficar na frente de uma tela por duas a três horas por dia. E atenção: eles nunca devem "virar a noite" jogando videogame ou no celular.

Ainda existem riscos

A pediatra Lílian Cristina Moreira, membro da Sociedade Brasileira de Pediatria, explica que, mesmo com as restrições, as crianças não estão totalmente livres de risco. "Esse é um tempo limite suportável de tela, mas o ideal é que seja um pouco menos do que isso", afirma. A profissional ainda acrescenta que, quanto menor a idade, maior é o prejuízo com a exposição à tela.

Isso porque, segundo a pediatra, é como se o tempo da criança de experimentar coisas no mundo real estivesse sendo roubado pelo digital. "Essas experiências do dia a dia são fundamentais para que a criança se desenvolva neurologicamente, interagindo com outras pessoas e objetos reais", diz Moreira.

Caso esse limite de tempo em frente à tela seja ultrapassado, as consequências podem ser graves. Segundo a médica, podem causar miopia grave e precoce, o que é um grande problema porque aumenta os riscos de um descolamento de retina no futuro. A condição pode até levar a uma perda parcial ou total da visão. A luz da tela também é um grande estimulante que pode fazer com que as crianças tenham transtorno do sono e hiperatividade.

E, apesar de todos os aparelhos eletrônicos causarem danos com suas telas, alguns são menos nocivos do que outros. Por exemplo, uma TV é menos prejudicial para a visão do que um celular ou um tablet. "A criança fica mais longe da televisão, o que diminui um pouco o problema da miopia", diz Moreira.

Mas agora, com a pandemia, muitas crianças e adolescentes estão usando as telas para estudar e ter contato social com os amigos que não podem ver —e isso também deve ser levado em conta, segundo a profissional. "Esses são usos que podem ser agregadores de valor. Mas o uso de tela para entretenimento sempre deve ter um limite."

Em caso de excesso, alguns aplicativos gratuitos podem até ajudar a moderar o tempo de uso de dispositivos eletrônicos pelas crianças.