5G DSS x 4G: testamos a nova internet móvel para saber o quanto é veloz
O 5G chegou ao Brasil em julho —ou quase isso. Na verdade, as operadoras Claro e Vivo lançaram redes com DSS (Compartilhamento Dinâmico de Espectro, da sigla em inglês), um tipo de transição para a quinta geração da internet móvel. Mas, na prática, qual é o impacto dessa tecnologia que não é o 5G real, mas promete ser quase isso?
Como tivemos em mãos o primeiro aparelho compatível com a rede lançado no Brasil —o Motorola Edge (não a sua versão Edge+, que não aceita DSS) — fomos a alguns pontos de São Paulo em que a Claro fornece a nova conexão para testá-la.
É bom reforçar que a tecnologia DSS é um primeiro passo para o 5G comercial no Brasil, mas não se pode considerar este serviço ainda a versão "definitiva" do 5G, cuja operação das faixas usadas depende de leilão da Anatel (Agência Nacional das Telecomunicações). Em parceria com a empresa de telecomunicações Ericsson, a Claro fez o compartilhamento das frequências que já funcionam por aqui para entregar uma internet, segundo ela, até 12 vezes mais rápida que o 4G tradicional.
O teste
No nosso teste, utilizamos um chip da Claro para acessar o 5G DSS, enquanto a conexão 4G foi por meio de um chip da TIM, que segundo a empresa de análise de telefonia OpenSignal, tem seus prós e contras: em julho, registrou a terceira colocação em download e upload de dados, mas tinha a melhor disponibilidade e cobertura dentre as quatro grandes telefônicas (Claro, Oi e Vivo como rivais).
Para medir a velocidade de conexão, usamos o aplicativo Speedtest, que calcula as taxas de Mbps para download e upload alcançadas pela internet do smartphone. Os dois celulares com as respectivas conexões eram ativados no app ao mesmo tempo. O resultado é que obtivemos velocidades de download mais de quatro vezes mais rápidas do que as registradas em um smartphone conectado ao 4G. A melhor marca atingida pelo 5G DSS foi um download de 128 Mbps (Megabits por segundo); no mesmo intervalo de tempo, o 4G registrou 26,5 Mbps.
O teste foi repetido sete vezes em pontos distintos da região dos Jardins, localizada na zona oeste de São Paulo, onde a rede está acessível. Na média, o 5G DSS registrou velocidade de 93 Mbps, contra 35 Mbps do 4G. Além da medição por meio do Speedtest, experimentamos quanto tempo levava para realizar o download de um episódio de série no aplicativo Netflix, com 21 minutos de duração.
Com o 5G DSS, o tempo necessário para baixar o episódio na primeira tentativa foi de 13 segundos; no 4G, foram 47 —uma diferença de 72%. No segundo teste, levou 18s, e o 4G, 39s (diferença de 53%).
Um uso mais "normal" da tecnologia não foi possível pelas limitações de movimentação causadas pela pandemia do novo coronavírus e da área de cobertura inicial pela Claro —não deu para acessar o 5G DSS de casa. Ainda assim, a navegação por sites impressionou.
Ao abrir a página inicial do UOL e clicar nas chamadas das notícias, o carregamento de todo o conteúdo foi praticamente instantâneo.
Sob condições ideais de temperatura e pressão
Também pudemos testar a tecnologia em um ambiente quase de laboratório, dentro da sede da Claro em São Paulo. Usando o mesmo aparelho que atingiu 128 Mbps de download na rua, obtivemos 320 Mbps de velocidade no 5G DSS.
No espaço, a empresa disponibilizava uma antena exclusiva local, compartilhada por pouquíssimos usuários. Segundo Celso Birraque, diretor de redes e acessos móveis da Claro, a tendência é que as velocidades melhorem tanto para quem está usando a nova rede quanto para quem ainda está no 4G.
"É provável que o usuário do 4G sinta uma melhora. Antes ele estava dividindo aquele espectro com quem tinha aparelho 4G e transmitia e recebia na mesma velocidade que ele. Quando ele tiver ao lado dele alguém com 5G, que vai usar e desocupar mais rapidamente essa rede, esse usuário do 4G passa a ter mais recursos disponíveis para si", afirmou.
Também pudemos pegar um gostinho do que será o 5G oferecido pelas frequências que serão licitadas no ano que vem. Novamente, em condição de "laboratório" dentro da Claro, rodamos os mesmos testes em uma rede de frequências mais altas, com resultados significativos.
Enquanto o celular conectado ao 5G DSS "comum" registrou 333 Mbps de download no local, o que acessava a rede DSS "turbinada" com as altas frequências atingiu uma velocidade mais de três vezes maior: 1,1 Gbps.
Para medir essa diferença na prática, outro experimento foi feito: o download de "Call of Duty Mobile", jogo que ocupa mais de 2 GB no armazenamento do celular. No smartphone ligado à rede de frequências mais altas, o download completo levou um minuto e dois segundos, enquanto o que usava o 5G DSS levou o mesmo tempo para chegar a 75% do arquivo e estagnar na sequência.
O "gostinho" do 5G que virá com o leilão das frequências é um termômetro do que esperar dos próximos passos da quinta geração de telefonia móvel no Brasil, que deve chegar pronta para substituir a banda larga —ao menos quando o assunto é velocidade.
Só que não é somente aumento de velocidade. O verdadeiro 5G será usado em um monte de coisas novas: internet das coisas, modernização da indústria, big data (análise de grande volume de dados) e outras mais.
O que falta no DSS é principalmente a baixa latência do 5G real —isto é, o tempo de reação entre o dado ser enviado para a rede e voltar ao aparelho. Isso é essencial, por exemplo, para objetos conectados, como carros autônomos, respondam aos comandos da rede de forma imediata. As faixas de frequências do 5G real ainda serão leiloadas pela Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) no ano que vem.
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