Robô e realidade aumentada: Rosas de Ouro levará tecnologia para o Carnaval
Sem tempo, irmão
- Escola quer falar sobre efeitos da quarta revolução industrial na sociedade
- No enredo, robô sambista é amigo de criança que será trocado por novas invenções
- Rosas de Ouro usará app com realidade aumentada, robô baterista e chips em fantasias
Um robô que samba melhor do que muita gente é uma das apostas da Rosas de Ouro para ser a vencedora do Carnaval 2020 de São Paulo. Com o enredo "Tempos Modernos", a escola quer falar sobre os efeitos de uma quarta revolução industrial, também conhecida como Indústria 4.0.
Na história contada pelo enredo, o robô sambista (chamado de ROXP4) é o grande amigo de uma criança, mas acaba sendo trocado por novas invenções. A máquina então encontra um livro chamado "Tempos Modernos", que fala sobre a relação do homem com a tecnologia.
Segundo o carnavalesco da Rosas de Ouro, André Machado, o Carnaval será dividido em duas partes: a que estará na avenida para todo mundo ver e a experiência digital dentro do aplicativo "Carnaval 4.0". "Ela não será usada para interferir, mas para incorporar e explorar", afirma Machado, que está comandando o seu quarto carnaval na escola.
Com isso, o usuário que baixar o aplicativo pode colocar o robô para sambar em qualquer lugar com a ajuda da realidade aumentada. O folião pode ainda gravar um vídeo do seu desempenho no samba recebendo incentivos do ROXP4 e compartilhar nas redes sociais.
No desfile, o robô estará presente de várias formas: primeiro na comissão de frente com uma escultura, e com um dos membros da escola fantasiado de ROXP4. Já no último carro alegórico, 50 crianças estarão com fantasias representando o robô.
Tecnologia dá muito samba
Apesar de o enredo tecnológico ser para o Carnaval de 2020, a história começou ainda em 2016, quando estudantes do Grupo de Automação Elétrica em Sistemas Industriais (Gaesi) da Universidade de São Paulo (USP), Centro Universitário FEI e Instituto Mauá de Tecnologia escreveram o livro "Automação & Sociedade: Quarta Revolução Industrial, um olhar para o Brasil".
Segundo Élcio Brito, sócio da SPI Integração de Sistemas e líder do comitê de gestão do projeto Carnaval 4.0, o livro tinha o objetivo de explicar para os brasileiros qual seria o verdadeiro impacto da quarta revolução industrial na nossa sociedade —mas eles não tiveram o alcance que pretendiam. Então perceberam que era hora de escolher um outro método para divulgar a ideia ao público: o Carnaval.
"Por sorte, no grupo tinha uma pessoa que trabalhava na Mercedes-Benz e contou que a empresa era uma parceira da Rosas de Ouro e poderia nos apresentar para ver se ela toparia esse enredo", afirma Brito. E a escola topou.
Além do robô
A escola terá muitas outras inovações para mostrar no Sambódromo do Anhembi. Uma das alas terá uma pessoa desfilando com uma prótese inteligente impressa em 3D. O objetivo é mostrar que já existe tecnologia acessível para melhorar a qualidade de vida de pessoas que sofreram amputação nos membros superiores.
As fantasias também terão chips para saber o momento exato em que o componente entrou e saiu na avenida para conseguir cronometrar o tempo, sabendo se a pessoa precisa acelerar ou diminuir o passo. Isso é muito importante para a evolução do desfile, já que, caso a escola de samba ultrapasse o tempo máximo, ela tem um decréscimo de pontos no final.
O rastreamento nas fantasias também tem um papel sustentável, mostrando a pegada de carbono gasta em cada uma delas para ver como diminuir os impactos no meio ambiente causados na produção. O controle também será feito após o desfile, para ver se as fantasias foram descartadas corretamente.
Além disso, a escola terá um "robô baterista" com a função de acompanhar os ritmistas durante o desfile, repondo itens que podem quebrar, como as baquetas que eles usam para tocar nos instrumentos.
Brito revela que uma das surpresas no desfile estará no carro alegórico dos Jetsons, e que só poderá ser visto pelo celular —mas ele não revela exatamente qual é o easter egg para surpreender no Carnaval.
Aguenta coração
Apesar de estar animado com o projeto, Machado não concordou quando ouviu sobre a ideia de falar de tecnologia pela primeira vez.
As escolas de samba costumam fazer enredos folclóricos e históricos, que sejam uma homenagem a alguém. Eu pensava que falar de tecnologia era um tema frio. Visualmente poderia ser bonito, mas não traria empatia do público
Ainda assim, ele decidiu aceitar o desafio, acreditando que vai ser possível trazer essa empatia justamente com o robô que promete emocionar os foliões.
"Nós, humanos, só queremos confraternizar no virtual. Em uma mesa, todos estão com os celulares na mão sem contar para o outro do próprio dia ou dos seus problemas", diz o carnavalesco. "No nosso enredo, é justamente a máquina que está procurando em um livro as maneiras de lidar com a tecnologia — sendo que deveriam ser os homens".
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