Como seria se... um asteroide como o que matou os dinossauros caísse hoje?
Você já deve ter ouvido a expressão "vem, meteoro", seguida de algum discurso dizendo coisas como "a humanidade não deu certo" etc. A referência, claro, é a extinção dos dinossauros. Agora vamos supor que uma "pedrinha" dessas acertasse a Terra hoje. O que será que aconteceria? Estaríamos com os nossos dias contados ou a humanidade sobreviveria?
Bem, meteoros atingem a terra diariamente. Meteoro é o nome dado para corpos celestes que adentram a atmosfera terrestre, mas não chegam a colidir com o solo. Já meteoritos são os restos dos corpos que, de fato, atingem o solo. Esses restos podem ser de meteoroides —corpos menores que vagam pelo espaço— ou asteroides, esses sim mais parrudos, com órbitas definidas e potencial para causar belos estragos.
Então se a sua ideia é torcer para extinção da raça humana, comece a falar "vem, asteroide".
Termos técnicos à parte, é sabido que há cerca de 65 milhões de anos um desses pedregulhos entrou na atmosfera do nosso planeta, para azar dos répteis gigantes. O diâmetro desse asteroide ficava entre 10 e 12 km —entre 83 e 100 campos de futebol, para termos uma referência.
Já a sua velocidade era assustadora: estima-se que ele atingiu o solo a cerca de 20 km/s, ou 72 mil km/h, o suficiente para fazer o trajeto entre São Paulo e Rio de Janeiro em pouco mais de 22 segundos. O impacto foi na região do atual Golfo do México.
Um dia nada agradável
Com a colisão, esse asteroide deu início a uma sucessão de eventos catastróficos tsunami com ondas de 4,6 km de altura na região do impacto, que chegaram à costa com algo entre 100 e 200 metros de altura, terremotos e por aí vai. Estima-se que tudo que estava em um raio de 5 mil km do ponto de impacto morreu instantaneamente.
Uma enorme nuvem de detritos foi ejetada em alta velocidade e, uma vez que voltou à atmosfera, o atrito com o ar esquentou essas partículas. Isso resultou em um "tsunami" de poeira extremamente quente, com fragmentos incandescentes, e também recheada de descargas elétricas, que percorreu o planeta gerando um aumento súbito da temperatura por onde passou. Há estimativas que alguns lugares chegaram aos 150º C.
Quem não morreu cozido não teve tanta sorte assim. Uma vez que esfriou, essa nuvem de poeira fez a temperatura no planeta despencar dezenas de graus Celsius por vários anos, uma vez que os raios solares eram bloqueados. E a coisa piora: dadas as características de onde o meteorito atingiu a superfície, a nuvem que cobriu o planeta era rica em enxofre. O resultado disso: anos e mais anos de chuvas ácidas.
Como seria hoje?
Ainda que seja possível encontrar vídeos que simulam como seria uma catástrofe do tipo hoje em dia, não é preciso se valer de nenhuma superprodução para termos certeza de uma coisa: daria muito ruim.
Um asteroide do tamanho que acertou a Terra na época dos dinossauros poderia matar humanos de três formas: com o impacto (tudo depende, claro, de onde ele cair, considerando que mais de 70% da superfície do planeta é coberta de água), com o aumento súbito de temperatura e com o consequente bloqueio da luz solar, o que inviabilizaria atividades como a agricultura tradicional.
Não é muito provável, porém, que toda a espécie humana fosse extinta. Primeiro: objetos com potencial de causar estragos em escala global —com pelo menos um quilômetro de diâmetro— têm suas órbitas monitoradas. Isso permitiria agir com antecedência tanto para determinar onde o objeto cairia quanto para planejar possíveis ações preventivas, ou que pudesse mitigar os efeitos de um desastre do tipo.
Mas, considerando um evento desta natureza e suas consequências, é bastante seguro afirmar que ele seria suficiente para acabar com a civilização e o modo de vida como conhecemos.
Morte súbita
Há, contudo, uma situação na qual a maior parte das formas de vida do planeta acabaria extinta: os chamados impactos esterilizantes.
Isso ocorreria, por exemplo, com objetos massivos, com algo em torno de 500 km de diâmetro. Algo dessa proporção seria capaz de tornar o planeta inabitável em questão de horas, uma vez que os dejetos decorrentes do impacto causariam uma enorme tempestade de fogo que envolveria o planeta rapidamente.
Impossível sobreviver? Não necessariamente, mas as chances seriam bem baixas.
Vem sempre aqui?
Felizmente, a taxa de queda de objetos do tipo não é alta.
Enquanto milhares de objetos de poucos centímetros entram diariamente na nossa atmosfera, objetos com algumas centenas de metros de diâmetro capazes de causar danos significativos costumam atingir a superfície a cada 2 mil anos.
Já um com potencial de causar um evento de extinção pode ocorrer a cada 50 ou 60 milhões de anos. Como o único impacto do tipo comprovado foi o da transição do período Cretáceo para o Paleógeno, esse intervalo de tempo está em constante atualização.
Fonte: Roberto D. Dias da Costa, professor do Departamento de Astronomia do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo
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